- 6 ANOS ATRÁS -
Costia particularmente não morre de amores por como sua vida se desenvolveu. Sendo sincera consigo, ela sabe que gostaria que as coisas fossem mais fáceis. Não é que ela não saiba que a vida é uma luta constante, mas ela não pode negar que gostaria que as suas lutas não fossem tão... literais.
A verdade é que ela ama Lexa. E é por Lexa que ela persiste. Foi por ela que ela resolveu se juntar ao exército. Foi por ela que ela se tornou uma assassina. Houve um tempo na sua vida que Costia acreditou que se casaria com uma linda mulher, teriam inúmeros filhos lindos e seu lar seria coberto de amor, compreensão e família. Simples.
Mas nada disso importa mais. Afinal, ela tem Lexa nos seus braços. E só ela tem o privilégio de conhecer o calor do corpo de Heda. De saber qual é a sensação de beijar aqueles lábios macios, de ouvir seus gemidos de prazer quando ela atinge o clímax. Ela deu tudo de si para a Comandante, é verdade. E a Comandante, em retorno, lhe deu... quase tudo de si. Mas quase é mais que o suficiente para Costia.
Tudo que ela precisa para se sentir bem, viva, completa, são as mãos da Comandante no seu corpo. Um olhar atento de seus olhos verdes intensos e todo o seu amor. Acima de tudo seu amor.
Então enquanto elas estão deitadas na confortável cama de Heda, e essa dorme profundamente em seus braços, Costia se pergunta pela milésima vez como as coisas chegaram ao estado em que estão.
Lexa é comandante há um ano e nesse período ela alcançou tantos objetivos. Só o fato dela ter conseguido unificar os clãs é algo que faz as pessoas verem Lexa como reverência, como se ela fosse uma espécie de deus na terra. E embora a mulher odeie essa posição, algo que Costia sabia apenas de observar sua postura toda vez que alguém sugeria algo assim na presença de Heda, não há como negar que aquelas circunstâncias garantem a Lexa um apego ainda maior ao poder.
E se há algo que Costia sabe, sem sombra dúvidas, é que a melhor coisa desta vida é o poder.
É graças a ele, afinal, que ela está deitada na confortável cama da Comandante coberta por inúmeros pelegos e não em alguma cama fina em algum casebre por ai. E isso garante que os sacrifícios valiam a pena.
Só há uma coisa que tira a mulher do sério, algo que por mais que ela tente não se deixar atingir, sempre que testemunha fere seu orgulho, ego, sua feminilidade. E é o que está acontecendo nesse exato momento: Lexa está sonhando. E a julgar pela sua expressão de absoluto deleite é o mesmo sonho que a assombra desde que ela se tornou comandante.
As suspeitas de Costia se confirmam quando a Comandante repete um nome em voz alta em um tom saudoso, quase triste. O nome que assombra Costia mais que a guerra, mais que a morte.
Clarke.
Ela, é claro, sabe quem é a mulher que assombra os pensamentos de Lexa. Uma garota, uma maldita garota loira de olhos azuis intensos e postura atrevida que, de alguma forma, foi capaz de deixar uma marca profunda no coração de Heda.
Mas porque ela era uma skaikru e porque Costia existia e estava ao seu lado, Lexa jamais ousou proferir o nome da garota depois que ela partiu. No entanto nem mesmo a comandante Grounder pode escapar dos sonhos que ela definitivamente não consegue controlar.
Então Costia se resignou a ouvir em uma frequência cada vez maior aquele maldito nome durante as madrugas que ela e Lexa passavam juntas. E embora ela tenha tentado, de verdade, afastar o fantasma daquela Skaikru, até agora ela não teve sucesso.
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GUERRA INTERNA
RomansaGuerra. Conflitos armados são parte da história humana. Eles têm inicio e fim pelos mais diversos motivos, alguns absurdos, outros trágicos. Cada lado têm seus motivos e justificativas, mas depois de 20 anos de um conflito armado extremamente sa...