Capítulo 45 - Neve

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  De costas para os corpos inimigos rasgava e amassava os copinhos pequenos feitos de uma material fraco, o ar quente parecia estar diminuindo, ou então eu já tinha me acostumado com o ar quente de mais.

   Jogo o ultimo pedacinho do material que fazia o copo no chão juntando na pilha dos outros, levanto o dedo indicador onde estava o anel que Christian me dera, passo o dedo por cima o acariciando, como se aquilo fosse fazer Christian sentir que eu estava bem, tinha que encontra-lo logo, penso na possibilidade de ele encontrar primeiro com o outros vencedores, eles os acolheriam, o deixaria de lado, ou então o mataria. Me pergunto se Lidja e Spencer estaria lá também, uma parte de mim dizia que sim, mas a outra parte era um pouco mais confusa, como se quisesse me fazer acreditar que eles já estariam mortos.

   Sam se move lentamente trocando do lado em que dormia, com um expressão tranquila como se seu subconsciente não a fizesse perceber onde estava, Maxim agita seu corpo em uma forma de susto, e então se levanta ofegante e assustado, ele olha para mim que o observava sem nenhuma expressão, percebe também os corpos atrás de mim, a garota de cabelos avermelhados e então enruga a testa.

       —Nara eu...

       —Não. – O corto. – Não precisa dizer nada. – Nego com a cabeça.

       —Eu não queria...

       -Tudo bem Maxim .- O corto mais uma vez. Ele morde os lábios se levantando, e talvez se sentindo culpado ao ver Sam no chão. – Daqui a pouco ela acorda. – Comento tentando manter meu melhor tom amigável como se não tivesse matado cinco pessoas a algumas horas atrás.

       —Deveria ter te escutado. – Ele disse de costas para mim. – Deveria ter poupado que isso acontecesse.

       —Não se culpe.

       —Poderíamos estar mortos. – Fala ignorando meu concelho.

       —Mas não estamos.

       —Mas poderíamos estar por culpa minha! – Ele se irrita virando para mim, respiro fundo sabendo exatamente o que ele estaria sentindo se algo do tipo tivesse acontecido com ele assim como aconteceu comigo e ele nem sabia.

       —Acha mesmo que eu vou morrer aqui? – Pergunto erguendo o queixo para olha-lo melhor. – Isso não vai acontecer comigo, e nem com nenhum de nós. – Só se eu quisesse que isso acontecesse, penso, estava confiante o suficiente para lidar com o que a Arena quisesse que nós enfrentássemos, para sair dela e enfrentar o que tinha fora dela. – Não confie em todo mundo Maxim, se não será fácil te enganar.

   Ele das alguns passos passando as mãos pela boca e então concorda com a cabeça indicando que tinha aprendido uma lição, o observo dos pés a cabeça, sua expressão e seu andado preocupado eram visíveis demais, os sentimentos muito transparentes dependendo e isso acabava atrapalhando todo o seu jogo. Era como se todos nós da equipe já tivessem entendido que não pode vencer nada com apenas bondade, e que já tivessem passado pelo lado mais sombrio da vida, mas Maxim não, então muitas vezes agia diferentes de nós. Eu mesma já tinha passado por ele lado sombrio, ou então ainda estava nele, não importava, estaria com Maxim e farei o que puder para ajuda-lo a passar por isso.

   Ele ficou ainda alguns minutos andando de um lado para o outro com a testa enrugada, Sam acordou logo depois com os olhos arregalados, quando nota os corpos atrás de mim tampa a boca se assustando.

   Horas se passaram, ando pelo arredor por alguns longos minutos e depois cansada o suficiente me deito próximo a borda onde conseguia ver o céu amarelado mais que ainda tinha a proteção da sombra grande. O ar estava ficando mais leve, ainda deitada na borda, poderia jurar ter sentindo um brisa fresca, dessa vez não era só minha imaginação.

   Com uma perna dobrada a outra esticada braços abertos e olhos sem nenhum foco especifico mirava para cima, minha mente sem querer me levou para o passado.

Com um barulho agudo e incômodo machucando meus ouvidos, acordo daquele sono turbulento. Sento na cama com os olhos embaçados e tampando o ouvido, vejo então que não sou a única a fazer isso. As pessoas estavam se acordando no susto e tampando o ouvido por causa do barulho. Ouço alguém gritar um palavrão e em pouco tempo Herda E Jowey aparecem vestidos de cinza e vermelho.

-Vão para a salão principal, agora!- Jowey grita acima do som.

   Consigo ressentir os sentimentos que tinha tido no momento em que acordei sabendo que o jogo começaria, eu não sabia que sobreviveria, estava apavorada, com medo de morrer, com medo de precisar matar.

Não conseguindo me conter, grito enquanto corto o ar com o meu peso, o vento era forte de mais dificultando que conseguisse abrir o olhos e me fazendo rodopiar algumas vezes, mas mesmo assim conseguia ver outras pessoas caindo igual a mim de outros Helicópteros.

   Esse pensamento foi tão forte, que consegui sentir o vento me acertando fortemente, inspiro fundo e solto o ar pela boca, como se o ar frio que sentia enquanto caia estivesse em volta de mim.

Posiciono a arma afrente do corpo, fecho um olho conseguindo ter a mira exata do alvo, a ponta dos meus dedos estavam brancas de tanta força que fazia ao segurar o objeto, podia escutar o som pesado na minha respiração ofegante, respiro fundo e em seguida solto o ar soltando junto a bala que em segundos acerta o alvo fazendo o cair e descer rolando sem vida.

Meus olhos embaçam quando percebo que acabará de fazer, tinha me tornado uma assassina.

   Fico serio de repente, um sentimento sombrio e de confusão me invadem, travo o maxilar e pisco os olhos lembrando de onde estava.

"Eu não hesitei" Penso. Apertos minhas mãos fechando os punhos, eu não hesitei quando vi aquele pequeno grupo na minha primeira Arena, eles não tinham feito nada contra mim, mas mesmo assim, os atingi sem que soubesse onde eu estava, como uma covarde. Mas se estava com tanto medo assim, por que simplesmente não continuei correndo? ainda assim eles estariam mortos mas não por mim, tento forçar a lembrar o que eu estava pensando quando simplesmente decidi o que faria. "Eu não Hesitei"

   Meus olhos se viram para a direita quando percebo pequenas silhuetas se movendo no ar, algo branco e pequeno, a quantidade foi aumentando e mais daqueles foram aparecendo, um vento um pouco forte me acerta trazendo junto aqueles pequenas bolinhas brancas, brancas e pequenas como... Como a Neve! 

   Me levanto passando para o lado de fora surpresa com o que via.

       —Nara. – Maxim chama correndo até mim. – O que... – Suas falas são interrompidas quando me viro para ele que finalmente nota o que estava acontecendo.

       —Neve. – Falo com um meio sorriso. Nunca tinha visto a Neve, uma vez tinha lido sobre ela em um livro infantil e gasto que meu pai trouxe para mim no meu aniversario de sete anos. Lembro que enquanto lia passava os dedos pelas paginas por cima do desenho da neve imaginando como seria a textura ao ser tocada.

   Estendo as mãos em forma de conchinhas deixando que as pequeninas bolinhas de neve brancas caíssem sobre minha mãos, que ainda estando um pouco quente as fez se dissolverem. A neve então foi ficando mais grossa e começou a cair em maior quantidade, o chão logo ficou branco e escorregadio, me abaixo mergulhando minha mão sobre a Neve, sinto meu corpo ficando mais fresco, conseguia sentir em minha cabeça a neve se dissolvendo as poucos, minha pele alguns segundos depois começou a se arrepiar ao sentir o contato da Neve.

   Me levanto, afrente de nós estava ficando cada vez mais difícil enxergar a alguns metros, suspiro sabendo que logo aquela Neve branquinha que eu sonhava em conhecer quando pequena, não ficaria por muito tempo nos agradando e refrescando, se fosse assim como o calor, logo se tornaria algo em que precisaríamos enfrentar além de uns as outros.

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