Quatro

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Abri meus olhos sentindo as minhas pálpebras pesadas, implorando para ficarem fechadas. Assim como meus olhos, o meu corpo também estava pesado, sem contar a dor chata de cabeça que me deixava de alguma forma desorientada. Para falar a verdade, eu estava me sentindo um lixo. Fiquei sentada na cama, massageando minhas têmporas com meus dedos e uma dor incômoda no meu pescoço se fez presente, fazendo-me levar a mão automaticamente ao local dolorido.

- Ai – massageei, agora percebendo que estava tendo dificuldade de movimentar o pescoço para os lados.

Maravilha, se já não bastasse meu corpo dolorido e aquela dor de cabeça chata, eu tinha agora um torcicolo como brinde.

Suspirei, fechando os olhos para depois voltar a abri-los e fitar as cortinas fechadas e o quarto com pouca iluminação. A minha vontade era de voltar para cama e dormir o dia todo para recuperar minhas energias. Não entendia como eu havia acordado daquele jeito depois de uma noite bem dormida... Para falar a verdade, eu não tinha lembranças de como cheguei no quarto, trocado de roupas e me jogado na cama.

Peguei meu celular que estava em cima do criado-mudo e quase vomitei quando vi que faltava menos de quinze minutos para as sete horas. Eu estava horrorosamente atrasada e quase um fio para ser escorraçada a ponta pé daquele emprego.

- Puta que pariu – dei um salto para fora da cama e quase caí no chão quando minha cabeça girou em tontura.

Voltei a me sentar na cama com a mão na cabeça, tentando normalizar a minha respiração acelerada. Aquele dia estava começando ruim e poderia ficar pior, pois estava em avaliação e tinha consciência que Karin só deveria esperar um deslize de minha parte para tirar o meu emprego. Era o que os superiores faziam, certo?

Levantei-me da cama novamente e dessa vez devagar e fui com passos rápidos ao banheiro. Com minhas mãos na pia do lavado fitei meu rosto no espelho, vendo o quanto eu estava péssima. Havia olheiras abaixo dos meus olhos, eu estava pálida e meus lábios sem cor. Uma mancha avermelhada no local dolorido do meu pescoço chamou minha atenção. O que era aquilo? Eu havia o machucado? Aproximei mais o meu rosto no espelho para enxergar melhor, haviam duas pintinhas vermelhas, uma ao lado da outra, como se houvesse algo que tivesse me picado, um inseto talvez. E pelo jeito que estava vermelho ao redor das duas pintinhas e os sintomas que sentia, eu deveria estar tendo alguma reação alérgica.

Logo minha consciência gritou para que voltasse ao foco sobre meu atraso, e deixei isso de lado e me apressei, não tinha tempo para pensar em mim no momento, ou era eu ou o emprego.

Depois de fazer minha higiene e tomar um banho rápido voltei para o quarto enrolada na toalha e coloquei o uniforme, xingando-me internamente por ser burra e não colocar o celular para despertar.

Saí do meu quarto praticamente correndo enquanto amarrava meu cabelo num rabo de cavalo baixo. Quando entrei na cozinha o meu coração bateu mais forte quando vi Karin mexendo nas panelas. Ela parou o que fazia com a minha entrada espalhafatosa e me fitou, suas sobrancelhas bem desenhadas e ruivas ergueram-se para cima.

- Está acordada...

- Me desculpe, eu sei que estou muito atrasada – tentei ignorar seus olhos avaliadores em mim e a dor de cabeça que estava piorando de acordo com a minha agitação. Abri os armários pegando os ingredientes para o dejejum da pequena Sarada. – Eu não sei o que aconteceu, mas o meu despertador não tocou. Eu juro que isso não irá se repetir...

- Senhorita Haruno – a sua voz soou aguda e autoritária, cortando o que eu falava, me fazendo parar o que estava fazendo e olhar para ela, que continuava na mesma posição e me olhava.

The SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora