DREAM | ONESHOT

CAPITULO ÚNICO

A vida na passarela nunca foi um problema para mim, na verdade, eu acho que esse é meu dom. Com 5 meses de vida, minha mãe já me levava para seções de fotos, todos diziam que eu era um amor de bebê para trabalhar, não demorou muito para que os convites para estrelar comerciais chegassem, eram dezenas de ensaios todos os dias, e foi em um desses ensaios quando eu tinha 6 anos que eu conheci Min Yoongi.

Nós iríamos interpretar um comercial juntos, e minha mãe sempre dizia "trate bem seus coleguinhas de trabalho", eu sempre fui muito obediente com o que minha mãe falava e foi nessa obediência que eu fiz a maior burrada da minha vida, resolvi ser educado com o garoto novo.

— Oi, eu sou Park Jimin, —  Estendi minha mão gentilmente para ele, afinal minha mãe dizia "seja educado". — Qual o seu nome?

— Vaza daqui, — Ele me olhou de forma ríspida. — Eu não quero ser seu amigo!

E foi assim que eu decidi que jamais me aproximaria de novo daquele garoto mal educado, eu dizia a mim mesmo "aguente mais um pouco Jimin, é só por um momento, logo ele já não estará mais aqui". E como planejado, no final do projeto Min Yoongi sumiu com toda a sua arrogância e eu nunca mais iria precisar pensar nele ou olhar para ele. Mas, como minha vó sempre dizia, "Park, a felicidade do pobre dura pouco".

No mês seguinte em que o comercial foi ao ar, minha mãe me contou que várias empresas estavam atrás daqueles dois garotinhos fofos que atuaram juntos no comercial e eu só pensava "Yoongi fofo? tá mais para ogro". E logo estava eu e ele em mais um comercial, que se transformaram em dois e depois em vários.

Não vou dizer que foi difícil, até que foi bem fácil, pois da mesma forma que eu o evitava, ele me evitava mil vezes mais, era como cão e gato, nós apenas nos aturávamos pelo bem maior.

Mas foi em um dia chuvoso que tudo mudou, eu cheguei um pouco mais cedo nesse dia e pedi à minha que me deixasse brincar um pouco no parque que tinha do lado de fora e ela permitiu, e de longe eu já avistava um garotinho sentado agarrando as pernas. À medida que  me aproximava, eu conseguia ouvir seu choro que era abafado pelos braços.

— Ei, —  Ele não fez a mínima menção de levantar o rosto. — está tudo bem?

— Vai embora, Jimin. — Ele disse em meio ao choro.

Me sentei ao seu lado e respirei um pouco de ar. — A minha vó sempre diz que é bom conversar quando estamos tristes.

— Sua vó é tão idiota quanto você.

— Você não pode falar mal da minha avó.

Ele parou brevemente de chorar, levantou o rosto e me olhou com confusão. — Por que?

— Ela morreu!

— Eu sinto muito. — Ele limpava os olhos com a manga da camisa.  — Me desculpe, eu não deveria ter falado assim da sua vó.

— Tudo bem, você não sabia, — Soltei uma respiração pesada, a verdade é que eu queria socá-lo por ter chamado minha vó de idiota, mas a minha mãe, bem, ela precisa aprender a parar de me fazer ser gentil. — Ainda não quer conversar? — Ele balançou a cabeça negativamente. — Quer ir no balanço? eu te balanço!

Ele pensou por um momento e olhou em direção ao estúdio. — Acho melhor não, eu não posso suar.

— Sua mãe não deixa?

— Não, ela nem sabe que eu tô aqui, — Ele olhou mais uma vez em direção ao estúdio. — acho que... bom, uma vez não deve me fazer suar né?

Eu sorri. — Acho que não.

E foi a partir desse dia que nós dois viramos melhores amigos, onde Min estava, eu estava. Nossas mães começaram a se tornar amigas e com isso começamos a frequentar a casa um do outro. Com o tempo Yoongi me disse o motivo do seu choro, sua avó tinha falecido a poucos dias, ele me contou tudo sobre ela, o quanto ele a amava, como ela sempre fazia suas vontades e bolos.