Capítulo 4- Não Katherine, não.

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-Sabrina...

Antes de tudo o que vi foi Sabrina me olhar, não foi um olhar de felicidade nem nada do tipo, talvez de surpresa.

- Katherine...

Sorri para ela.

- O que está fazendo aqui? Quanto tempo...- Sabrina falava de um jeito sarcástico nada confortante, pude notar que suas roupas ainda eram curtas porém mais requintadas e com cores mais neutras, ela estava mais linda que o normal, mas algo me dizia que não era mais a Sabrina que eu conhecia.

- Faz tempo mesmo... - Consegui responder, esperava que Sabrina pelo menos desse um sorriso mas ela não fez, apenas ficou ali como se nada tivesse mudado. Enquanto isso os outros que estavam sentados na mesa junto me encaravam como se eu fosse realmente um fantasma.

- Pelo visto você saiu da sua caverna pois que eu me lembre você estava meio... isolada. - Sabrina falava de um jeito que ria da minha cara, mas eu não entendia. Talvez um pouco de raiva e estupidez por ter ido procura-la veio à tona.

- Eu estou tentando...estou melhor. - Consegui pronunciar e quando eu estava prestes a sair à procura de quem eu realmente queria ver Sabrina fez outro comentário ridículo:

- Eu nunca entendi Kath, logo você a tão decidida, a tão forte, tão... Fraca. Você ficou tão mal por conta de um menino. Algo em mim diz que você baixou o nível amiga. - Sabrina não estava falando aquilo como a babaca que costumava ser, ela estava rindo da minha cara, por que ela estava fazendo isso?

- Não me chame de amiga, se você não é uma. - Eu não sei de onde tirei essa coragem mas foi o que eu disse. - Aonde está o Wesley?

Sabrina ignorou minha pergunta.

- Posso não ser sua amiga Katherine mas vou te dar um concelho muito bom para que você nunca passe por isso de novo. Antes de se envolver com qualquer pessoa procure saber quem ela realmente é. - Disse Sabrina em um tom nada amigável. Muita coisa havia mudado.

- Você não sabe nada sobre ele... - Minha voz era quase um sussurro.

- Jacob? Acredite, eu sei. - Sabrina sorriu, ainda era o mesmo sorriso de superioridade.

- Cale a boca. - Eu nunca tinha falado assim com ela mas o nome dele me fez ficar assim, quando ela pronunciou o nome dele foi como levar uma facada no estômago. Fazia tempo que não escutava tal nome e o tempo parecia ter escondido o efeito dele em mim.

- Vou, eu vou calar a boca sim. Vou calar a boca igual o seu pai. É... O seu pai Katherine, pergunte a ele sobre Jacob, garanto que ele terá longas histórias...

De novo a facada. Cale a boca Sabrina, fique quieta... Quis tapar meus ouvidos com as mãos para não escutar aquelas barbaridades, o que Sabrina sabia sobre meu pai ? Por que ela estava me tratando assim?

- Kath? - Senti mãos leves em meu ombro esquerdo, era Karolayne. - O que está acontecendo aqui? - Ela perguntou quando notou minha pulsação acelerada.

- Sua irmã não sabe lidar com verdades Karolayne, deve ser de família... - Sabrina disse e saiu andando, o mesmo andar rebolado.

-Um sobrenome novo à fez mudar tanto assim?- Perguntei para Karolayne quando finalmente ficamos sozinhas no dormitório dela.

- Não liga para a Sabrina, desde que ela chegou é assim... Ela gosta de infernizar a vida de todos. - Disse minha irmã me entregando uma caneca de leite quente.

Eu sabia que Sabrina era assim e antes eu fazia parte disso também.

- Ela anda atormentando você? - Perguntei negando o leite.

- As vezes, ninguém passa ileso pela Sabrina, Kath. - Disse Karolayne como se não fosse nada.

- Fique longe dela, não se meta com a Sabrina. Estou falando sério Karolayne.

