Capítulo 1

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POV CRISTINA

Você já teve um daqueles dias em que teve a certeza de que algo muito extraordinário iria acontecer em sua vida. Algo tão fantástico, quase inacreditável? Pois é, foi com essa sensação que sai da cama as 5h00min da manhã. Se tem uma coisa que odeio detesto na vida é acordar cedo, tanto que meu turno no hospital começa depois das 9h00, o que me dá a possibilidade de ficar na cama as 8h30min, pois tenho o privilégio de morar à 15 minutos do meu trabalho, para onde vou pedalando todos os dias e é o momento em que encontro tempo para me exercitar.

Só que hoje a felicidade me transbordava e parecia que uma força maior me empurrava da cama e dizia: "Você está muito perto de realizar um grande sonho." Não sei se por conta da minha profissão, confesso que ao longo dos anos fui me tornando cética, mas ao contrário dos outros dias tinha certeza de tudo seria diferente.

Por morar só, não tenho o hábito de tomar café da manhã, o que fazia todos os dias enquanto morava com mamãe. É uma refeição que não gosto de fazer sozinha, por isso todo café no meu trabalho na companhia de meus amigos, hoje preparei uma omelete com queijo fresco, suco de melancia com gengibre, meu favorito, banana assada com canela e degustei do meu desjejum enquanto lia a minha planilha da rotina do dia e posteriormente algumas notícias. Dei uma passada e olho na agenda cultural. Fazia tanto tempo que não ia ao teatro. Me lembro que da última vez que fui, assisti a uma peça de uma atriz que gosto tanto, mas que sumiu a algum tempo dos palcos e telinhas, como infelizmente acontece com tantos artistas em nosso país. Fiquei hipnotizada em vê-la dançar, parecia tão linda, flutuando no palco. Fiquei com a nítida impressão de que estava enfeitiçada, deixando um namorado embuste que tive na época, todo enciumado. Me jogou na cara que nunca olhei para ele, do mesmo jeito que olhava para Carmen Fernandez, esse era o nome da atriz que me arrebatou.

Passaram-se mais de cinco anos e nunca mais ouvi falar qualquer coisa sobre ela.

É incrível como algumas pessoas são desaparecidas, colocadas no ostracismo!

Após o café, resolvi pedalar pela praia de Copacabana e depois um merecido banho de mar. Aquela hora a praia estaria vazia exatamente como gosto. Não suporto muvuca, por isso evito tanto ir à praia, além da minha falta de tempo.

Mamãe me dizia que eu deveria trabalhar menos, ter a minha família. Por ser filha única, ela está desesperada em ser avó, mas com a rotina que tenho é bem difícil. Nunca saio do hospital antes das dez da noite, sem contar os plantões de final de semana, então a possibilidade de conhecer pessoas para algum tipo de relacionamento é praticamente nula.

Tentei usar alguns aplicativos e meu Deus, cada canoa furada então me convenci de que o melhor seria ficar sozinha.

Claro que isso as vezes me frustrava. O desejo de ter uma família era algo meu também. Sonhava ter alguém me esperando quando voltasse para do trabalho, crianças correndo pela casa, fazer coisas simples junto, cozinhar à 4 mãos e poder ofertar a quem estivesse comigo, amor, carinho, companheirismo. As vezes me sentia transbordando em amor sem ter alguém para dar.

Quando retornei do meu passeio, próximo do horário de ir para o trabalho, tomei um novo banho correndo e fui trabalhar e cheguei no hospital num dia daqueles.

Logo fui comunicada de que tinha uma mastectomia total em uma jovem de 35 anos, sem contar que tinha mais duas cirurgias agendadas para aquele dia, fora as consultas, enfim um dia extremamente conturbado que se contrastava com a sensação maravilhosa que tive ao acordar.

No fim da tarde, com um laudo de uma histeroscopia em mãos, fui ao consultório do Dr. João Pedro pedir sua opinião e de repente, quem eu vejo me deixou totalmente embasbacada.

UMA NOVA CHANCE PARA AMAROnde histórias criam vida. Descubra agora