No decorrer da história humana, nota-se uma sujeição contínua e generalizada do pensamento individual ao meio coletivo. Conquanto, enquanto inserido em um âmbito cultural, é inerente ao ser humano a sujeição aludida. Torna-se problemática tal sujeição a partir do momento em que aflige o mais profundo alicerce que une coração e mente, os valores e as capacidades de julgamento exclusivas à cada indivíduo enquanto detentor de uma jornada de crescimento que lhe permitiu tal diferenciação, a despeito de, à primeira vista, possam ser aspectos supostamente individuais, apenas resultado de um intenso imperialismo ideológico.
Essa problematização evidencia-se ao longo de toda a história, com a imposição massificada de mentalidade atribuída à Igreja Católica aos residentes da Europa medieval, o totalitarismo presente no período entreguerras e na Segunda Guerra Mundial e, sobretudo, na atual era da informação, objeto que continuamente torna-se o "guia espiritual da humanidade", pelo menos das que têm acesso à ela de forma facilitada. Desmistificando tal enunciação, pode-se dizer que a informação assumiu o papel de ditadora, ou uma imagem que possa assemelhar-se ao termo, algo que controla as massas, utiliza a priorização do coletivo sobre o individual como justificativa para seu domínio, quando, na realidade, "debaixo dos panos", na linguagem coloquial, dissemina desinformação e leva os atuais indivíduos para uma cova já encontrada no passado, cova esta que os levara a fins trágicos, como aos regimes nazifascistas ou ao stalinismo (aqui ignorando ligeiramente o caráter revolucionário e humanitário).
Destarte, é possível afirmar que atualmente nota-se uma manipulação do pensamento individual que destoa de períodos históricos anteriores, ainda que essa manipulação esteja intimamente associada ao contexto histórico e geográfico em que o indivíduo está inserido, no contexto vigente, o fluxo caótico informacional, característico do processo de globalização, sujeita os indivíduos, em escala global, à manipulação de mentalidade de forma sem precedentes. Essa manipulação pode criar graus incontáveis de caoticidade, simples "fake news" (supostamente), cuja disseminação faz-se por meio de indivíduos pouco interessados na origem do suposto fato noticiado, apenas encantados, provavelmente, com a manchete chamativa e sensacionalista, se espalha de maneira impensável, podendo levar à consolidação de situações anteriormente também impensáveis na realidade, como a eleição de um candidato político pouco cotado, o fortalecimento de movimentos que escandalizam a saúde pública (como os movimentos anti-vacina) ou o apoio a propostas reformadoras sociais e econômicas pouco realistas. Ou seja, o contexto histórico vigente, ao se beneficiar do intenso fluxo de informações, característico da globalização, permite a fertilização da fragilidade mental nos indivíduos, de modo que estes tornam-se "preguiçosos", levando-os a disseminar "fake news", assumir ideologias pouco aplicáveis à atual realidade ou coisas semelhantes, sem ao menos procurar justificar seu próprio ideário, suas atitudes, com base em fontes legítimas de conteúdo teórico, como os clássicos livros.
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A Autonomia de Pensamento enquanto precursora da Maturidade Intelectual Humana
Non-FictionNeste ensaio, exponho ideias e opiniões adquiridas em minha jornada de amadurecimento intelectual e, sobretudo, humana acerca do meio opinativo e do ideário que me circunda, revelando indignações e contradições constantes nesse meio.