Capítulo IX: O TAXISTA

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SEMPRE QUE O MAL TE PERSEGUIR, OLHE PARA TRÁS E ESPERE ...

Nádia adorava festas e baladas; curtia todos os influencers das redes sociais, sempre buscando uma nova oportunidade para conseguir um passe livre que lhe permitisse adentrar em um evento imperdível; gastava todo o dinheiro que ganhava com seu trabalho de analista financeira, com roupas, sapatos e acessórios, todos sempre dispendiosos e tinham aquele "Efeito Cinderela", valendo apenas para uma noite.

Além de curtir eventos sociais relevantes, ela acabava distribuindo seus cartões de visita digitais e conseguindo novos clientes, necessários para abastecer seu guarda-roupa e sua sapateira. Acordava pela manhã, com o sabor de sola de sapato na boca, mas feliz e realizada por frequentar acontecimentos, as vezes, exclusivos. Ao postar comentários sobre os eventos que participava, angariava algumas dezenas de seguidores, como também alguns haters que a vilipendiavam com postagens ofensivas e jocosas.

Um desses haters, acabou transformando-se em um stalker, sempre com postagens intimidatórias e também ameaçadoras; no início, Nádia não lhe deu muita atenção, exceto que um acontecimento a deixou muito assustada; não fosse uma intervenção oportuna, Nádia, provavelmente, teria sido vítima desse stalker, cujo apelido era "No Face".

Era alta madrugada e ela estava saindo de uma festa promovida por um prestigiado produtor de cinema, pois estava exausta e não conseguiria permanecer até o final; o aplicativo de táxis não respondia ao seu chamado e ela viu-se em uma situação delicada. Olhou para a noite pesada e supôs que não choveria, decidindo, então, pegar um ônibus. Dentro do coletivo, seu celular começou a vibrar sem parar ..., eram mensagens do tal "No Face". As primeiras eram, como de costume, elogios e frases deselegantes, sempre com conotação sexual.

"Aliás, você está linda nesse vestido grená e o sapatos Laboutin!", dizia uma das mensagens; imediatamente, Nádia ficou apavorada, pois, o comentário dava a entender que ele estava por perto; com as mãos trêmulas, ela voltou seu olhar para a traseira do interior do coletivo, tentando constatar se o tal sujeito também estava naquele ônibus. Notou vários rostos mal encarados, mas, não conseguiu discernir entre eles alguém que se denunciasse para ela.

Saltou no ponto próximo de seu apartamento e esperou até o ônibus arrancar, procurando certificar-se de que ninguém mais descera dele. Começou a caminhar a passos rápidos, sem olhar para trás e com calafrios percorrendo o seu corpo. Repentinamente, ela ouviu passos vindos em sua direção ..., Nádia ficou apavorada e pôs-se a correr; ao dobrar uma esquina, percebeu que a rua estava mal iluminada; Nádia quase corria, ainda ouvindo os passos de seu perseguidor.

Para seu azar, um pouco mais a frente, um grupo de homens bebiam cerveja em torno de um tonel de cujo interior saltavam labaredas; Nádia entrou em total desespero, vendo-se encurralada e sob iminente ameaça, não sabendo o que fazer; avançou na direção do grupo de beberrões, tentando passar entre eles, o que não aconteceu, já que um dos sujeitos, segurou-a pelo braço, encarando-a com um olhar ameaçador. "E aí, Dona! Onde pensa que vai?", disse ele com a voz embargada.

-Por favor, me deixe ir ..., eu não fiz nada contra vocês! – pediu ela em tom de súplica.

Todos eles começaram a gargalhar. "Não! Você não fez nada, gatinha ..., nós é que vamos fazer!", disse outro em tom de sarcasmo. Nádia olhou para trás e viu que seu perseguidor havia parado olhando para o grupo.

-Ei, você! O que tá procurando, meu chapa? – perguntou o sujeito que segurava o braço de Nádia, dirigindo-se ao perseguidor – Quer entrar na festa? Ela é particular!

O perseguidor manteve-se parado, movendo a mão para dentro da jaqueta e retirando uma faca que reluzia ao luar. Enquanto ele avançava lentamente na direção dos homens, Nádia desesperava-se, vendo que seu fim seria na mão de um ou de outro. E enquanto os homens davam início a uma violenta contenda contra o perseguidor, Nádia permanecia presa pela mão de um deles, que afastara-se um pouco, observando o que se sucedia.

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