Após um trauma de infância, Wei Ying desenvolveu Transtorno Dissociativo de Identidade, tendo então que compartilhar seu corpo com outras quatro personalidades.
Até que um dia, Patriarca Yiling, sua personalidade-problema, se envolve com a Segunda...
Lan Wangji estava andando pelas ruas do seu bairro, era quatro e alguma coisa da manhã e ele estava bêbado. O dia estava começando a clarear, mas ainda estava bem escuro, fazendo com que andasse em círculos e não encontrasse sua própria casa.
"Por que parece que a miopia triplica quando a gente bebe?"
Zixuan tinha ido embora mais cedo da festa, já que tinha uma sessão de fotos pela manhã, mas tinham combinado de no dia seguinte sair de novo, já que seria sábado. Agora Lan Zhan tinha decidido ficar, se esquecendo de pensar em como iria embora.
O celular estava descarregado no bolso e por isso não tinha chamado um carro de aplicativo. Então decidiu ir embora andando, uma vez que a casa de Su She era em um condomínio ao lado do seu.
Ele não tinha se divertido tanto, ele preferia boates porque aí o foco era só dançar. Nas resenhas as pessoas iam com a intenção de transar a noite toda ou ir jogarem algo que acabariam pelados uma hora ou outra.
Zixuan tinha o largado sóbrio por ali. Se soubesse que o amigo tinha bebido sem ele, voltaria e puxaria-o pelos cabelos, pois Lan Zhan era extremamente fraco com álcool e dava muito trabalho bêbado. Como podemos provar com essa vez, onde o Lan tinha achado tão interessante um drink que pegava fogo que decidiu experimentar.
Aquela única dose misturada com o sono - já que era acostumado com o horário rígido dos Lans de dormir às 21hrs e acordar às 5 horas -, tinham feito um estrago na Segunda Jade que soluçava por causa do álcool, enquanto procurava a entrada da sua casa.
Escorou em um muro qualquer e tentou raciocinar, após o que para ele foram segundos, mas no mundo real foi um bom tempo, teve uma ideia genial. Apertou a primeira campainha que viu, sem resposta, apertou mais vezes.
De longe já dava para ouvir os sons de alguém indo abrir o portão, então sorriu. Já que não entendia que o homem estava era xingando todos os palavrões possíveis.
"Tá de madrugada, caralho! Que porra é essa?!" Wen Xu perguntou abrindo o portão como se fosse arrancá-lo. "Se você veio procurar pelas embalagens, acabou tudo duas horas atrás, vem mais cedo da próxima."
Embalagens, nesse caso, eram drogas, mas o Lan não fazia ideia disso. O homem em sua frente estava de chinelos e um conjunto de moletom, não pijama e pantufas e isso fez Wangji se sentir aliviado por achar que não atrapalhou o outro a dormir.
"Oi, você sabe onde é a minha casa?"
"O quê?"
"Eu estou—" soluçou, "procurando minha casa." Seus olhos baixos denunciavam seu estado crítico. "Eu—" soluçou outra vez, "não encontrei ela."
"Por acaso, eu te conheço? Como é que eu vou saber..." seu tom de voz começou a aumentar e voltou ao normal quando ele passou seus olhos pela boca do garoto, "...onde você mora?"
Qualquer um que tivesse olhos perceberia a beleza da Segunda Jade. Lan Wangji tinha a pele clara, olhos cor de mel, um pescoço longo com o pomo de Adão evidente e rosto, braços e abdômen bem definidos, mesmo que a camiseta que estava vestindo não deixasse isso tão evidente.
"Sua casa é por aqui?" perguntou e observou o mais novo assentir. "Que tal entrar?" apontou para dentro. "Posso ligar para alguns vizinhos que conheço e que provavelmente saberão onde você mora."
"Eu estou cansado, quero", soluçou, "minha casa."
"Está cansado?" Sorriu cinicamente levando a mão para o rosto do garoto. "Você pode entrar que eu..." Antes mesmo que terminasse a frase ou o tocasse, uma voz afiada pode ser ouvida.
"Se você ousar encostar nele, nunca mais vai conseguir tocar em nada."
Wangji ainda tentava entender aquela situação toda. Ele seguiu a voz. O dono dela estava à sua esquerda, escorado no mesmo lugar que o Lan estava antes de tocar a campainha.
"Como ele havia parado ali?"
Ele era bonito, seu cabelo estava de uma maneira despojada, sua postura era perfeita, mas despreocupada já que tinha os braços cruzados sobre o peito e tudo que ele vestia era da cor preta. Ele fuzilava o homem que estava de frente para o Lan.
"Você por aqui?" Wen Xu olhou confuso ainda com a mão no ar, perto de Lan Wangji, como se não tivesse desistido de tocá-lo. "Meu irmão não tinha prendido você?"
"Você superestima sua família." Chegou mais perto deles. "Eu não sou muito paciente, te dou três segundos para abaixar a mão."
O Wen riu alto. Ele nunca tinha lidado com o Patriarca Yiling, mas o conhecia de tanto ouvir de seu irmão. Tinham se visto uma vez e ele estava em uma cadeira amarrado. Pelo jeito, Wen Chao nunca havia comentado quanta surra já tinha levado.
"Quem tu pensa que é? Meu irmão só fala merda sobre você. Conhece ele?" Apontou com o queixo para Lan Wangji, tocando sua bochecha e passando seu dedo pelos lábios dele. "Ou só está tentando tirá-lo de mim?"
Lan Wangji congelou entendendo o que o cara estava fazendo. Enquanto isso o sangue do Patriarca ferveu, o que não era difícil de acontecer, mas dessa vez era palpável sua raiva. Ele não esperou mais nem um segundo.
"Um." Contando, ele acertou um chute na mandíbula de Wen Xu. "Dois." Pegou seu braço que ainda estava encostando no garoto e torceu seu punho. "Três." Deu uma joelhada no seu estômago o fazendo cair no chão encolhido.
Lan Wangji olhava para o homem que gemia de dor no chão.
"Tudo tinha acontecido tão rápido, como ele já estava daquele jeito?" pensou.
"Você parece estar com frio" O homem de preto tirou sua jaqueta de couro e colocou sobre os ombros do Lan. "Está se sentindo bem?"
"Eu estou." Apontou para o que estava ajoelhado. "Ele está?"
"Está preocupado com ele?" O Patriarca sorriu com a reação dele e decidiu levar o garoto para o outro lado da rua, onde tinha um banquinho de concreto. "Vamos fazer o seguinte: eu vou cuidar daquele cara e você me espera aqui que eu te levo para sua casa, está bem?"
"Tudo bem." Ele estava cansado demais para discutir.
Então, o homem de preto atravessou a rua e arrastou Wen Xu - que ainda não tinha se recuperado pela gola do moletom -, para dentro da própria casa, enquanto ele se debatia.
"Realmente", pensou Lan Zhan. "Ele vai cuidar dele. Na própria casa é muito mais fácil ele melhorar."
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