Lótus

5.6K 630 729
                                    

Gulf estava perdido em pensamentos andando pela floresta do mundo mortal quando sentiu algumas gotas de água molhando sua pele beijada pelo sol. Ele andou mais rápido, desviando das folhas e galhos que estavam pela frente, segurava sua túnica com uma mão e na outra seu pequeno cesto, que havia levado para passar um tempo ali, apreciando a brisa fresca que vinha de dentro da floresta.

Ele andou até achar uma pequena cabana no meio da floresta, ela parecia bem antiga e cheia de musgos e matos, mas daria para ele se abrigar para esperar a chuva passar e então conseguir fazer o portal de volta para sua casa no olimpo.

Assim que Gulf chegou na cabana e entrou pela porta, ele levou um pequeno susto, avistando outra pessoa já dentro da cabana. Ele olhou em volta e viu que não havia quase nada ali que já não fosse antigo e velho.

— Com licença. — Assim que as palavras saíram da boca dele o outro corpo de ombros largos se virou para si e mostrou seu rosto perfeitamente esculpido, seus cabelos pretos recém molhados pela chuva e seus olhos de uma cor escura que beirava o preto.

A boca dele secou quando ele percebeu quem era a outra pessoa que dividia o local com ele, o filho de Hades, Mew Suppasit estava parado em pé em sua frente com toda a gloria que ele carregava.

Gulf engoliu em seco, lembrando do evento que ocorreu em uma das festas do Olimpo. Ele quis correr dali, e era o que ele iria fazer, se uma mão não o tivesse o parado antes de prosseguir.

— Está chovendo lá fora, não precisa ir embora, podemos dividir aqui. — Gulf sentiu o calor da mão do outro ir se distanciando e balançou a cabeça devagar, se encostando na parede ao lado da porta e remoendo a vergonha que estava sentindo.

O que tinha acontecido entre os dois era que Gulf não era, e nunca foi, uma pessoa que se dava bem com hidromel1 , mas seus irmãos insistiram para que ele bebesse uma das taças e ele caiu nessa, resultando nele bêbado a festa inteira. Ele também tinha um grande fraco pelo filho do deus do submundo, e nesse dia a mente bêbada dele achou que seria agradável dizer aos quatro ventos que estava apaixonado pelo outro.

Ele é lembrado até hoje de como o outro saiu da festa correndo, e ele ficou chorando suas lamurias para todos. Gulf com toda a certeza nunca se sentiu tão envergonhado e humilhado como naquele dia, então, sempre que ele via o corpo alto e esplêndido do outro em qualquer lugar que fosse, ele só saia de fininho.

Agora, eles estavam dividindo uma pequena e velha cabana no mundo moderno.

Os pelos no braço de Gulf se arrepiaram quando ele sentiu a cabana ficar mais fria, sua túnica estava molhada e pesada, ele não teve nem tempo de comer toda sua ambrosia, então sua barriga estava reclamando.

Mew foi pra janela suja e ficou olhando para fora como se não se ligasse para nada.

— Se não se importar, posso perguntar uma coisa? — Gulf deixou a cesta perto da lareira que ele pretendia acender.

— Pode. — Gulf mordeu seu lábio inferior, nervoso.

— O que estava fazendo aqui? Achei que os semideuses não gostassem de vir à essa parte do mundo humano. — Mew olhou para trás quando escutou o barulho alto de algo se quebrando. Mas ele não pôde deixar de soltar um sorriso quando viu que o outro parecia ter corrido quilômetros só com o esforço de jogar uma mesa na parede. Os filhos de Afrodite sempre eram os mais fracos, principalmente o que estava a sua frente.

— Só aqui tem da flor de canela intacta e silvestre. — Gulf juntou seus lábios querendo continuar a conversa, mas se contendo, ele não queria passar vergonha em frente ao outro. — E você, o que faz aqui? Achei que os filhos de Afrodite estavam aproveitando a festa daquele filho de Zeus.

Seduce !OneShot!Onde histórias criam vida. Descubra agora