eight

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AURORA

Vejo o Philippe largar o seu prato e andar em direção as escadas que dão acesso aos quartos e ergo uma das sobrancelhas.

— O que aconteceu? — Pergunto baixo para o Neymar e ele faz uma cara confusa. — O Philippe subiu e nem comeu direito. O que foi?

— Ele está estranho desde que eu busquei ele na casa da Ainê, não sei o que rolou. — Diz e eu me levanto da cadeira, indo até a escada.

Subo as escadas praticamente correndo e vejo uma das portas dos quartos de hóspedes se fechar e ando até ela, abrindo e vendo o Philippe com uma expressão péssima.

— Ei, o que aconteceu? — Pergunto e ele me olha com os olhos arregalados, como se não me esperasse aqui. — Você saiu do nada da mesa, o que foi?

— A minha vida, Aurora. — Diz e eu me aproximo dele. — Tá tudo uma bagunça e eu não faço a mínima ideia de como ajeita-lá.

— Senta aqui e me conta o que tá rolando, eu vou te ajudar. — Sento na cama e ele praticamente se joga na mesma, ficando deitado.

— Tem uns sete meses que eu e a Ainê decidimos parar de namorar e continuar uma relação como amigos, para o bem da Maria.

— E isso é ruim?

— Não. Mas, o problema é que amigos não transam e isso tá deixando a minha cabeça com um turbilhão de sentimentos. — Fala e eu me deito ao seu lado. — As vezes eu sinto que ela sente algo por mim e tem vezes que eu penso que nós somos só sexo.

— E você, o que sente ou pensa em relação a vocês dois? — Pergunto e ele respira fundo.

— Eu... não sei. — Dou uma risada fraca. — Sempre que nós transamos eu sinto algo diferente, mas é só isso. Ela sempre me agradece pelo sexo e vai embora, me deixando sozinho com os meus sentimentos.

— Você acha que gosta dela?

— Talvez. — Fala. — Eu odeio essa droga de sentimento não recíproco, seria tudo mais fácil se as duas pessoas sentissem o mesmo.

— Ai o amor seria fácil, e o amor não é nem um pouco fácil. — Falo e ele se senta, me encarando.

— Como assim?

— O amor é um sentimento complexo. — Ele continua me encarando. — Amar alguém é uma das tarefas mais difíceis do mundo. É você escolher todos os dias abrir mão de si mesmo pelo outro, é apoiar as escolhas mesmo que as vezes não seja a escolha certa, e muitas vezes, amar é deixar ir quando necessário. Então, o amor não é fácil.

— Você já amou alguém?

Um silêncio se instala no quarto e eu mordo os lábios, sem saber o que responder. Seria fácil eu responder que sim, e falar que amo o Arthur, mas eu não tenho nem ideia se eu realmente o amo.

— Eu... não sei. — Falo e olho para ele, que ainda me encarava. — E você, já amou alguém?

— Eu amo a minha filha. — Sorrio com a sua fala. — Mas, sobre o amor que estamos falando... Não, eu nunca amei.

And only when we find love do we discover what we lacked in life. — Falamos ao mesmo tempo e nossos olhares se encontram, fazendo meu estômago encher de borboletas.

[...]

Entro no meu quarto e suspiro aliviada ao ver que o Arthur não estava ali. Tiro rapidamente o meu conjunto de moletom e corro para o banheiro, entrando no box do chuveiro e ligando a água no mais gelado.

O que foi aquilo com o Philippe? Porra.

Deixo a água fria cair sobre a minha cabeça e passo a mão em meu rosto, respirando fundo em seguida.

Eu amo o Arthur?

Eu posso continuar um relacionamento sem amar alguém?

Eu posso sentir o que eu senti com o Philippe estando em um relacionamento?

Todos os "Eu te amo" que eu disse para o Arthur eram de verdade, ou eu estou apenas me enganando e enganando ele?

— Obrigada por encher a minha cabeça de paranóias, Philippe Coutinho.

•••

AURORA; philippe coutinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora