Personal

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Depois de uma manhã cheia de emoções, a tarde estava bem tranquila, como não dei as aulas, terei que trabalhar na sexta feira e infelizmente não irei a Cactus novamente.

Mateus hoje estava insuportável, ele é o aluno mais difícil que tenho, porque não quer aprender e tem atitudes machistas como o pai.
_ Quando meu passe for vendido para um time estrangeiro, você vai ver como eu vou ficar rico, comprar carros e casas e ter uma mulher para cada dia da semana. Disse ele.

_ Mulher não é objeto Mateus, para você usar e largar no outro dia, e se continuar sem querer estudar vai acabar sozinho e pobre. Falei, um pouco chateada com os pensamentos que o filho herdava do pai. 

Enquanto ensinava-lhe a lição de casa, o interfone tocou, pouco tempo depois, Telma que trabalhava no apartamento veio me avisar que eu deveria ir ao décimo segundo hoje para dar a aula de Ana. Estranhei mas suspeitei que os pais houvessem trocado os dias, ou mesmo houvessem se acertado.

***

_ Olá! Não conheço você. Falei à empregada que me atendeu.

_Sou nova aqui. Me chamo Rosa. Comecei na segunda-feira.

_Sou a professora da Ana e me chamo Antoniete.

Rosa tinha por volta de trinta e poucos anos e parecia uma mulher bastante ativa, além de ser sorridente.

Logo que me viu, Georgina cumprimentou-me rapidamente e disse que Ana me esperava no quarto, pois como hoje era o dia de Davi ficar com Ana mais haviam trocado, o personal trainee dela viria até ao apartamento para a sessão de exercícios de hoje. Antes que me dirigi-se até ao quarto, ela insistiu em dizer que as roupas de sua loja estavam com um preço ótimo. 

Não sou de negar ou depreciar uma mulher quando a acho bonita, Georgina tinha um corpo perfeito, o rosto de princesa e o cabelo magnífico. Eu entendia porque aquele homem tão belo havia se apaixonado por ela, aposto que foi amor a primeira vista.

_ Darei uma passada lá, na próxima vez que for ao shopping. Falei.

_ Você vai a academia? Perguntou ela.

_ Não gosto, prefiro caminhar e as vezes vou a aula de aeróbica. falei sem jeito. Fazia algumas semanas que não ia, me sentia tão bem, quando ia mas ultimamente, a preguiça associada ao tempo corrido eram uma ótima desculpa para não ir.

O telefone dela tocou e ela me ignorou totalmente depois disso, fui ver minha aluna que já estava me esperando em uma mesa pequena de bonecas, as xícaras e o bule rosa estavam juntos com os cadernos e os lápis. 

...É sério que ela quer eu me sente nessas cadeira pequena? Minha bunda não vai caber aqui. Tudo porque ela não pode ficar um dia sem malhar, ai que fútil!.

_Ana querida, você fica na mesinha e eu fico aqui na cama. Falei  à garota que ficou muito feliz ao me ver, serviu chá, pediu para que eu sentasse, foi mais educada do que a mãe. 

Depois de meia hora minhas costas já não estavam aguentando, aproveitei que Ana estava fazendo a atividade e resolvi pedir a Rosa uma cadeira.

Nunca deveria ter saído do quarto àquela hora. No sofá ele a beijava de uma maneira enlouquecida, ela passava as unhas nas costas dele e o fogo tomava conta, mãos deslizavam por cima das roupas coladas e suadas, aquilo era uma loucura.

Fiquei parada no corredor e voltei de costas, porém quando dei o primeiro passo, Ana estava detrás de mim e esbarrei nela.

_Mãe?! A garota viu o que não deveria.

Imediatamente os dois se soltaram, o personal fortão, malhado e moreno ficou sentado com uma almofada nas pernas e Georgina tentava arrumar os cabelos. Tentei levar Ana ao quarto, mas foi em vão ela se aproximou ainda mais da mãe. 

