fim de semana

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Os dias se passaram até que sábado chegou. Seokjin não conseguia tirar da cabeça o que viu na terça feira. Não quis perguntar, não teve coragem, Yoongi parecia ter sido atropelado de tantos hematomas que marcam seu corpo.

Entende agora o que Dah-ko quis dizer quando chamou seu pai de homem azul. O homem do desenho é azul e tem manchinhas pelo corpo.

Chegando no apartamento, Dah-ko o recebeu como sempre e segurou sua mão.

— Appa me deu um presentinho — cantarolou puxando Seokjin pelo corredor até os fundos do apartamento. Lá, no chão, um jornal aberto e no meio, tinta, pincéis e pequenos peixinhos de madeira. — Tô pintando!

Tão doce e tão fofo, Dah-ko é um anjinho.

— Uau, que maneiro! — gritou e Yoongi riu da cozinha. — Quem sabe o rabugento do seu pai também não fica mais feliz se a gente pintar ele?

— Ei, eu tô ouvindo! — respondeu algo e Dah-ko abaixou no chão cobrindo a boca com as mãozinhas sujas, escondendo uma risadinha sapeca.

— Seu appa é bravo — brincou.

Yoongi apareceu no batente, com roupas comuns, uma calça jeans e um moletom. Estranhou, ele não iria trabalhar? Yoongi passou a mão os cabelos.

— Eu vou sair agora e volto a noite, se eu me atrasar ligo avisando. — abaixou e chamou Dah-ko com a mão. O menino o abraçou com carinho. — Eu amo você. Se comporte.

— Vou pintar um peixinho pra você, appa — e voltou correndo para as tintas.

Já os velhos amigos trocaram um olhar doloroso. Tem sido estranho, tudo anda estranho.

Ele queria perguntar o que eram aqueles machucados, mas tinha medo de ser um gatilho. Ver Yoongi sem terno e gravata, enfiado no moletom grande preto, era como ver o velho amigo de novo. Pequeno, indefeso e emburrado.

— Appa vai ficar muito feliz com o peixinho dele — Dah-ko cortou seus pensamentos ao falar, pintando um peixinho de madeira com azul.

— Peixe azul? Ele vai sumir no mar assim — brincou e o menino negou com a cabeça.

— Appa adora azul!

— Verdade — lembrou. Como guardou essa informação? Querendo ou não, foram apenas quatro anos distantes, algumas memórias estão bem claras ainda.

Foi divertido, Dah-ko pintou dois peixinhos e o resto foi tudo nas suas mãos e pés. Depois, pediu para pintar o rosto de Seokjin.

— Essa tinta não pode, vai me dar alergia. Você tem tinta de pintar o rosto? — perguntou e o menor deu ombros sem sabe responder, então, ambos seguiram para o quarto.

Chegando lá, Dah-ko sentou no chão e ficou esperando Seokjin procurar no meio das caixas coloridas de tinta. Encontrou uma caixinha cheia delas.

— Achei, Dakkie — sorriu e o menino bateu palma. — Vamos lá.

Voltaram para fora, Dah-ko começou a pintar seu rosto com os dedinhos pequenos e macios. Uma gracinha, o menino parece Yoongi demais, até a risada meio rouca.

— O que está fazendo com meu belo rosto angelical? — Seokjin brincou e a criança fez "shhhh" com o dedo na sua boca. — Ok, desculpa.

— Vai ficar bonitinho — sorriu. — Appa vai achar bonito!

— Quer que eu fique bonito pro seu pai? — estranhou e o menino afirmou com a cabeça.

— Não gosto do Gu. — disse sério.

Seokjin nunca entende o que ele fala de primeira, esperou uma explicação, mas nada veio. Resolveu ignorar, e quando acabou a pintura, o menino ria como se fosse a coisa mais engraçada do mundo.

DAKKIE | yoonjinOnde histórias criam vida. Descubra agora