CAPÍTULO 5:Divergência interrompida

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Clarke mal ouviu a aproximação da Grounder. O barulho alto das explosões a deixou com um zunido forte nos ouvidos e algo no ar afetou sua mente a deixando confusa. Por mais que tentasse, algo a impedia de se concentrar ou focar em algo.

Foi apenas quando seus corpos se chocaram que a Comandante sentiu algo diferente de confusão. Enquanto estavam emboladas, rolando monte abaixo, de alguma forma Clarke foi capaz de registrar três informações: (a) Quem quer fosse, a Guerreira estava em forma. Muito em forma. Os músculos da mulher batendo contra seu corpo deixavam isso bem claro; (b) O seu corpo emanava um calor que parecia quase acolhedor para Clarke, como o de voltar para casa; (c) O cheiro da guerreira era... familiar. Almiscarado, doce. Uma mistura de grama recém-cortada, chuva e madeira tudo intensificado pelo suor que grudava as roupas ao seu corpo.

O efeito inebriante daquele perfume no corpo da loira é indescritível. Uma onda de choque que fez cada átomo de seu corpo se agitar trazendo uma sensação familiar que ela não sentia há muito tempo. Anos. Era elétrico e tão poderoso que por um instante ela se esqueceu de como respirar.

Então quando elas finalmente param de rolar e atingem o chão, a loira precisa usar toda sua força de espirito para empurrar a mulher para longe. No momento que ela o faz, é como se uma poder externo tentasse fazê-la se reaproximar da outra. Ao invés disso, o que ela se vê fazer é destravar sua arma guiada pelo instinto de sobrevivência que havia feito sobreviver todos esses anos.

Ela não está preparada para o que ouve quando ergue sua pistola. Seu inconsciente registrando aquele rosto muito mais rapidamente dos que os pensamentos erráticos surgem em sua mente.

"Clarke."

Aquela voz e aquele tom são inconfundíveis. É ela, tem que ser.

"Alexandria?" A loira diz, confusa. O que diabos a Grounder estaria fazendo ali? Alexandria não era uma guerreira. Não era uma assassina. Não, ela era livre. Ela não era como Clarke, ela não era... quebrada. No entanto, ali está ela.

Olhos verdes intensos a encaram a fazendo sentir um arrepio interno familiar e entes que ela possa reagir, dizer algo, se mexer, o olhar da loira é atraído para sua direita em direção a chuva de balas que vem voando em sua direção. Seu corpo imediatamente enrijece em uma resposta física automática de proteção contra o inevitável.

E então acontece de novo.

O mesmo calor, o mesmo perfume, os mesmos músculos abraçam seu corpo novamente. E enquanto elas caem Clarke nunca se sentiu tão segura. A sensação não dura muito. Elas batem na água com violência, o impacto a fazendo perder o fôlego. As costas dela ardem, causando uma dor intensa paralisante.

Clarke vê o corpo de Alexandria ser arrastado para longe pela correnteza, os olhos verde esmeralda da morena encarando seu rosto claramente perdem o foco e após uma batida rápida do seu coração, a loira vira seu corpo e começa a nadar em direção a morena.

A Comandante não é uma eximia nadadora. Arkadia era um país relativamente pequeno e a guerra que devastava seus recursos exigia tudo de sua população. Por causa disso, seus pais, pessoas de influência na administração do governo muito antes de Clarke alcançar sua alta patente militar, sempre mantiveram quase 100% da sua atenção focada nos esforços para encerrar aquele conflito.

Então Clarke teve que se contentar com algumas poucas aulas de natação nos meses de treinamento militar e mesmo essas ela odiava. A loira pode ser a Comandante, mas não alcançou essa posição por sua enorme capacidade de luta ou habilidades atléticas. Seu cérebro é o verdadeiro astro, o órgão em controle.

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