_ Você não deveria estar estudando no seu quarto? perguntou ela sem jeito.

_Sim, mas a Antoniete saiu e eu vim atrás dela. Disse a garota inocente.

... Me lasquei. Pensei, ela vai pensar que eu estava espionando.

_Eu vim pegar uma cadeira por que...

_ Porque aquela não cabe você... me interrompeu Georgina com a voz sarcástica e o olhar furioso.

Volte com sua professora para a aula, mamãe estava ajudando o tio Dani porque caiu um cisco no olho dele, imediatamente o homem colocou a mão no olho e fingiu estar doendo. A garota olhou para ele desconfiada, mas obedeceu à mãe, quando ia acompanhando-a, Georgina falou:

_Professora, você não ia pegar a cadeira? Estremeci, me virei peguei uma cadeira na cozinha com Rosa que nada sabia do acontecido e voltei para o quarto sem ao menos olhar na direção deles, mas sabia que estavam me olhando e ela com ódio de mim.

Aquela última meia hora durou uma eternidade para passar. Eu queria ir embora eu sabia que a qualquer momento aquela mulher iria me confrontar.
Eu não tive culpa, quem mandou ela ficar se esfregando com outro cara na sala. Quando pensei isso lembrei de Davi, será que foi por desconfiar dela que eles estavam separados? Ela temia que lhe contasse.

Quando em fim arrumava minhas coisas para ir, ela chegou à porta do quarto. 

...É agora que ela me pega. Pensei.

_Ana querida! como foi a aula? perguntou ela me cercando como uma cobra para dar o bote.

A garota respondeu que foi ótima, agachou- se próxima a filha e disse que havia ligado a TV no desenho preferido dela. Ana me chamou para ir com ela numa felicidade, mas a mãe disse que precisava falar comigo.
... Jesus Cristo, é agora ou nunca.
_ O que você viu hoje, não é nada demais, acontece entre homem e mulher. Disse ela.
_ Acontece?! Falei.
... Que língua essa minha, por que eu disse isso? Pensei.
_ Isso não vem ao caso, quero que você tente convencer Ana que aquilo não foi nada demais. Disse ela se olhando no espelho do guarda roupas da filha.
_ Eu?! Me desculpa, mas contra fatos não há argumentos, ela viu vocês. Falei.
_ Ela é uma criança, pode ser convencida. Insistiu ela. E não quero que comente com Davi, estamos nos dando um tempo, mas ainda somos casados.
_ Eu não entendo isso, porque vocês não se separam de uma vez, assim será menos confuso para Ana, como a mãe dela que sempre esteve junto ao pai beija outro homem?
... Estou cavando minha sepultura, desafiando essa mulher, eu sei.
_ Você está interessada no bem estar de Ana ou em meu marido? Perguntou ela se aproximando de mim.
_ A senhora está confundindo tudo, ao contrário de certas pessoas eu respeito um homem casado, e não se preocupe não será por mim que ele saberá de qualquer passo que a senhora dá. Falei encarando-a e me dirigindo à porta.
_ Você é bem atrevida Professorinha, não esqueça que a maioria das mães dos seus alunos são minhas amigas e elas acreditariam em qualquer história que eu lhes contasse.  Disse ela quando eu estava à porta. Depois disso sai.

Beijei Ana que estava na sala, me despedi de Rosa e sai.

Parei um pouco na cafeteria, senhor Ícaro estava lá, tomei um suco e croissant.
_ Você estava sumida minha jovem. Disse ele logo que sentei.
_ Sim, senhor Ícaro o tempo está corrido e muita coisa está acontecendo. Falei ainda tensa.
_ Você parece nervosa, querida. Seja o que for acalme-se tudo vai dar certo no final.
Conversamos por um bom tempo, não contei nada para ele sobre o acontecido, mas ele me deu vários conselhos que me ajudaram, meu ônibus estava para chegar nos despedimos e fui mais calma para casa.

Um aMor Fora Do padRãoOnde histórias criam vida. Descubra agora