Capítulo 12: Luto.

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12.


Jiang Cheng abriu os olhos, deparando-se com o céu limpo e azul logo acima de si, sendo preenchido pelos pássaros que voavam livremente e chilreavam em harmonia com o som da água. Foi quando ouviu água que o jovem Príncipe acordou do seu transe e se ergueu do chão, olhando à sua volta, num misto de emoções mas onde a confusão era a mais predominante. Bastou olhar atentamente à sua volta para perceber onde se encontrava: deitado no grande pátio em frente ao Castelo do Reino de YunmengJiang.

- Jiang Cheng!

O seu corpo gelou quando ouviu aquela voz tão familiar e que sempre aqueceu o seu coração, sentindo-se incapaz de olhar para trás e fintar a dona daquela voz que apesar de sempre o repreender desde muito novo, era também o seu conforto e pertencia ao seu maior porto seguro.

O que está acontecendo?, Jiang Cheng questionava-se.

Ele não estava seguro do que estava acontecendo ou do que tinha acontecido antes de acordar, porém tinha uma vaga ideia de que algo de ruim tinha acontecido. O aperto no seu coração e o seu rosto lavado em lágrimas o denunciavam, ele estava desolado por algum motivo, contudo não conseguia lembrar-se do que era.

- Jiang Cheng? O que está fazendo deitado no meio do chão? Eu já não o avisei que não é assim que um futuro Rei se deve comportar? Levante-se desse chão agora e deixe de ser irresponsável.

Não foi necessário ouvir de novo o tom de voz autoritário da mulher que o trouxe ao mundo, o jovem Príncipe levantou-se imediatamente do chão, voltando-se com o rosto abaixado, envergonhado por estar sendo repreendido com aquela idade, como se ainda tivesse oito anos de idade.

- Eu...

- Desculpe, eu prometo não voltar a fazer.

Jiang Cheng ergueu repentinamente o rosto quando ouviu uma segunda voz preencher o local e interromper a sua fala, reconhecendo perfeitamente a quem pertencia aquela voz infantil.

Ali, diante dos seus olhos, deparava-se com a imagem da sua mãe que apresentava sempre uma carranca séria com o poder de intimidar qualquer um que cruzasse o seu caminho e logo à sua frente estava ele, o jovem Príncipe, quando tinha por volta dos seus oito anos de idade.

Não demorou muito tempo para Cheng perceber que aquilo não era real e que de alguma forma ele estava preso a uma memória do seu passado. E conforme ele se ia consciencializando que aquilo não era real e sim uma memória na qual o seu eu do presente era apenas um espetador, tudo começou a ficar mais claro.

- O que aconteceu com a sua testa? - perguntou a mulher, alarmada quando viu sangue na testa do seu pequeno filho que ainda permanecia sentado no chão, cabisbaixo.

- Desculpe mãe, eu caí quando estava a tentar apanhar flores de lótus.

- O que eu já lhe disse sobre apanhar flores de lótus sozinho? Por que você nunca me ouve e é tão desobediente? Você... - a mulher parou de dar o seu sermão quando viu os pequenos ombros do filho balançarem, uma clara indicação que o mesmo estava soluçando. Ela logo se aproximou, preocupada, e ajoelhou-se em frente ao filho, segurando gentilmente no rosto do mesmo. - Está doendo?

O garoto negou com a cabeça, continuando a soluçar e sendo incapaz de fintar o rosto da mãe que não parecia tão hostil como anteriormente. Preocupação era o que mais predominava na expressão da mulher.

- Então por que está chorando?

Houve silêncio por algum tempo até que o garoto fungou e ergueu o rosto lavado em lágrimas para finalmente fintar a sua mãe.

[XICHENG] - Coroa VaziaOnde histórias criam vida. Descubra agora