Did I lost you?

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3 semanas depois.

- Olá John - Jim McCartney me cumprimentou segurando a porta.

- Olá, Paul está?

- Está sim, entre por favor - Sorriu e abriu espaço para mim entrar e eu o fiz.

Depois de alguns meses e dias resolvi deixar o maldito orgulho pra trás e me redimir com Paul. Estar sem a amizade do Paul era como perder um pedaço de mim, ele era meu melhor amigo e eu estraguei tudo.

- Pode subir, ele está no quarto - Jim avisou apontando para escada enquanto fechava a porta - Você já sabe o caminho, não?

- Sei sim - Sorri e subi as escadas.

Minhas pernas enfraqueciam a cada degrau que eu subia. Me preparei para qualquer reação de Paul, coisas como um bofetão na cara ou até mesmo uma porta na cara, coisas que de certa forma eu estava merecendo.

Bati na porta com calma, havia um silêncio do outro lado até sentir a maçaneta girar.

A porta abriu e eu estava diante de um Paul confuso e com cara de sono.

- Oi? - Comecei timidamente com um certo medo do que estava por vir.

- Oi - Ele estreitou os olhos - O que faz aqui?

- Quero falar com você - Dei um sorriso triste.

- Quer entrar?

- Seria bom.

Ele abriu espaço e logo que entrei fechou a porta e sentou numa poltrona e eu na cama.

O silêncio tomou conta do quarto, Paul me encarava de maneira despreocupada, era como se ele não tivesse sentindo minha falta esse tempo todo que passamos brigados.

Pressionei meus lábios e me levantei enquanto Paul me acompanhava com o olhar e me pus diante dele que agora me olhava de baixo. Como num movimento involuntário puxei seu braço com força fazendo-o levantar e nos abraçamos sem dizer absolutamente nada, nenhuma palavrinha sequer.

- Paul, me desculpe - Abracei-o mais apertado.

- Me desculpe, John - Paul falou com uma voz diferente, ele estava... Chorando?

O abraço se desfez e Paul estava com o rosto visivelmente avermelhado e úmido.

- Mas, por que desculpas? - Franzi o cenho.

- Sei lá, eu fui grosseiro com você - Ele sorriu sem mostrar os dentes - Senti sua falta pra caralho! - Limpou o rosto com a manga.

- Eu também senti a sua - Ri enquanto voltávamos aos nossos lugares iniciais - Você tem falado com George ou Pete?

- Com o Geo sim, inclusive, ele esta vindo para cá - Ele sorriu entusiasmado - Podemos tocar alguma coisa, o que acha?

- Seria ótimo - sorri.

Logo George chegou e todos nós nos reunimos novamente. Tocamos incontáveis músicas e eu finalmente pude esquecer meus problemas, minhas saudades, minha tristeza.

Era isso, a música me fazia bem, assim como a presença de Anna, eram apenas essas duas coisas que eu precisava para ser completo, ambos faziam eu me sentir alto, sem afundar em pensamentos ruins, me faziam feliz, era como uma valvula de escape, sem falar da companhia de meus amigos.

Passamos a tarde se divertido e depois resolvemos sair um pouco. Fomos á um bar próximo, Paul levou Linda que agora me parecia ser mais agradável, nunca havia parado para falar com ela e vejo que tinha uma visão completamente distorcida dela. George buscou Pattie, eles estavam namorando serio agora, ela saiu do Sense para ser modelo de uma loja de roupas da cidade. Todos estavam acompanhados e por uma coincidência absurda encontramos Cynthia no bar que estávamos e ela acabou indo com nós para passear pela cidade até encontrar um clube bacana para ficar.

Tenho que admitir que Cynthia estava muito bonita e admitir também que estava com um pouco de saudades dela, ficamos afastados por algumas semanas e, sinceramente, ela era uma boa amiga, mesmo que houvesse me beijado sem que eu esperasse.

POV Anna

Depois de pedir carona em beira de estradas desertas, pedir dinheiro a pessoas desconhecidas, fugir de policiais por estar dormindo em porta de estabelecimentos eu estava finalmente pisando em solo londrino!

Minha felicidade é tanta que mal cabe em mim e em meu acompanhante.

Sim, eu estou esperando um bebê!

Realmente, não sei como isso aconteceu e eu estou bastante assustada com isso, não era possível, estávamos protegidos, realmente, Não teria como!

Saí da estação de Liverpool e comecei a caminhar pelas ruas já movimentadas por ser fim de tarde quando de repente...

- A-Anna? - uma voz mais do que conhecida ecoou por trás de mim chamando meu nome e me fez sorrir.

- Ringo? - Me virei e lá estava ele correndo até mim com um sorriso nos lábios.

- Anna! Meu Deus! - Ele me abraçou com força e eu retribui.

- Ringo! Eu estava com tanta saudade! - Deixei uma tímida lagrima rolar de felicidade.

Aquilo era tão bom!

Ele desfez o abraço e observou minha barriga.

- Não me diga que... - Ele me encarou desacreditado.

- Sim! É uma menina! - Sorri.

Ele ficou boquiaberto olhando hora minha barriga, hora meu rosto.

- É do John?

- Claro - Assenti lentamente.

- Eu... - Ele se aproximou tocando minha barriga suavemente - Eu posso ser padrinho? - Seus olhos altamente azuis brilharam - Por favor!

- Pode! Claro que pode! - Sorri e o puxei para mais um abraço - Agora me diga, sabe algo do John?

- Só sei o que me contaram, mas não o vi mais - Começou a caminhar e eu o acompanhei.

- O que te contaram? - Olhei preocupada.

- É que... - E então ele me contou o que houve com John todo esse tempo, desde ao fim da banda, a surra, as bebedeiras, a falta de se alimentar. Ele sofreu, ele sofreu igual a mim, isso não era pra acontecer.

- M-Meu Deus, eu preciso encontrá-lo.

- Não quer ir lá pra casa tomar um banho e descansar um pouco? - Ele ofereceu - Você está gravida, não pode se forçar tanto assim.

- Mas... - Pensei um pouco, Ringo mora sozinho e se ele talvez tentasse algo?

- Anna, se é porque você acha que eu farei alguma coisa, fique tranquila, eu estou com Maureen e Pete está dividindo apartamento comigo - Ele falou como se tivesse conseguido ler meus pensamentos.

- Você está com a Ma... - Passei meus olhos pela rua enquanto falava, mas as palavras falharam quando eu vi a pessoa que meus olhos mais esperavam encontrar.

Eu estava sorrindo e com vontade de correr para os braços de John até notar que ele estava...

Não.

Por favor, não.

Parei de supetão observando a cena que parecia passar em câmera lenta só para me ferir mais.
Estavam entrando no Casbah: Paul, que estava com uma moça loira que imagino ser Linda, George com Pattie, e ele, Deus, ele estava tão bonito, vestia as mesmas roupas de couro, mas estava... acompanhado?

- Anna, o que f... - Ringo olhou para a mesma direção que eu, ele estava boquiaberto assim como eu.

Eu perdi meu chão, simplesmente me senti inconsolável, um arrepio horrivel correu por minha espinha e meu corpo tornou a tremer por inteiro.

- Acho melhor irmos para casa - Ringo sussurrou pondo a mão em meu ombro, eu assenti e ele me guiou até chegar em seu apartamento.

Eu não sabia o que dizer, eu não sabia como reagir, eu simplesmente preferia morrer ao ter visto aquela cena.

She's Leaving Home ~ John LennonOnde histórias criam vida. Descubra agora