The One

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Boa Leitura 💕

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Ao Cair Da Noite


Estressante.

O dia hoje havia sido extremamente estressante e cansativo. Eu estava uma pilha de nervos. Com os cabelos bagunçados. Porém, ainda faltavam 40 minutos até o fim do expediente. E eu achava que iria enlouquecer a qualquer momento. Sentia minha cabeça suchar e dá algumas pontadas chatinhas. Debrucei-me por cima do balcão de mármore preto da diretoria, choramingando de cansaço. Só hoje haviam ocorrido duas brigas, ambas envolvendo alunos do ensino médio. Os alunos estavam agitados e difíceis de lidar. Bom, essa era uma das """"vantagens"""" de trabalhar em uma escola pública, em um bairro da periferia.

Olhei mais uma vez para o relógio grande e redondo, preso no alto da parede à minha frente. Marcava 16:50, e eu só estava liberada para ir embora às 17:30. Suspirei cansada. Ainda teria que arrumar as salas e verificar os banheiros, que com toda certeza estariam sujos e uma verdadeira bagunça.

Me ergui um pouco e apoiei meu cotovelo no mármore, emaranhando os dedos nos meus fios escuros, de cabeça baixa. Eu só queria ir pra casa, tomar um banho e poder descansar. Mas sabia muito bem que isso não iria acontecer. O ato de conseguir pregar os olhos havia se tornado mais difícil esse mês. Além do trabalho estressante na escola, eu agora estava cursando a área de Auxiliar de Administração Empresarial, o que exigia um pouco mais do meu raciocínio. Então quando chegava em casa, o máximo que eu conseguia fazer era tomar um banho, antes de me afundar em livros, cálculos, gráficos financeiros, e todas essas coisas que entornam o mundo do dinheiro. A única coisa que eu conseguia era dá um cochilo, antes do som - que havia se tornado extremamente insuportável aos meus ouvidos - do despertador ressoar por todo o quarto, me alertando que mais um dia havia começado e que eu teria que me levantar para enfrentar mais 12h de trabalho. Visto que eu pegava das 6h da manhã até às 17:30 da tarde. Então melhor dizendo, eram exatas 12 horas e meia de trabalho. Eu cuidava da cozinha e da faxina, e quando haviam brigas, eu estava lá pra ajudar a apartar, cuidava do emocional de algumas alunas, servindo de psicóloga para elas. Não que eu achasse isso ruim, quem me dera ter tido a oportunidade de desabafar com alguém quando os problemas familiares começaram a crescer e me afetar física e mentalmente.

Soltei mais um suspiro.

Aquilo era passado. Um passado que eu já havia superado.

Ou pelo menos achava isso...

Os pesadelos ainda me atormentavam nas poucas horas de cochilo que eu tinha.

- Mari? - Ouço uma voz familiar me chamar. Erguo minha cabeça, ainda com os dedos aterrados em meus cabelos, vendo Ângela me encarar preocupada da porta da diretoria. - Está tudo bem? - Se aproxima de mim. Assinto.

- Apenas uma dorzinha chata de cabeça, e o cansaço também. Nada demais. Não se preocupe. - Sorrio, sentindo uma pontada na cabeça, fazendo-me enrugar a cara, em uma careta. Ângela solta um suspiro se aproximando mais de mim.

- Mari, você trabalha das 6h da manhã até as 17:30 da tarde, e em vez de descansar quando chega em casa, você vai se enfiar em livros e anotações. Entendo que você queira seguir uma outra carreira, e que está se esforçando nos estudos para conseguir alcançar seu sonho, mas não é bom exigir tanto de si mesma. - Apenas concordo com a cabeça, desenrolando meus dedos dos meus fios, largando o peso dos meus braços por cima do balcão. - Apenas não se esqueça que seu corpo também precisa de descanso. Estudos atrás de estudos, sem haver uma pausa para repousar a mente para que ela absorva todo o conhecimento que está recebendo, é a mesma coisa de correr atrás do vento. Ou até pior, já que isso lhe afeta seriamente. Você ainda é nova, completou seus 28 anos recentemente, não se desgaste tanto, certo? - Afirmo, e ela beija o topo da minha cabeça.

Paralisia do SonoOnde histórias criam vida. Descubra agora