Eu sabia o que Sabrina era capaz de fazer para ter o que queria e como ela tratava as pessoas que ela considerava sua "inimiga". Não era nada bom.

- Eu nem falo com ela. - Disse Karolayne.

- É melhor que seja assim. - Concluí, a conversa com Sabrina não tinha sido nada saudável para mim.

- Imagino quem você veio procurar aqui. - Karolayne começou sem jeito.

- M'caal. - Foi o que eu consegui dizer.

- Ok. - Karolayne abaixou a cabeça com um olhar cabisbaixo e fez um sinal para segui-lá.

Passamos pelo mesmo caminho que viemos e então caminhamos para os dormitórios masculinos porém não paramos neles, Karolayne me levou para trás do prédio dos dormitórios, já era noite mas o campus era tão iluminado que nem dava para notar se não tivéssemos ido para uma parte mais isolada deles.

Subimos uma escada e por fim chegamos em um muro cordialmente grande para o outro lado, mas era a pessoa que estava sentada no muro que me interessava. Só ele.

- Acho que vou deixar vocês sozinhos. - Murmurou Karolayne de forma que ninguém além de nós duas escutasse.

- Obrigada. - Murmurei para ela e a mesma se foi, porém não pude deixar de notar o olhar que ela me lançou antes de ir. "Seja forte". Foi o que meu pai disse hoje mais cedo e eu não entendia o por que desses avisos. A cada passo que eu dava a distância minha e de Wesley diminuía e a ansiedade só aumentava.

Wesley tinhas as costas grudados em uma pilastra sentado de costas para mim sob o muro, ele não notou minha chegada porém eu notei o cheiro ao redor dele e não era a colônia cara que ele costumava usar, era... Cigarro.
Eu não acreditava, não acreditava mesmo ! As coisas realmente mudaram...

Mesmo estando quase colada no meu amigo ele não notou minha presença, estava focado no que quer que estivesse na escuridão do céu. Sua mão pendia no muro segurando um masso de cigarro perfeitamente, como se fizesse isso à tempos. Eu quis desabar, gritar com ele, puxar seus cabelos, bater nele até ele largar aquilo mas a única coisa que consegui foi segurar seu ombro.

Wesley finalmente notou minha presença e se virou. Meu coração disparou, era ele, meu amigo, meu melhor amigo, Wesley.

- Caramba Karolayne, que merda! Eu falei para você me deixar quieto! Por que eu falei para você. Eu te disse, eu me abri com você e você saiu correndo dane-se se você agora sabe o que dizer, dane -se! Você sabia que eu gostava mesmo de você porém você fechou os olhos para continuar com o William, então volta! Volta pro William! Mas que merda. - Então ele me empurrou de leve.

Wesley estava nervoso, pupilas dilatadas, estava muito alterado, eu desconhecia aquele Wesley, ele nunca me confundiria com minha irmã nem por conta do cabelo, ele nunca faria isso. Eu me sentia tola por não saber se sentia pena de mim ou dele. E que merda era aquela dele, Karolayne e William?

Algo dentro de mim se partiu definitivamente. Era como ter ficado desconhecida, era como se todos estivessem se esquecido de mim. Wesley ainda me encarava nervoso porem ainda me confundindo com Karolayne.

- Wesley...- Senti uma lágrima se formar no canto dos meus olhos.

Algo na expressão dele mudou, como se toda fúria tivesse sumido de seu corpo, como se minha voz tivesse despertado ele, vi ele perder as forças da mão e seu cigarro cair muro abaixo.

- Kath... - Wesley não sorriu, Wesley não me abraçou, Wesley não se moveu.

Quando eu fui abraça-lo eu já estava com lágrimas na bochecha mas ele recuou.

- Não. - Ele murmurou e senti minha cabeça se inclinar com dúvida. - Não. - Dessa vez ele falou mais forte, confiante e vi seus olhos serem tomados por certa ira novamente.

- Wesley?

- Não Katherine, não.

Katherine outra Vez.Onde histórias criam vida. Descubra agora