Pais

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Capítulo 5 - Pais


"Então você decidiu contar para ele?" Chanyeol me perguntou, sentado ao meu lado numa praça que havia perto do colégio. As aulas haviam terminado há pouco tempo, mas nós dois desviamos do caminho de casa para pegarmos um sorvete. Meus enjoos finalmente estavam desaparecendo e isso era um alívio... Exceto pelo fato de que isso queria dizer que eventualmente eu iria começar a engordar.

Desde o início da gestação eu já havia perdido quase dez quilos. Oito e meio, para ser mais exato. Eu estava mais magro do que me lembrava de já ter estado, sem nenhuma gordurinha acumulada na barriga, ou em lugar nenhum; fazendo algumas calças minhas ficarem largas e minha aparência meio adoentada, principalmente se eu não corrigia um pouco da magreza do meu rosto com as maquiagens da minha irmã. Seria bom ganhar alguns quilos, o problema era que eventualmente eu não conseguiria esconder o que estava acontecendo.

Isso me apavorava.

Porque eu nem sabia o que iria realmente fazer ainda.

"Vou. Eu prometi na semana passada e acho que... Sei lá, Yeol, ele é o pai, entende? Ele é o pai e está disposto a me deixar conhecer a mãe dele. Sei que Sehun é provavelmente a última pessoa da face da Terra com a qual a maior parte das pessoas iria querer ter um filho, mas se tem alguma chance de ele realmente aceitar essa criança... Não é justo que eu tome a decisão de abortar." Isso sem contar que se eu tivesse a chance preferia não ter que carregar aquela decisão comigo. Não queria matar meu filho. Não queria que ele deixasse de existir.

Desde o dia em que eu havia confirmado o que estava acontecendo comigo eu já havia passado por milhares de fazes de negação, desespero e medo, mas também estava passando pelo processo de apego. Eu pensava naquela vida com muito carinho, quer dizer, ele era meu, certo? Era uma vida que dependia completamente de mim e que não deixava de ser uma parte da única pessoa que eu já havia amado na vida. Claro, dezesseis anos eram bem pouco tempo para que eu acreditasse que tinha muita experiência de vida, mas eu amava Sehun e aqueles dezesseis anos eram tudo que eu possuía como referência.

Para mim era importante.

"Acho que é a primeira vez que te vejo ser sensato desde que nós descobrimos da gravidez." O Park soltou o celular que estava verificando com uma das mãos, enquanto segurava a casquinha do sorvete com a outra. "Independentemente de eu gostar ou não desse cara, ele é o pai. O mínimo que vocês deveriam fazer é decidir o futuro desse bebê juntos. Ele é o adulto, não é?"

"Eu não acho que ele tenha mais ou menos culpa do que eu." Trouxe uma das pernas para perto do peito, passando a língua pelo sorvete de creme, meio encolhido. "Eu sei que ele tinha mais experiência sexual do que eu e que deveria ter medido os riscos, mas eu também não sou retardado; tive aulas de prevenção e contracepção e não usava nenhuma. Eu fui burro pra caralho... E ando sendo inconsequente há bastante tempo, você mesmo disse isso."

"Fazer uma tatuagem sem seus pais saberem, beijar o tatuador e depois perder a virgindade com ele? Imagina! Nada de inconsequente nisso. Mas admito que a gravidez talvez tenha sido um pouquinho de inconsequência." Chanyeol pontuou, com o cinismo estampado na voz e um sorriso nos lábios. Ele não havia me julgado em momento nenhum, mas definitivamente tentou me avisar o tempo todo que eu estava tomando uma série de decisões erradas. Chanyeol era um excelente amigo, mas eu tive muita dificuldade em lhe dar ouvidos.

"Cínico." Empurrei seu ombro, mas estava me sentindo relativamente bem. No caos que minha vida havia se tornado, eu achava que havia encontrado um abrigo temporário. Se Sehun realmente fosse lhe aceitar, como estava torcendo para que acontecesse, sentia que conseguiria segurar a barra. Eu daria um jeito.

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