Sobre Deuses e Escolhas - Passado Recente - Parte II (Bônus 1)

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Centenas de anos se passaram desde aquele infeliz dia. Balder ainda não havia se casado com Sigyn, justamente porque os boatos de que a princesa seria estéril se espalharam, com grande rapidez, pelas planícies de Asgard e pelos outros reinos. Dessa forma, a pressão para que Balder desistisse da mulher foi muito intensa. Não lhe daria herdeiros e a linhagem morreria ali, mas ele estava relutante.

O assunto "Sigyn e filhos" não o interessava, na realidade, queria apenas provar que era o melhor e que sempre havia sido. Queria mostrar para todo mundo que ele, um simples plebeu, havia conseguido um posto de honra com o rei e iria ser o marido da princesa. Tornando-se um príncipe a partir dai. Almejava apenas a glória que aquele posto representaria e nada mais importava.

Hodr tentou convencer o irmão sobre desistir daquilo, mas apenas conseguiu fazer com que ódio que Balder nutria por ele aumentasse ainda mais. Acusava o irmão de ter inveja, porque conseguiu sobressair-se sobre todos os asgardianos. Dizia que não havia nenhum homem, em todo aquele reino, que não conhecesse seu nome. E não só em Asgard, mas em Alfaheim e Vanaheim também.

Desse modo, Hodr desistiu de seu irmão.

– Desculpe o meu atraso – falou a mulher ao aproximar-se do jovem ferreiro. – Tentei chegar mais cedo, mas as crianças acabam comigo.

– Tudo bem, Warla. Não se preocupe. – Estava sentado embaixo de uma árvore, em um lugar mais afastado da cidade. Um bosque que bem no meio tinha uma clareira. Era ali que ensinava tudo para a mulher.

Warla tirou a capa e a colocou por sobre o pano onde o homem estava.

– Hoje eu estou animada. – Ela sorriu. Não se sentou, mas ao invés disso, segurou na mão do homem para que levantasse. – Você está quieto, esses dias. O que foi?

– Não é nada – respondeu. – É que o casamento de Sigyn será em cinco semanas e eu estou preocupado. Balder não tem bons planos e ela é como uma irmã para mim. Não merecia esse destino desgraçado.

– Também estou muito preocupada – respondeu a ruiva. – Eu não a vi nesses últimos dias.

– É porque ela está em Vanaheim, com Loki. Semana da noiva, segundo comentou Sif. – Hodr posicionou-se um pouco distante de Warla. – Retornam em dois dias.

– E Balder? 

– Esqueçamos Balder. – Ele e respirou fundo. – Me ataque.

– Sim, mestre. – A mulher correu para cima de Hodr. Desde sempre, foi seu professor. Cuidava de seus ensinamentos em luta e todos os dias, depois que Warla saísse da escola onde atuava como professora, ia até aquele lugar para treinar com ele. Não houve nenhum único dia que essa não tenha sido a rotina dos dois. Hodr havia recebido os melhores treinamentos em luta, por ter crescido com os príncipes de Asgard e por ser filho de um dos soldados, mas pouco a usava. Era um homem de paz.

Em um golpe, tentou dar uma rasteira em Hodr, mas acabou no chão. O homem aproximou-se e se pôs em cima da jovem, beijando-lhe os lábios em seguida. A havia pedido em casamento duas semanas antes e Warla aceitou. Eles se gostavam, mas não tinham coragem de admitir. Precisou de um grande empurrão por parte de Thor para que Hodr tivesse coragem e contasse  o que sentia. A partir dali, receberam um apoio tremendo por parte dos amigos e das famílias, mas o povo asgardiano sabia ser cruel. Hodr era cego e, aos olhos de todos, um inválido. Mesmo que tenha demonstrado que sua cegueira em nada interferia.

Warla não ligava. O amava com todas as forças que tinha. Não importava se conseguiria vê-la algum dia. Hodr a amava por ela ser quem era e não por sua beleza. A ruiva passou a mão no rosto do deus, sentindo a pele dele em seus dedos. O achava lindo desde muito jovem. Descobriu que amava Hodr antes mesmo de entender o que era o amor.

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