flores amarelas

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Era manhã, uma manhã incrivelmente bela e incapaz de ser triste

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Era manhã, uma manhã incrivelmente bela e incapaz de ser triste. Provavelmente um dos dias mais belos de toda a minha existência insignificante. Além de todo o modo como você percebe as coisas e sabe que o tempo, independente da sua vontade continua passando. Você entende que existem momentos que devem ser mais lembrados.
Por que? É simples a resposta. Eu diria, não vão se repetir nunca.
Eu não sabia se o destino queria que eu a visse, ou que toda aquela situação com a garota das flores amarelas fosse algo espontâneo. E tivesse acontecido apenas naquele momento, sem influências diretas ou indiretas do Sr. Destino. Eu simplesmente não sabia, eu queria saber responder isso, mas não, eu não SABIA.

Caminhava por sobre a calçada — um pouco distraído, como todas as vezes —, segurando em uma das minhas mãos um pouco de café. A minha outra mão estava completamente vazia e a única coisa que me fazia sorrir naquela manhã era o fato de que eu não sabia dizer bom dia as pessoas. Não porque eu fosse uma pessoa antipática ou antissocial, mas porque eu não conseguia pronunciar as palavras corretamente, pois havia uma disfunção na minha língua o qual não me permitia dizer as palavras: BOM e DiA respectivamente e entusiasmadamente.
Eu estava feliz, sim. E era bom sorrir, mas talvez as pessoas que me vissem pensassem que talvez provavelmente eu fosse algum louco. Ou não — confesso que não sabia como as pessoas reagiam a sorrisos, talvez devolvendo outros. Mas sei que elas não reagiam bem quando eu usava a linguagem de sinais, por mais que isso atualmente não seja algo de outro mundo, existia uma certa dificuldade entre se comunicar assim. Mas isso não era nenhum problema, estava acostumado a notoriedade das coisas. E como eu sabia, o universo era simplesmente um ser enorme e eu não passava de alguém insignificante morando nele.

Havia uma mochila nas minhas costas. Na tonalidade azul escuro, com alguns desenhos em branco e um nome escrito; Stuart. Esse obviamente não era o meu nome, era apenas um nome qualquer escrito na mochila. O engraçado é que apenas uma alça estava sobre o meu ombro direito. Como se fosse uma maneira hilaria de dizer que eu era um jovem de 16 a 18 anos.
Antes de virar a esquina de mais uma quadra, algo inusitado me aconteceu. Tão inusitado que eu precisei parar para ver.
Eu vi uma garota de cabelos castanhos claros próxima a uma banca enorme de flores. Não qualquer tipo de flores, mas amarelas como o sol naquela manhã. Isso era o fato histórico mais interessante da minha vida. Sim, eu era otimamente curioso e não me importava com isso. Apesar de ter um dos meus 5 sentidos reduzidos, eu ainda tinha a curiosidade como alguém que tinha os 5, ou até mais.
Me aproximei cuidadosamente encantado com a forma como aquele tom amarelo deixava ainda mais lindo o meu dia.
Eu não queria parecer rude, e ficar apenas observando e não dizer nada, mas a única palavra que eu sabia dizer era; Oi. Ainda por cima de uma forma bem estranha.

— OUI — disse mesmo forçando minha garganta sem sentir reação nenhuma dela.

Mesmo dizendo cautelosamente a ela. Ela sorriu. Não sei se a minha maneira de dizer a deixou eufórica com um sorriso no rosto ou se talvez ela tivesse estranhado o porquê de talvez existir um u no meio do meu oi. Porém nenhuma palavra surgiu de seus lábios, apenas o seu sorriso silencioso. E eu admirei isso.

Às vezes a minha mente pronunciava tantas e tantas vezes, repentinamente e repetidamente a mesma palavra que eu simplesmente me perdia. Mas eu gostava, era como se mentalmente eu pudesse dizer o que eu não podia falar com a minha boca.
Respirei fundo e sorri para ela. Eu havia arrancado um sorriso da garota das flores amarelas dizendo apenas uma palavra, mesmo que erroneamente tenha dito.
Apesar dela não ter dito nenhuma palavra, eu sabia que ela era incrível, não pelo seu sorriso, mas porque ela fazia outras pessoas sorrirem com suas flores.
Eu poderia questioná-la sobre todos os tipos de perguntas existenciais, como o porquê ela compartilhava flores ou por que ela não havia me perguntado o porquê da minha fala estranha? Mas ficamos um observando o outro sem reação, apenas com enormes sorrisos estampados no rosto, sem saber qual seria o próximo passo — se é que existia um.

Ela então se aproximou segurando uma de suas muitas flores. Eu sorri, ela sorriu e estendeu sua mão direita a mim segurando o sol em forma de flor.
Sem demorar muito, também estendi a minha mão para pegá-la. Meus dedos tocaram os dela espontaneamente por um milésimo de segundos e isso me deixou um pouco avermelhado.
Tentei dizer obrigado, mas dessa vez as palavras haviam fugido da minha mente, e estava tudo bem, eu não saberia como dizê-las mesmo que tentasse. Consegui apenas sorrir e sentir o perfume que exalava daquela flor amarela.
Me afastei após um pequeno intervalo de tempo admirando a garota que eu nem se quer sabia o nome, mas que mesmo assim já admirava. Estava deslumbrado por como ela estava encantadora e fantástica naquele vestido bege. Com um pequeno chapéu em sua cabeça e um sorriso estonteante no rosto. Isso havia feito o meu dia intensamente incrível.

Virei minhas costas e continuei o mesmo trajeto de alguns minutos atrás. Mesmo que eu não soubesse o porquê daquilo ter acontecido. Havia sido como se o universo quisesse que aquela parada inesperada acontece, só para me lembrar que as vezes não precisamos dizer nada para nos conectamos a alguém.
Me virei e ela continuava me observando do mesmo lugar, com seus olhos castanhos e com um sorriso perfeito em seu rosto. Percebi que aos poucos ela desaparecia com a distância, mesmo que eu não quisesse isso. Não demorou muito para que não fosse mais possível vê-la. Mas tudo bem, é normal você se encontrar com milhares de pessoas ao longo da sua vida. Depois daquele dia, eu nunca mais tive o prazer de vê-la e apesar de não saber o seu nome, eu sabia que a conhecia como a garota das flores amarelas.

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