Prólogo: subreality show

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Testando... Testan... Horrível... ó, melhorou, mas ainda não tá bom... Testando... Isso! O áudio tá ok. Desligando o microfone em três, dois...

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Há grande agitação na entrada do ainda não inaugurado restaurante Satisfeitos Para Sempre. Pela porta aberta, um homem alto forte e de cabelos escuros sai carregando caixas de papelão. Adentrando alguns centímetros, chegando à recepção, onde uma moça de cabelos loiros e elegante vestido rosa dorme profundamente sentada em uma cadeira de plástico com logo de empresa de cerveja, encontra-se um rapaz com olheiras, de cabelos pretos e roupas que poderiam muito bem ser um pijama, o qual falha em não olhar para a câmera enquanto diz ao telefone:

— Sim, mamãe, que vacilo meu não ter te contado. — Dramatiza ao máximo, erguendo os braços nada naturalmente. — Eu estou no restaurante Satisfeitos Para Sempre... Sim! Aquele que fará parte do... Espera aí... — Pausa, tirando um papel do bolso e lendo rapidamente. — Aquele que fará parte do incrível reality show Era Uma Vez Uma Celebridade, composto por subcelebridades, memes esquecidos e famosos cancelados! — conclui, guardando o papel e sorrindo exageradamente.

— Cinderela, você é um péssimo ator — constata o homem alto, frio, voltando para dentro.

— Para de deixar na cara que é atuação, caralho — briga o outro, cochichando alto demais. — Não é minha culpa se me entregaram o roteiro hoje.

— Hm — resmunga, indiferente. — Faz alguma coisa útil e me ajudar a tirar o resto das coisas inúteis do estoque.

— Infelizmente pra você, Encantado, eu tenho coisas mais importantes a fazer. — Para de falar quando um pequeno fone em seu ouvido se acende. —... Não dá pra gravar de novo?... Ugh, tá bom, né, vocês que me pagam mesmo. Digo... — Olha para a câmera, desesperado, e então força um sorriso. — Todas as minhas reações e de todas as outras pessoas nesse estabelecimento são completamente espontâneas, haha.

— Anda, dondoca — chama Encantado, virando à direita no corredor de entrada e abrindo a porta do estoque, lotado de caixas cheias dos mais diversos objetos.

— Em que contexto dois sabres de luz de plástico vieram parar num restaurante? — questiona Cinderela, erguendo as espadas verde e vermelha.

— Não é a coisa mais estranha que encontrei aqui — comenta o outro. Numa caixa pouco afastada dos dois, há um tubo de sabonete de clareamento da parte em que o sol não bate. — Mas, de qualquer forma, devolve eles pra caixa e tira ela daqui.

— Oooou... — Estende um dos brinquedos pra ele, sugestivo.

O rapaz o encara, com sua face preenchida de ódio e arrependimento, antes de responder:

— Sem chance.

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Na área principal, onde há mesas e cadeiras empilhadas, Jasmine, a gerente, corre de um ponto ao outro, dando instruções a cada funcionário sobre o que devem fazer.

— Peter — chama o nome do homem de aparência jovial, cabelos ruivos e pele retinta. — Como está indo a remoção dos chicletes das mesas?

— Tô tirando o máximo que posso, mas por algum motivo continuam aparecendo mais.

Ouvindo de longe, disfarçadamente, Branca de Neve esconde sua caixa de chicletes de 60 unidades atrás do balcão do barista e continua varrendo o chão, assobiando melodicamente.

— Ok, me avisa quando terminar, mas, antes disso... — Jasmine dirige seu olhar à recepção. — Acorda a Aurora pra mim, por favor.

— Pode deixar! — responde, dirigindo-se à cozinha.

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⏰ Última atualização: Oct 27, 2020 ⏰

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