29| Arrancando respostas

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Kimmy


No caminho para o ateliê dois guardas da Primeira Dama me pararam.

— Ela requisita minha presença — digo desanimada.

Eles assentiram e fui até o escritório dela.  

— Então, a que devo a honra de ser requisitada? — digo.

— Uma conversa. Aceita? — diz, oferecendo whisky.

— Sim — digo.

Ela sorri.

— Kimmy, você sempre foi uma ótima mentora, amiga e até babá do Carter quando era mais novo. Creio que saiba bastante sobre ele, creio que até o mesmo que eu, ou até mais — alega.

— Sim, tem razão. Acompanhei o crescimento dele, então faria sentido — concordo.

— Como sabe, amo muito o Carter, tenho ele como um filho. Sinto que ele me esconde algo, sabe o que seria?

Articulada, ela está sendo bem articulada.

Solto um riso.

— Eu acho que não sei de nada, e se soubesse, creio que não está em minha posição dizer nada — digo.

— Mas seria uma ordem minha, ordem de Pandora.

— Não seria. Também leio sobre meus direitos, ainda mais sobre o direito de fala.

— Pois bem. E quanto a Joy, ela mencionou algo sobre a viagem? — perguntou.

— Se ela soubesse de algo teria mencionado.

— A comitiva real de Galadult chega em algumas semanas. Está ansiosa? Sei que tem muitos amigos no ramo da moda por lá — disse ela, desviando do assunto.

— Ah sim, Julian me contou.

— Kimmy, sei que somos íntimas o suficiente para que eu possa dizer isso a você. Sabemos muito uma da outra, portanto, acho que também podemos dividir mais — começou.

Sabia que em algum momento isso viria a tona.

— Aonde quer chegar com isso?

— Tenho planos para Carter, sei que você poderia estraga-los com um piscar de olhos, mas também sei que não faria isso — diz.

— Que planos?

— Alguns, talvez um novo cargo no conselho, um apartamento, um casamento?

— Casamento? — engasgo.

— Sim, por que o espanto? — questiona.

— Ele ainda é jovem. Não acha cedo?

— Talvez.

— Mas o que você quer comigo? Ideias para terno, um vestido novo? — pergunto.

— Não. Apenas queria sua opinião.

— Tudo bem, posso ir embora?

— Antes, só mais uma coisa. Nós duas sabemos como um romance as escuras acaba. Acho que não quer ninguém ferido, de novo — disse ela, abaixando o tom.

Naquele momento eu gelei. 

Eu tenho batalhado para esquecer disso a um bom tempo, mas as marcas que meu passado deixou ainda podem não ter cicatrizado. 

Não iria chorar, não ali, nem daria esse gostinho a ela. 

Então acenei com a cabeça e disse:

— Ninguém saíra ferido, não tem motivos para isso —  menti, transparecendo uma afirmação verdadeira.

Saí da sala e guardei bem fundo minhas lembranças, magoas e arrependimentos.

Deadly Mirrors - 1° Rascunho - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora