Maddy
Infelizmente estou indo embora da Grécia, pois já faz oito dias que minha mãe morreu e estou indo morar com meu pai no Brasil.
Minha mãe foi mais uma vítima do câncer no cérebro, já fazia três meses que meus pais haviam se separado quando a mesma teve o diagnóstico, tudo isso foi muito pesado para nós.
Minha família tevê sua maneira de lidar com todos esses problemas, meu irmão virou um galinha, pegava todos e todas e sempre dizia que “se era ser humano ele passava o rodo” sem se importar se a pessoa era comprometida ou não, minha mãe ficou obcecada por jardinagem, sempre estava no nosso jardim conversando com as plantas, ela parecia a branca de neve doente e louca, e meu pai simplesmente arrumou outra pessoa e foi pra outro país, pouco tempo depôs se sentindo muito culpado ele pediu para irmos morar no Brasil mas nem eu nem meu irmão queríamos deixar a mamãe sozinha numa situação tão ruim quanto a dela, mas, agora com o falecimento dela e minha incapacidade de morar sozinha (segundo meu irmão, ele convenceu meu pai) estou indo obrigada para São Paulo.
Apesar de não ter deixado nada para trás, sentirei falta dos pontos turísticos de Atenas. Meu irmão gêmeo também ficou muito triste, por outro motivo é claro, perder todos os contatos deve ser difícil, eu tenho certeza de que assim como eu vou conhecer os pontos turísticos de São Paulo pela internet ele pode conhecer novas pessoas.
Mas que falta de educação a minha, nem me apresentei... Bom me chamo Madson Demetriou mas todos com quem eu tenho intimidade me chamam de Maddy, tenho 18 anos e fui diagnosticada com depressão aos 12 anos, pouco tempo depois do divórcio de meus pais, nos três últimos meses antes do diagnóstico minha depressão só ia de mal a pior e quando minha mãe adoeceu ela e meu pai decidiram que seria melhor eu estudar em casa.
Não demorou muito para meu pai arrumar uma nova pessoa, no começo fiquei muito brava e não fui no casamento deles, achava injusto minha mãe sofrer com a doença e ter que cuidar de mim e do meu gêmeo enquanto meu pai vivia uma vida boa com a nova esposa. Eu pensava que meu pai traia minha mãe que o amava tanto com outra mulher e achava muito estranho a animação dela com o casamento dele já que eu sabia que ela o amava de verdade, então descobri que meu pai é gay! Fiquei confusa e feliz ao mesmo tempo, depois que minha mãe em explicou que meus avós não aceitavam a sexualidade dele e eles o ameaçaram dizendo que se ele não se casasse e tivesse filhos o deserdaria e não pagariam sua faculdade, mamãe, que era amiga dele de faculdade se ofereceu para ser sua esposa e ter seus filhos sem pedir nada em troca, achei tão fofo e lindo da parte dela que comecei a chorar, como meus avós morreram meu pai saiu do armário e se casou com esse cara que eu vou morar, me sinto arrependida de não ter ido no casamento deles, meu padrasto teve a vida um pouco parecida com a do meu pai mas os pais dele finalmente aceitaram ele ser gay....
- Vai dar merda pai.
- Por que filha?
- Por causa dos remédios, eles vão barrar a gente e causar uma grande confusão. – Dito e feito um cão farejador se aproxima e começa a cheirar e a latir, logo os policiais começam revistar a gente e a fazer um monte de perguntas.
A pressão de responder suas perguntas de forma certa, a fúria em seus rostos, a vergonha de ser o centro das atenção com um motivo tão escandaloso, o olhar de reprovação de meu irmão e das outras pessoas do aeroporto fazem com que eu tenha um ataque de pânico e comece a me arranhar e chorar até que escuto a voz do meu pai e sinto braços fortes me abraçando.
- Os senhores não viram pra que servem os remédios? – eles concordam envergonhados. – Acho melhor nos liberarem se não quiserem perder seus empregos. – Os policiais nos deixam passar e eu só consigo me acalmar quando o avião começa a decolar.
- Madys? Posso te chamar assim né? Ou você prefere que eu te chame de Madson. – olho pro meu padrasto que estava meio nervoso e sorrio.
- Pode me chamar do jeito que o senhor se sentir confortável. Posso te chamar de pai?
- Claro que sim querida, seremos bem próximas vamos fazer compras, ir ao salão para fazermos nossas unhas e cabelos e muitos outros programas de mulheres, assim que chegarmos em casa vamos assistir um filme água com açúcar enquanto começo sorvete ou brigadeiro de panela está bem? – Dou um meio sorriso com a brincadeira dele e entro no clima.
- Ain padrasto vou adorar esse programa, mas tenho certeza que meu gêmeo vai gostar mais do que eu já que ele é bem mais afeminado né quiridu? – falo na gíria brasileira já que tivemos que aprender o português assim que meu pai veio para São Paulo pois ele queria preparar a gente pra quando tivéssemos que visitar ele.
- Eu? Afeminado? – ele afina a voz. – Claroooo quirida, adoro esse tipo de programa.
Todos os passageiros riem com a gente.
- Filha espero que você não fique triste por morar longe do seu namorado. – Jonas diz se inclinando na minha direção do outro lado do corredor me fazendo parar de rir.
- Eu não tenho namorado.
- Vocês terminaram por causa da distância?
- Não! Eu não tenho e não tinha um namorado.
- Então sua namorada...
- Nem namorada.
- Mentira!
- Verdade! Eu nunca conheci ninguém que me interessasse.
Clóvis se intromete.
- Por que não quis. Mal saia de casa e quando saia não falava com ninguém, não dava bola e ignorava quando alguém te cantava.
- Exatamente! Clóvis eu posso até ser sua irmã gêmea mas não sou parecida com você nesse aspecto e não sou você, nunca quis conhecer ninguém só quis estudar...
- Mas agora você vai conhecer alguém. – diz meu padrasto me dando um susto.
- Não sei...
- Comigo não tem essa de não sei, o cara não precisa ser um príncipe encantado...
- Até por que em Shrek vemos que nem todo encantado presta. – Completa meu pai dando corda ao meu padrasto, mas que traidor, pensei que eu fosse sua bebezinha e que ele não quisesse que eu namorasse, além do mais ele cita um dos meus desenhos favoritos para tentar me convencer.
Cruzo os braços e bufo enquanto meu padrasto continua falando.
- Você vai encontrar o cara que vai te fazer feliz e você vai faze-lo se sentir o homem mais feliz e sortudo do mundo. – Ele sorri para meu pai apertando sua mão depois que fala e eu viro o rosto com lágrimas nos olhos pensando na minha mãe que sofreu tanto após o divórcio.
Não quero dizer a eles o verdadeiro motivo de eu não querer namorar, não contei nem para a minha mãe, quem dirás para eles que nunca entenderiam. Fecho os olhos e fico pensando na Grécia que deixei para trás até o avião pousar no Brasil.
Ao pegar minhas malas na esteira depois que saímos do avião percebo como meu padrasto Jonas é alguns anos mais novo que meu pai, tem aparência de um homem de 30 anos, mas segundo o que Clóvis me disse ele tem 39, usando um terno cinza, seu cabelo castanho e sem barba ele parece um bebê comprado a meu pai que já aparentava ter seus 45 anos.
JONAS:
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Os Irmãos Do Meu Padrasto ( Reescrito Em Outro Perfil No Caso Esse)
RomanceMadson vai embora do seu país depois da morte de sua e tem sua vida balançada por três pessoas que entra em sua vida...