CINCO

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Era a quinta noite de Signe na mansão do doutor Wedel, e em cada dia o mesmo sonho, a mesma garota, o mesmo homem sem face, noite chuvosa, trovões e relâmpagos...
A dor de cabeça havia se tormado corriqueira e por isso vivia tomando aspirinas.
Ela não conseguia entender o motivo e também era difícil de se chegar numa conclusão plausível, sonhar o mesmo sonho tantos dias seguidos era algo até aquele momento considerado impossível, era...
Signe estava começando a ficar incomodada com isso, dispertar repentinamente assustada e banhada de suor, toda vez levando a mão a cabeça e à barriga.
Sigurd Wedel estava sendo um bom anfitrião, se bem que a maioria das vezes ela não o via.
Sempre estava trancado em seu escritório e havia se formado uma pequena rotina.
Aba servia o jantar, ficava de pé próximo a mesa, negava as tentativas de Signe a convidando a se sentar com ela.
Depois que Signe acabava de comer, tirava tudo e limpava restando a doutora Dahl subir para seu quarto e por ali ficar até adormecer.

Essa rotina estava deixando Signe entediada e também de fato se sentia solitária.
Várias vezes pensava em sair e andar um pouco pela propriedade, mas sempre tomava cuidado em se policiar afinal, achava uma falta de educação sair bisbilhotando a casa alheia.
No hospital a doutora já estava se sentindo adaptada a rotina, era a válvula de escape das noites torturosas até aquele momento.
Já havia conhecido os outros companheiros de trabalho e estava feliz por ter feito uma amizade.
Alexandra van deen era uma das enfermeiras e tinha se dado bem com Signe desde o início. A loira de olhos azuis chamava a atenção não por sua beleza, mas por sua altura.
Com seus 1.80m era difícil não ser notada onde fosse, ainda mais sendo tão incomum para mulheres.

Alexandra era nascida na Holanda e veio para Noruega com 5 anos, por isso se considerava mais norueguesa do que holandesa no entanto tentava manter algumas tradições de seu país natal para agradar os pais.
Signe a achava divertidíssima, mas a doutora mal sabia que as coisas que Alexandra fazia eram totalmente acidentais o que muitas vezes tirava gargalhadas de Signe.
Como da vez que a enfermeira estava trocando lençóis da cama de um dos pacientes.
Pensando que estava sozinha começou a dançar enquanto sacudia o tecido branco, ao tentar um movimentou escorregou e caiu no chão. Signe havia acabado de entrar e ao ver a cena caiu em risada.
Alexandra totalmente estabanada se levantou, ao perceber Signe parada na porta, seu rosto ficou todo vermelho e um pouco sem graça continuou arrumando a cama e cantando baixinho uma canção de seu país.
Daquele dia em diante Signe e Alexandra ficaram próximas e eventualmente contavam coisas pessoais uma para outra.

Helle havia comentado sobre o bingo que seria feito hoje e tinha pedido ajuda para Signe que se não se opôs.
A doutora achou a ideia muito boa, pois os pacientes poderiam ter algo fora da rotina médica.
E também achou que seria uma forma de interagir mais com seus companheiros de trabalho.
Signe estava encarregada de pensar num dos três prêmios que seriam dados aos vencedores.
Agora se dava conta da enrascada a qual tinha entrado, pois não sabia o que pensar e mesmo que pensasse em algo como iria comprar trabalhando e morando num lugar onde ela nada conhece.
Pedir ajuda para Sigurd Wedel não era uma alternativa, por fim descobriu que não haviam alternativas e isso a deixou um pouco preocupada.
Como uma luz no fim do túnel ela teve uma idéia. Por que não presentear com uma aula de pintura? Já que ela sabia pintar, nada mais relaxante e original para se premiar um dos pacientes do hospital.
Com um sorriso no rosto achou a ideia brilhante e assim tinha resolvido um problema.
O outro problema era o fato de lidar diretamente com Bjørg. Ela não sabia ao aceitar o pedido de Helle que o médico também estaria envolvido nisso.
Não que dá parte dela fosse um problema, mas totalmente da parte dele, eram indiretas, cara fechada e resmungos. Bjørg não havia digerido o fato que para Wedel, ela era mais capacitada para se tentar algo novo, já que os esforços em conjunto não haviam funcionado anteriormente.
E ela havia conseguido uma evolução com Ingmar, era inegável isso... O que parecia deixar Bjørg mais irritado.

O JARDIM DE AKEROnde histórias criam vida. Descubra agora