Após se formarem no ensino médio, todos os alunos da 9-E seguiram seus próprios rumos. Se formaram em faculdades diferentes e entraram em empregos diferentes, mas nada os impediu de se encontrarem por uma última vez na antiga sala de aula. No mesmo dia que isso ocorreu, Karma e Nagisa não compareceram, porque cada um tinha compromissos com seus próprios trabalhos; Nagisa como professor e Karma como advogado. Isso os deixou tão tristes, já que eram os mais ligados Koro Sensei, que decidiram visitar o local por conta própria.
O azulado acordou, fez o mesmo penteado que a Kayano havia lhe ensinado, colocou uma roupa casual e calçou seu tênis preto e branco. Saiu da casa em que morava, indo andando até a antiga casa separada da escola. Nunca tinha entendido direito o porquê de ser tão separado, e ainda mais tão precário, mas sabia que todo aquele clima trazia para si muito mais motivação para matar seu querido professor.
Foi um caminho meio... complicado, por se dizer, principalmente quando chegava perto da residência e tinha que subir aquele morro íngreme. Conforme foi subindo, lembrou-se de quando ele e Karma haviam lutado; um pela sobrevivência e outro pela execução de seus Senseis. E, foi naquele momento, que o portador dos olhos azuis como diamantes tinha comprovado ainda mais seu amor pelos carmesins. Toda a determinação de seu colega para lutar com base no que acreditava, toda sua coragem e fúria que transbordavam de seus olhos. Aaaa! Eu sou o viado mais fodido do mundo.
Quando viu a casa que já estava em um estado deplorável, sorriu largo. Como amava aquele lugar, já faz tanto tempo! Pegou a chave que tinha no bolso, e abriu a porta. Depois que mataram Koro Sensei, cada um dos alunos da classe ganharam uma cópia da chave, para que pudessem visitar o local quando quisessem.
Adentrou o vão, o fechando logo em seguida. Seguiu a passos lentos até a sala em que a turma tinha as aulas, eu acho que irei chorar! Chegou na sala, empurrou a porta de madeira para o lado, a abrindo. Adentrou o local bem empoeirado e cheio de teias de aranha, se sentando na mesa que costumava sentar.
Olhou por sua volta, buscando trazer as lembranças de volta. O azulado conseguia se lembrar de cada momento, sentimento e emoção. Tudo que ele passou por ali fora algo muito marcante para a sua vida. A primeira vez que segurou uma arma, a primeira vez que se sentiu acolhido, a primeira vez que ninguém havia o julgado, a primeira vez que se apaixonou.
Não importava quantas vezes tentasse, o dono dos olhos vermelhos nunca saía de sua cabeça. Ele sempre estava lá, bem no fundinho do seu peito, esperando qualquer brecha para sair e relembrar de que nunca será correspondido.
Estava tudo tão calmo e silencioso, bem diferente dos tempos antigos, em que os gatilhos e disparos eram ouvidos a todo momento. As lágrimas começavam a se formar em seus olhos, ameaçando cair. Um suspiro cansado escapou por seus lábios, estar naquele lugar acabava com seu emocional.
A primeira lágrima caiu, sendo totalmente dedicada pela falta que sentia por seu professor. A segunda também caiu logo depois, dedicada a seus colegas de classe, principalmente a sua antiga melhor amiga Kaede Kayano. A terceira também veio, sendo dedicada a cada gatilho que teve que fazer e a cada tiro que teve que disparar. A quarta veio violentamente, como uma tempestade em meio ao outono congelante, completamente dedicada a Karma Akabane.
Sentia tanta falta de tudo, se sentia tão vulnerável naquele lugar tão taciturno. Sentia-se triste, porque tudo havia acabado. Provavelmente ninguém visitava aquele lugar a semanas e ninguém havia realimentar mantido contato, cada um seguiu sua vida sozinho. Descansou a cabeça na mesa, fechando os olhos por alguns segundos.Os segundos que usou para fechar os olhos se tornaram minutos, depois algumas horas.O sono foi profundo, recheado de sonhos bons e nostálgicos. Estava submerso em seu próprio inconsciente, até que uma voz distante e conhecida começa a chamá-lo.