único

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Uma atrapalhada declaração

Capítulo único

🍷

Não recordava-se ao certo quantos copos já havia tomado daquela bebida de cor tão chamativa. 

Seu cérebro fazia ondinhas engraçadas que arrancavam-o risadas a maior parte do tempo, a taça de vidro presa em seus dedos era fixada por seus olhos cansados. Não demorou muito para levar o líquido garganta abaixo novamente, estando tão acostumado com o gosto forte que ao menos soltou uma careta. 

Não era seu objetivo ficar bêbado naquele final de tarde, porém havia sido um dia cansativo e o chinês sentia que precisava dispersar um pouco seus pensamentos, afinal nos últimos dias não pensou em outra coisa a não ser na faculdade e em como precisaria ir bem no fechamento daquele bimestre. Lembrou-se que tinha um vinho de bobeira em sua geladeira e não tardou a pegá-lo, junto a um pacote de salgadinho. Estava esparramado no sofá, com a taça brincando em seus dedos enquanto mudava os canais da televisão, procurando algo que lhe interessasse. Acabou parando em um filme de comédia romântica e ficando por ali mesmo. 

Chegava a ser engraçada a forma como brincava com seus dedos, entrelaçando-os, fazendo sinais, batucando-os contra o braço do móvel, gesticulando coisas que nem o mesmo sabia o que significava. Riu baixo da declaração esfarrapada que a protagonista havia feito às pressas para o seu par romântico no filme e suspirou pesado logo em seguida. 

Tempos atrás, Chenle não entendia o porquê das pessoas se apaixonarem. Achava besteira se entregar de corpo e alma em um relacionamento para no final quebrar a cara e voltar à estaca zero, sozinho e, de brinde, com um coração partido. 

Porém esse pensamento foi dissipando-se conforme o tempo, ainda mais quando percebeu que estava completamente apaixonado por seu melhor amigo. Um tanto clichê para a vida pacata do pequeno Zhong.

Recordava-se de todos os detalhes do dia em que percebeu que seu coração palpitava um tanto a mais quando estava com o coreano. Embaixo de uma pequena cabana feita por cobertores, Chenle e Jisung dividiam um grande balde de pipoca e algumas balas de goma. O filme de terror rolava à solta pela televisão com quatro olhos medrosos e atentos fixos no decorrer de sua história. Chenle sustentava a cabeça de Jisung em seu ombro e com uma de suas mãos acariciava os fios loiros, retirando um pouco da tensão que o filme passava. 

Chenle se assustou com a aparição do vulto na tela e acabou batendo, sem querer e com certa força, a mão na orelha do Park. Apressou-se em se desculpar, segurando o rosto do maior e verificando se não havia o machucado. A aproximação de ambos fez o coração do chinês falhar uma batida, suas bochechas se tornaram vermelhas de imediato. Perdido naquele pequeno momento, esquecendo-se completamente do filme, Chenle aproximou-se cada vez mais, seus olhos pararam nos lábios rosados e cheinhos de Jisung, querendo mais do que nunca senti-los nos seus.

"Chenle…"

O chamado baixo do mais novo foi o suficiente para que o chinês caísse em si e se afastasse. Seu rosto fervia como nunca em uma mistura de vergonha e timidez, não ousando olhar nos olhos do melhor amigo depois que se afastou. Por fim, apenas terminaram de ver o filme e despediram-se.

Nenhum dos dois tocou no assunto depois daquela noite.

Com a cabeça cheia de memórias, Chenle não tardou em encher novamente a taça com o vinho caro e levar garganta abaixo. Seu coração disparava apenas por lembrar-se do melhor amigo e sabia que não poderia estar mais perdido dentro do turbilhão de sentimentos que atazanavam seu pobre coração. 

drunk in love 🍷 chenjiOnde histórias criam vida. Descubra agora