Capítulo único: sobre taquicardias, mocaccinos e sessões de estudo

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Jotaro Kujo era considerado um homem estritamente responsável, sério e centrado. Era um jovem que tinha toda e qualquer situação, principalmente as que pudessem vir a ser desastrosas e complicadas, sob o controle de suas mãos confiantes e olhares amedrontadores, sendo, portanto, alguém perceptivelmente dirigente e requisitado, já que possuía em sua essência os toques singelos, mas, ainda assim, tão necessários e admiráveis, de seriedade, equilíbrio e sensatez, devidamente combinados e harmonizados.

Era, por conseguinte, completamente inadmissível e incabível para ele que um mínimo e singular ser estivesse o tirando completamente dos trilhos (Jotaro diria que aquela criatura estava, na verdade, quebrando os tais trilhos com foice, martelo e o poder de sua incrível persuasão, apenas esperando pelo momento em que o Kujo daria de cara e alma com as ruínas e destroços). Ele, o próprio Jotaro Kujo, aclamado aluno do curso de biologia e renomado estudante de uma das mais prestigiadas universidades de Tokyo, não deveria estar com os nervos cambaleando e o coração inteiramente desenfreado no peito com um ínfimo ato vindo de tal indivíduo afrontoso.

Noriaki Kakyoin. Esse mesmo o nome do dito cujo que abalava todas as estruturas – já nem tão – confiáveis de Jotaro.

Era um ser de olhos purpúreos, tão profundos e intensos, capazes de atrair e imergir o jovem Kujo na vasta imensidão sem o mínimo dos esforços; possuía cabelos medianos alaranjados, ardorosos e exuberantes, completamente atrativos ao toque e ao olhar, sendo uma das características que mais chamavam atenção para sua pessoa absurdamente hipnotizante. Não sendo suficiente ser dono de uma beleza única e inegavelmente fascinante, ainda possuía uma personalidade alegre e gentil, sendo uma pessoa de um coração extremamente bondoso e possuidor de uma paixão e ardor indubitavelmente admiráveis.

Céus, era demais para o pobre coraçãozinho enamorado de Jotaro aguentar.

Quem Kakyoin pensava que era para lhe afrontar de tal maneira, desestabilizando todo e qualquer resquício de confiança e estabilidade que o menino Kujo possuísse em seu ser? Jotaro não estava sendo pago o suficiente para passar por tal provação do Universo daquela maneira.

– Mas então, do nada, ele disse que não gostava de The Smiths. Tipo, quem é que não gosta de The Smiths?! Eu acho que isso deveria ser um pré-requisito necessário para que as pessoas criassem laços com outros seres hu.... Céus, Jotaro, você está me ouvindo?

Ah, é claro, Polnareff estava ali enchendo seus ouvidos com os problemas amorosos que possuía há longos e infindáveis dez minutos. Já não eram suficientes os próprios problemas e questionamentos de cunho romântico que nem sequer tornaram-se oficialmente amorosos ainda?

– 'Tô, Polnareff. – limitou-se a enunciar, logo murmurando um quase inaudível "estar prestando atenção são outros quinhentos".

– Ótimo, isso quer dizer que você prestou atenção no fato de que o meu ficante é um herege que não gosta de música boa, certo? – o francês questionou, irritando-se ao perceber que o amigo imergira novamente em devaneios e sequer dava ouvidos aos seus monólogos intermináveis. – Jotaro Kujo!

– Céus, Jean, o que você quer? Não tem nada mais útil 'pra fazer do que me atazanar e encher meus ouvidos? – esbravejou, perceptivelmente amuado por estar tendo sua paciência testada logo tão cedo.

– Oh, perdão se eu me importo com minhas amizades e pretendo prezar por elas com meus devidos carinho e atenção. – desdenhou, arrancando apenas um revirar de olhos do amigo sentado em sua frente. – O que você tem, hein, Jojo? – apelou para o apelido dado carinhosamente por aqueles que rondavam Jotaro, ganhando o olhar enfezado do japonês para si. – Tem alguma coisa te preocupando esses dias?

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