Cansado do Presente

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o ritmo vai mudar um pouco...🤫

• 🌪️ •

Uma Semana Depois

Gerard sabia que chorar não era um sinal de fraqueza; muito pelo contrário, era uma forma de demonstrar o que lhe consumia por dentro e o abatia por fora; era um escape. E mesmo assim, sentia-se minúsculo em sua própria dor; como uma criança perdida em um shopping no centro de uma grande cidade.

Sua cama podia ser macia, e seu teto podia ser quente, o barulho sereno do oceano à distância podia inundar sua mente da forma mais graciosa possível e ainda sim, tudo o que sentiria era medo; medo do que seria de si, do que não mais veria, do que viveria; medo de existir.

Não que estivesse isento de temer o futuro antes, ao contrário, sempre temeu, mas agora, bem, agora tudo era absurdamente e literalmente desconhecido. Não havia uma única base científica que explicasse aquele fenômeno, não havia uma única alma na Terra (ou Terras) que cogitasse a existência de um lugar como aquele.

Uma semana havia se passado, e lágrimas salgadas não desciam de seus olhos em vão. Gerard estava se sentindo terrivelmente solitário. E não importava quantas vezes pensasse que todo aquele sofrimento havia servido um propósito, sempre chegava a mesma conclusão: o mundo lá fora estaria muito melhor sem ele e o caos perpetrado por sua existência.

"Você não tem essa sensação, as vezes, de estar dentro de um caixão? Como se... o teto fosse a tampa e... a cama fosse o leito?" Frank divagou, olhando para o horizonte azulado a sua frente enquanto bebia seu chá quente.

Gerard pensou. "Eu lembro... lembro de sentir como se estivesse em uma casa de bonecas. Como se tudo ao meu redor não passasse de encenação." Respondeu, esticando os dedos dos pés. "Parecia que o mundo não era real e que as pessoas não passavam de coadjuvantes em uma história criada por um ser maior."

"Você se sentia dissociado daquele mundo. Eu entendo. Mas eu quis dizer... você nunca sentiu como se já estivesse morto?" Ele olhou em seu rosto. Sério como um professor.

Way virou a cabeça. "As vezes."

O tatuado pensou por um instante. "E como se sente sobre isso?"

"Bem, doutor Iero." Gerard zombou, cruzando as pernas. "Agora, me sinto ok. Apenas ok."

Frank fez um bico, e tomou mais de seu chá. "Já eu... sinto como se tivesse sido enterrado vivo. Como se..." Olhou para o outro por um breve instante. "Deixa pra lá, não importa. Se eu começar não vou parar mais."

"Pode dizer." Way insistiu, mordiscando a pele da boca.

"Eu te disse que nada disso sobre a Matrix é real porque... mesmo se fosse, nunca saberíamos, certo? Teríamos que morrer para descobrir e... eu não tô afim. Mas ao mesmo tempo... eu penso... e se nós já não estamos mortos, e isso aqui não for o inferno? Uma... uma Matrix dentro do inferno ou... esquece a Matrix... isso aqui pode ser a realização do nosso pior pesadelo."

"Esse paraíso tropical, um inferno?" Gerard arqueou uma sobrancelha.

"Algumas pessoas acreditam que quando morremos e vamos para o inferno nossos pesadelos se tornam realidade. Me diga se algum de nós dois é verdadeiramente feliz? Digo, olha para você, olha para mim, eu não deveria estar aqui, deveria estar na minha vila... casado e vivendo uma vida simples e... você... você também, certo? Nós dois tivemos o azar de sermos únicos no universo. Mas é uma situação tão específica e estranha que... é impossível não pensar que tudo não passa de uma mentira, feita para nos punir por um mal comportamento."

Endless † FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora