Capítulo 8 - Versões
O que não contam sobre estar grávido, é que você passava metade do seu tempo extremamente cansado, ou indisposto. Não contavam que você chorava sem motivos plausíveis, nem que de tempos em tempos você sentia uma pontada no ventre, que sempre acabava te deixando um pouco desconfortável... Ninguém falava sobre isso porque estar carregando uma vida era um dos atos mais bonitos do mundo e passar por essas pequenas coisas não deveria ser seu foco de atenção.
Pelo menos eu não havia chego na fase dos gases e do inchaço nas pernas, mas eventualmente aquilo aconteceria também. Estava tentando me conformar com isso.
Assim como estava tentando lidar com a nova relação que eu possuía com Oh Sehun, que permanecia o mesmo poço de calma que havia sido desde que todo aquele inferno começou, ao passo que eu me afundava aos poucos, sempre sentindo que a única pessoa que estaria ali para mim em cem por cento do tempo, era Park Chanyeol.
Que não podia passar cem por cento do tempo comigo, em parte por ele provavelmente ter algo melhor para fazer do que ficar sentindo na pele minhas crises de humor, em parte porque eu morava na casa de Sehun, e ainda não me sentir confortável o suficiente para simplesmente sair levando pessoas para dentro sem lhe pedir permissão. E em parte porque eu não queria ter outra crise de paixão por ele, principalmente estando sensível daquela forma.
Por isso, no geral, eu passava as tardes sozinho, assistindo televisão enquanto permanecia deitado no sofá. Era comum que eu dormisse em algum momento daquele processo - sono eterno, sabe? -, mas acordava antes que Sehun voltasse do estúdio de tatuagem, para colocar pelo menos minhas coisas no lugar. O tatuador era um desorganizado por natureza, entretanto eu não me sentia no direito de transformar sua bagunça numa completa cacofonia, juntando a minha com a dele... Na verdade, com a minha falta do que fazer, eu vivia arrumando as coisas dele também. Há semanas o apartamento estava com tudo em seus devidos lugares.
Só que naquela tarde eu não acordei.
Quer dizer, eu fiquei num limiar de consciência quando ouvi a porta ser aberta, mas não ao ponto de realmente me fazer despertar. Eu estava com sono e Sehun nunca assistia à televisão, então ele poderia me deixar ali quietinho.
Mas ele não deixou.
Apesar de mal ter feito sons, provavelmente tentando preservar meu sono, Sehun chegou até o sofá com os pés descalços – se ele estivesse de sapatos jamais conseguiria fazer tanto silêncio –, não demorando nada para passar um dos braços no nível dos meus ombros e nuca e o outro na parte de trás dos meus joelhos, carregando-me com facilidade pelos corredores do apartamento, até que eu sentisse vagamente meu corpo ser apoiado numa superfície mais macia do que a do sofá.
Sehun puxou o cobertor para cima, me cobrindo depois de sentir nos meus braços que eu estava gelado.
Então houve um momento de silêncio total. Eu não ouvia sequer a respiração dele próxima de mim. Sabia que ele estava sentado na ponta da cama – que ele usou de apoio para me deitar -, mas permanecia estático.
Em seguida senti seus dedos perto da minha testa, tirando a franja da frente dos meus olhos com delicadeza, quase como se estivesse me fazendo um cafuné. Foi um pouco inesperado, já que eu conseguia facilmente visualizar Sehun aproveitando meu sono para ir babar em cima da minha barriga gestante, mas não com carinhos que fossem realizados diretamente para a minha pessoa.
Para a incubadora.
O fato foi que aquele carinho começou a me puxar de volta para a total inconsciência... Que me tomou totalmente pouco depois de eu vagamente ouvir uma campainha tocando.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Antagonismo
Фанфик[SeBaek] Sehun era preto no branco, era um pilar inabalável no meio do caos; era tintas, tatuagens e uma marca à ferro em minha pele. Ele era neve e o significado literal do bater das asas de uma borboleta numa teoria clichê. Ele era tudo, na parte...