Capítulo I - Lenda

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Orgulho era o que me definia ao ver meus homens com várias sacas de ouro e prata, bebidas e comidas que acabamos de roubar. Os gritos dos cidadãos eram música para meus ouvidos enquanto eu pegava meu mapa para riscar e continuar para a próxima ilha, que era mais longe, e com toda certeza, mais perigosa.

— Capitão Jeon, está tudo pronto. — ouço a voz do meu imediato, Kim Namjoon, que estava com um grande sorriso enquanto brincava com uma moeda de ouro, meu amigo de longa data. — Todos estão seguros na medida do possível, sem mortes para sua tripulação, Capitão.

— Algum mutilado? 

— O novato perdeu a mão. — ri Namjoon, pegando uma garrafa de rum, tomando e jogando um pouco para o mar para ter águas boas para nossa viagem. 

— Perfeito, para o novato dê 300 moedas, não é um olho ou um braço. Para o resto dos marujos machucados, dê o grog*. — falei vendo os marujos ajustando as velas e cordas, ficando no meu lugar ao timão e sentindo o vento no meu rosto com cheiro do mar, a sorte estava ao meu favor.

Fui adotado pelo antigo capitão, Jeon Cho. Eu era uma criança pobre que invadiu o barco à procura de comida, como todas as crianças daquela maldita ilha dos piratas, conhecida como "Fim de mundo".  Filhos de prostitutas com algum pirata que atracavam à procura de bebida e mulheres, eram abandonados à própria sorte. Nem lembro do rosto da mulher que me deu a luz, porém, lembro quando o marujo agarrou os farrapos que eu usava como roupa, tentando tirar o pão que estava comendo. Na raiva e desespero de ter meu único alimento em semanas tirado de minhas mãos, peguei o pedaço de vidro em volta em tecido e enfiei na mão daquele homem, que gritou enquanto me eu encolhia para longe dele, correndo o mais rápido possível quando ia ser chutado, ou até mesmo morto, por uma espada, mas algo o impede.

Era o capitão daquele barco. Ele era assustador com as suas vestes negras, cabelos compridos e barba longa com jóias penduradas ao seu redor, tendo uma cicatriz em seu olho esquerdo e um piercing no lábio inferior.

— Capitão Jeon, esse ladrãozinho de pão enfiou esse vidro na minha mão. — ouvia aquele homem que gritava com raiva, mostrando minha única arma que eu tinha para me proteger de ser morto por diversão durante as noites frias, piratas bêbados eram perigosos.

— Uma criança corajosa, tenho que admitir. A fome é a pior tortura, não é, garotinho? — pergunta colocando aquela espada perto dos farelos, me fazendo o chutar, pegando e enfiando na minha boca. 

— Jungkook é meu nome, não garotinho. — falava enquanto lambia meus dedos.

— Mentiroso, crianças abandonadas não tem nome. — fala possesso aquele homem que eu tinha machucado, pegando meu braço e me fazendo levantar.

— Eu me dei meu nome, seu merdinha. — falei tentando sair de suas mãos imundas enquanto ele me levava para fora do barco, que ainda estava perto da ilha, então dava para nadar de volta.

— Espere aí, meu caro amigo. — fala o capitão com um sorriso de lado, chegando perto da gente e fazendo um sinal para o cara me deixar no chão. — Jungkook, vamos para minha cabine.

Ele segura minha mão com delicadeza, foi o primeiro ato de afeto que alguém fez comigo em todos os meus dez anos de vida. Ao entrar em sua cabine, além de grande com uma cama no centro, tinha um armário perto da janela. Também tinha uma mesa cheia de comida e largando minha mão, com o toque em minhas costas, foi dado permissão para eu desfrutar daquele banquete.

E eu comia aquelas frutas, pães e peixes frescos de forma desesperada, pegando tudo na mão. Parei notando aquela taça de ouro grande, fazendo meus olhos brilharem tentando pegar, mas fui impedido.

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