Lágrimas e sorrisos

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Perdoe-me, minha querida Antoniete, houve um probleminha de saúde com minha mãe e terei que cuidar dela, infelizmente adiar nossa ida ao cinema. Prometo para o próximo fim de semana desfrutar de sua companhia.
Kalleb.

A mensagem chegou por volta de dez minutos para as sete.
...Que furada grande!!!
Como já estou estou pronta, belíssima e maquiada, vou sozinha.
... Não vou me arrumar para ficar casa.
Fiquei chateada com kalleb, mas para a sorte dele eu prezo muito o cuidado aos pais e se fosse eu no lugar dele, teria feito o mesmo.

Tudo bem kalleb, melhoras à sua mãe. Respondi a mensagem.

Não tenho certeza se quero entrar em uma das salas de cinema, estou com vontade de desfilar meu visual entre as lojas, logo hoje que estou inaugurando meu vestido modelo vintage verde que mostra minhas belas pernas. Kkkk. Eu enlouquecendo e sorrindo sozinha no shopping.

Nossa! depois do que minha irmã me falou, me sinto muito mais confiante, mais bonita, o mundo todo pode parar para me admirar.
...Close, close, close.

_Oh desculpa! Esbarrei em um homem e derrubei-lhe um dos sacos de pipoca.
_ Desculpa também moça, eu estava distraído. Disse ele enquanto olhávamos o chão branco de pipocas.
_ Professora?!
Esbarrei em Davi.
_ Olá! Desculpa mesmo. Falei constrangida.
_ Não tem problema, vou pedir outro. Ana me fez sair às pressas antes que iniciasse o filme para comprar. Disse ele dando um meio sorriso.
_Ana está aqui? Perguntei.
_ Sim naquela sala ali. Disse apontando.
_ Dê um abraço nela por mim. Falei, sorrindo e dando sinais de seguir.
_ Espere! Por que não assiste o filme conosco? Ela vai adorar vê-la. Disse ele.
_ Eu não quero incomodar. Falei
_ Não vai incomodar, vamos. Insistiu ele. E pediu mais uma pipoca.
Não eram meus planos, mas lá fui eu ver um desenho animado.
***
... Chorei muito quando o pai dinossauro morreu.
Ana estava entretida no desenho, eu disfarçando minhas lágrimas e Davi acariciava os cabelos da filha.
No momento em que o menino se separou do dinossauro, eu soluçava.
No final do filme parecia que estava saindo de um funeral.
Davi mantinha um sorriso leve no rosto e não demorou para expressar aquilo em palavras.
_ Não sabia que aquele dinossauro era da sua família.
Eu o olhei e sorri. Ele sorriu também, era a primeira vez que eu via seu sorriso aberto.
_ Papai, onde está a mamãe? Perguntou Ana olhando para os lados.
_ Não sei querida, vamos para casa, agora, acho que ela já foi. Disse ele atenciosamente.
_Então, boa noite para vocês, foi muito emocionante assistir aquele filme Ana. Falei abaixando um pouco e olhando para ela. Chorei muito. Sussurrei e ela sorriu.
_Você tem com quem ir? Perguntou Davi.
_Ah sim com o seu José, o motorista do ônibus. Tentei fazê-lo rir, sem sucesso.
_ Você pode ir com a gente. Disse Ana e pedindo ao pai para me levar.
Insisti que não, mas os dois estavam em acordo.
***

Ana falou do banco de trás do carro.
_ Papai, Antoniete chorou muito por causa do filme.
Fiz uma cara de brava e surpresa e disse que aquilo era segredo e que ela não deveria contar a ninguém, ela colocou a mão na boca e eu sorri.
_ Você contou meu segredo Ana, Estou arrasada, agora todo mundo vai saber que eu sou chorona. Falei. E fiz voz de choro. Ela sorria muito. Eu sorri também e me inclinei um pouco para trás para olha-la, isso me fez encostar um pouco no braço forte de Davi, que sorria também.
_ Espero que seu pai não espalhe. Falei baixinho.
_Acho que você vai ter que fazer algo para que eu não fale. Disse ele entrando na brincadeira.
_O que você quer que eu faça? Perguntei olhando para ele.
... Se for um beijo eu dou. Pensei.
Ele silenciou e disse.
_Imitar uma cachorrinha. Disse ele sorrindo.
_ Au!au! O que eu não faço para que não saibam que eu sou chorona. Sorrimos muito.
Os minutos até em casa foram muito divertidos.

_Tchau professora Antoniete! Disse Ana logo que me preparei para descer.
_ Tchau, linda, boa noite. Novamente encostei nele ao olhar a menina.
_ Professora, obrigada! Aquelas palavras da outra noite me fizeram ter esse tempo com minha filha. Disse ele.
_ Eu agradeço também por me defender ontem a noite. E agradeço também pela carona. Falei meio sem jeito.
Despedimos novamente e desci. Eles seguiram e eu entrei em casa.
A cada vez que eu encontrava aquele homem, algo crescia dentro de mim. Estava começando uma luta interior, não podia me apaixonar por ele porque,
... Ele é casado, casado, casado. Repetia Isso várias vezes.
Foi então que lembrei de kalleb, ... Ele é um cara legal e até onde sei é solteiro, vou focar nele e quem sabe eu me apaixone pela pessoa certa para mim?

***

Estava esperando o elevador e logo que abriu deparei-me com Dona Márcia, muito nervosa perguntou-me se eu havia visto Nathaniel, respondi que não. Ela disse que ele não está no quarto, já procurou por todo o andar e não o encontrou.
Ofereci-me para ajudá-la e fomos até a portaria pedir para olhar nas câmeras.
Senhor Garcia, o porteiro das segundas, olhou em todas as câmeras e nada do garoto.
Voltou duas horas antes os vídeos e lá aparecia Niel com mochila nas costas, saindo sorrateiro do prédio.
_Ele foi atrás do pai novamente. Disse Dona Márcia chorando.
_ Eu vou atrás dele. Continuou.
Voltou ao apartamento para pegar as chaves do carro, enquanto eu pedi a seu Garcia para interfonar ao apartamento de Evelyn e dizer que não daria a aula hoje, por motivo de força maior.

Fui com Dona Márcia, ela estava muito nervosa, se eu soubesse dirigir teria feito, ela estava muito rápido. Chegamos a rodoviária, nos separamos para perguntar se alguém o tinha visto.
A vendedora das passagens disse que viu um garoto com as características dele, mas estava com um homem que disse que era seu pai.
_ Aquele monstro roubou meu filho. Disse a mãe com muita raiva, entramos no carro ela acelerou, eu estava em pânico, ela chorava e falava mal do ex marido, comentou da discussão que teve com o filho na noite anterior.
Eu só rezava e pedia para ela ter calma.
A cidade do pai de Niel ficava a quarenta minutos, pela hora que saiu ele já deveria estar lá, por isso não fomos à rodoviária de lá, e sim direto à casa do pai dele.
Ao entrarmos na rua da casa, avistei ao longe um jovem muito parecido com ele, que caminhava pela calçada, ao nós aproximar ele entrou por outra rua, mas gritei o nome dele.

Era realmente o garoto, virou-se rapidamente, mais rápido a mãe parou.
_ Professora Antoniete disse surpreso ao me ver, e caiu nas lágrimas quando viu a mãe.
Ela o abraçou e a reação dele não foi diferente.
Nathaniel havia em fim descoberto quem era o pai, o encontrou bêbado e dormindo no sofá, a atual mulher abriu-lhe a porta, a imagem que tinha que o pai era um homem honrado desceu pelo ralo.
Ainda bêbado e ressaqueado atendeu o filho mau humorado e disse que ele era um idiota por fugir da casa da mãe.
Nathaniel saiu correndo e pensava como pediria desculpas a mãe por ter sido sempre tão grosseiro com ela.

Dona Márcia ouvia tudo o que ele contava, sentada ao lado dele, eu fiquei muito emocionada e claro, chorona como sou, chorei também.
Ela queria ir a casa do homem, eu a aconselhei que seria muito difícil para Niel, era melhor deixar como estava, afinal aquela situação foi difícil, mas o fez aprender um pouco mais.
Ela agradeceu-me, aceitou meu conselho e voltamos para casa.

Preparar-se para aula da tarde...

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