ONE

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Salve

Gostaria de avisar que: essa será uma one shot bem curtinha, sem muito aprofundamento nos problemas da vida tanto do Louis quanto de Hazza. Quis manter tudo neutro, como se estivessem assistindo um filme em terceira pessoa. Assim, vocês acabam imaginando por si só os sentimentos e pensamentos dos personagens e esse era meu intuito.

Espero que gostem, é nois







A garoa fria da madrugada banhava as ruas de asfalto desertas, acompanhada da névoa que cobria o chão feito um véu de nuvens terrenas. As luzes amareladas, providas dos poucos postes que se encontravam em funcionamento naquela área da cidade, iluminavam a loja de conveniência que possuía uma brilhante placa vermelha de "aberto vinte e quatro horas"

Um conjunto de jaqueta jeans preta, surrada igualmente aos tênis vans tamanho 39, camisa de uma das inúmeras bandas de rock punk que caíram no esquecimento após a criação das campanhas contra o aborto, e uma calça jeans que algum dia já havia tido a tonalidade azul.

Sentado no ponto de ônibus. Uma das pernas dobrada sob o banco gélido, pichado com palavras indecifráveis (acompanhadas de alguns símbolos, possivelmente satânicos), enquanto a outra perna balançava para frente e para trás, pendendo á alguns poucos centímetros da calçada abaixo de si.

Encarara sua perna por alguns segundos, vendo como ela se movia ao espantar a névoa que tentava fervorosamente encobrir seu pé, mas falhava. Pensara em como era baixinho.

Sempre odiara sua altura.

Apalpou o bolso de sua jaqueta, agradecendo mentalmente á qualquer entidade que fosse conhecida por proporcionar cigarros milagrosos ás 4:47 da manhã. Enfiou a mão no bolso e retirou um maço de cigarro que se encontrava pela metade, junto de um isqueiro prata com o nome "Tomlinson" cravado no metal.

Se seu pai soubesse que usaria aquele isqueiro para se aproximar-se cada dia mais de um câncer de pulmão eminente, definitivamente não teria o presenteado com tal.

Enquanto segurava o isqueiro, observou por um segundo o esmalte preto descascado sob suas unhas. Sequer se lembrava de qual havia sido a ultima vez que pintara as unhas.

Era compreensível, pois estavam uma merda.

Retirou um dos cigarros da caixinha amassada e guardou-a no bolso. Colocou-o entre seus lábios e, após três tentativas falhas de acender o isqueiro, finalmente o fez.

Tragou, fechando os olhos por um momento no intuito de focar toda sua atenção na sensação da fumaça rasgando sua garganta e adentrando seus pulmões tão ferozmente quanto os romanos invadindo os castelos da Pérsia.

Abriu os olhos novamente, soltando de forma lenta toda a fumaça que havia dentro de si. Ela parecia não ter fim.

Levou o olhar até o horizonte de asfalto, analisando como aquela rua iluminada por meia dúzia de postes capengas aparentava tão fodidamente vazia á aquela hora da madrugada.

Na verdade, tudo aparentava estar fodidamente vazio. Principalmente seu corpo, por mais que ele se encontrasse inegavelmente cheio de fumaça.

E continuaria assim. Da mesma forma que eram todas as madrugadas que Louis passara naquele lugar que lhe proporcionava uma sensação horrível, mas que com o tempo havia o viciado completamente.

Louis tinha o péssimo hábito de criar vícios por situações, lugares e pessoas ruins. Era seu fardo desde sua primeira primavera, e aprendera a lidar com a sensação ao passar dos anos.

Porém, aquela noite não seria mais uma como as inúmeras outras. E Louis soube disso quando a imensidão do asfalto banhado pela luz amarelada deixou de ser seu foco, ao que tornava-se visível uma pessoa arrastando seus pés de forma sôfrega sob a calçada de granito.

Empty Night | One Shot L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora