A Little Complicated( Jenlisa)

1º

• LALISA MANOBAL  •

9:45 PM

Eu tenho certeza de que Newton, Einstein e esses físicos, feitos para lascar com minha vida criando suas teorias, fizeram um pacto com o capeta. Eu sei que o mundo de hoje não seria o mundo de hoje sem esses caras, mas puta que pariu, não dava para facilitar essa merda não? Parece que o enunciado dessa questão está em grego. Já to lendo pela décima vez a pergunta e ainda não consigo entender o que o professor quer de mim, além de arrancar meu couro com essa pergunta feita a partir do trato com o capeta.

É, eu definitivamente odeio física, às vezes fico me perguntando por que aquela droga de maçã não caiu tão rápido ao ponto de fazer Newton desmaiar, ao invés de questionar o mundo e o universo? Filha da mãe do caramba, sou grata, mas nem tanto.

— Mas que droga! — Fecho a tela do computador irritada — Eu poderia ter nascido um gato, tudo seria bem mais fácil.

É quinta-feira, o que significa que ainda tenho tempo para estudar para esse inferno em forma de papel que vai ser a prova de física. Se eu não tivesse tão desesperada, provavelmente só iria estudar uma semana antes, porém o treinador Matthew chamou minha atenção em relação à queda de minha nota na matéria. E por chamar atenção, quero dizer que ele ameaçou chutar minha bunda e cortar minha franja caso eu bombe no teste. Eu odeio números, sempre odiei, e mesmo assim estou fazendo Engenharia, irônico não? Não é como se meu pai tivesse me dado opções.

Fecho meu caderno e levanto da cadeira de jantar para ir até a geladeira pegar uma garrafa de cerveja. Depois, sento no sofá e procuro algum documentário idiota na televisão. Coloco meus pés na mesa de centro e abro minha bebida. Eu tenho uma regra de não beber em véspera de jogos, porque eu sempre quero dar o melhor de mim nas partidas, e estar de ressaca e fedendo a álcool não é favorável a isso, mas dá um desconto, o capeta acabou de se materializar na minha vida em forma de matéria, eu tenho esse direito.

Esse negócio de física está realmente me sobrecarregando, se eu falhar nessa prova, o treinador irá me mandar para o banco, e não vou nem falar nada do sermão que vem depois. Não posso deixar minhas meninas na mão, e meu pai provavelmente vai falar merda. Bebo mais um gole da minha cerveja, ficando cada vez mais frustrada com o rumo dos meus pensamentos. Falar ou pensar no meu pai acaba com meu bom humor.

— Pensei que tivesse uma regra sobre bebidas antes de jogos — Escuto Bambam  falar atrás de mim, ele anda pela lateral da ilha da cozinha e abre a geladeira, pegando mais duas garrafas de cerveja e as trazendo até a sala.

— Eu tenho — Digo terminando de beber minha garrafa e mantendo o olhar no documentário na televisão.

— Dia ruim? — Senta ao meu lado no sofá, abrindo as duas garrafas e me entregando uma antes de batê-las rapidamente em um brinde e tomar um gole. Bambam  coloca os pés junto dos meus na mesa de centro, e prende o olhar no documentário.

Eu posso reclamar o quanto eu quiser do meu pai, mas eu nunca vou reclamar do irmão que eu tenho. Bambam  pode parecer esse cara sempre bem-humorado e que quer aproveitar a vida, mas ele é um verdadeiro guerreiro por aguentar a barra com meu pai e às vezes até receber umas para me proteger. Nós dois já passamos por muitas merdas juntos e no final sempre teremos um ao outro.

— Tipo isso, estou com problemas em uma matéria — Murmurei irritada ainda olhando para a televisão — Treinador já colocou meu rabinho lindo na reta e eu preciso me virar se não meu time terá sua capitã no banco por causa de uma matéria estúpida, ou por causa que ela não vai estar aguentando jogar com o quão no rabo tomou.