{Tocar "Love you goodbye" - One Direction}
A porta bate quando adentro o único lugar onde posso deixar minhas lágrimas desesperadas escorrerem pelas bochechas.
-Quem é? - pergunta uma voz no final do corredor. De súbito, o rosto familiar da minha tia aparece, as sobrancelhas tipicamente arqueadas na minha direção. - Arya?
Incapaz de dizer qualquer coisa, deixo simplesmente que minhas pernas cedam, escorregando até o chão com as costas pressionadas contra a porta de madeira.
-O que aconteceu no castelo? - ela se apressa até mim, sua expressão mudando conforme nota meu estado deplorável de espírito.
"Ele me quebrou" quero dizer, mas nenhuma palavra sai. Estou cansada demais, devastada demais para sequer pensar nisso. Eu sei que, a mínima menção do seu nome, vou desabar. Então, apenas permaneço em silêncio, enquanto minha tia junta-se a mim no chão, seus braços apertando-me pelos ombros. Sinto seu sucinto instinto maternal me abraçar, mas nem isso é o suficiente para fazer a dor ir embora.
*
FLASHBACK ON
Estou exausta. Isabelle tinha, de fato, sugado cada pingo de energia em mim com a louca ideia de fazer uma trilha pelas partes mais montanhosas próximas ao castelo. E, apesar de a ideia já ter soado péssima de primeira, fui mesmo assim. Com Isabelle, não tínhamos a opção de recusar algo. Não porque ela era filha do rei, mas porque sempre conseguia convencer a todos de acompanhá-la em suas incríveis insanidades.
Deito meu corpo cansado, olhos quase fechando. Finalmente sinto como se pudesse respirar de novo enquanto o alívio relaxa todo meu organismo cansado.
Três batidas na porta me fazem rolar entre os lençóis e resmungar de frustração. Enterro o rosto em um dos travesseiros.
-O quê?! - se for Izzie, juro por Deus que a estrangulo.
Ao invés de uma resposta, a porta se abre, não revelando minha melhor amiga, mas seu irmão mais velho, Alec Lightwood, príncipe e futuro rei da Bretanha.
E, no meu caso, meu namorado.
Como sempre, ele está lindo, os cabelos negros cobrindo parcialmente a testa, olhos castanho claros brilhando na minha direção.
Rápido como o vento, toda a exaustão some. Eu instantaneamente tento alcançá-lo, ficando na ponta dos pé para encontrar seus lábios. É neste momento que percebo algo de errado.
Alec me afasta delicadamente, mas não rápido o bastante para que eu não note seu maxilar pressionado em tensão. Insisto, empurrando o corpo contra o dele, não querendo perder seu calor.
-Certo, qual é o problema?! - pergunto, segurando seu fino queixo com meus dedos, fazendo-o olhar para mim.
Meu coração erra uma batida ao ter a visão dos seus belos olhos tornando-se escuros e franzir das suas sobrancelhas.
Tenho que admitir que é típico do Alec esboçar seu mal-humor, especialmente depois de um longo dia de afazeres no castelo. Ser o príncipe herdeiro e ter a pressão de responsabilidades não era lá uma tarefa fácil para uma pessoa. Sempre tentei meu máximo para entender todos os seus momentos de irritação, mesmo que, às vezes, tenhamos algumas discussões por isso.
