32. Oi, mãe.

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Ao chegar em meu destino, antes de sair do veículo e depois de ter pago e agradecido ao uber, respirei profundamente, como se aquela fosse a minha última oportunidade de inspirar um ar. O fato de estar à segundos e milímetros da porta de minha antiga moradia me assustava, e muito.

Ah, mas o porquê de tanto nervosismo e medo?! Bem, talvez fosse porque meu pai guardava grandes mágoas, ou, até, ódio de mim.

Sendo mais clara, ele havia sentido muito quando escutou sair de minha boca, no meio de uma discussão nossa, que eu não iria, de forma alguma, cursar Direito. Esse era o sonho dele porque, basicamente, aquele era o nosso negócio de família: todos os adultos eram ou estavam estudando para seguirem a linhagem de advogados, promotores públicos e, até, juízes da Família Ferrari. E quando esta briga aconteceu, o mundo dele caiu, já que, principalmente pelo fato de ser filha única, ele depositou todas as suas expectativas em mim e eu as quebrei.

Me lembro de ter chorado dias e noites por não ter escutado um "parabéns" dele quando recebi a notícia de ter passado na faculdade de Cinema mais renomada do Brasil, ou, até mesmo, por não ter recebido seus olhos nos meus durante meses, até um pouco antes da minha viagem para Miami.
Por sorte, apesar de todas essas turbulências, eu ainda recebia carinho e apoio da minha mãe - mesmo que fosse escondido, já que, para ela, o meu pai era quem mandava em casa, então, ela não podia fazer nada que não fosse obedecê-lo -, e, principalmente, da minha avó, que, inclusive, era a maior razão para eu estar caminhando, naquele momento, em direção à porta de minha antiga casa.

Após ter ficado alguns minutos parada em frente ao interfone, pensando se realmente deveria apertar aquele botão ou não, uma voz feminina respondeu meu chamado:

Quem deseja?

— Podem-se passar anos, mas mesmo assim vocês não vão tomar vergonha na cara e colocar uma câmera nessa casa, né? - ironizei.

Sabia que seria reconhecida imediatamente, visto que bem antes de me mudar, isto era o que eu mais falava aos meus pais: para não se contentarem somente com a câmera que havia em nossa rua.

LIA??? - gritou em um tom surpreso e alegre, terminando por não me deixar responder, já que a mesma havia desligado aquele meio de comunicação.

Pouquissímos segundos depois, pude escutar passos altos vindo de dentro da casa, e logo vi a porta sendo aberta, revelando aquele rosto, com lágrimas nos olhos, que tanto senti falta.

— FILHA!!!

Me puxou para um abraço apertado e cheio de saudade.

— Oi, mãe!

Retribuí, apertando-a ainda mais.

— O que... como... quê??? - tentou fazer uma pergunta, mas fracassou. — Por que você está aqui??? Quero dizer, o que você veio fazer aqui??? Por que não me avisou??? - perguntou afoita, se afastando da porta para que eu pudesse adentrar no lugar.

— Vamos por partes, dona Cristina... - brinquei, colocando minha grande mochila na cadeira e sentando no sofá, sendo acompanhada por ela. — Eu vim porque tenho que resolver algumas coisas da universidade.

The Movie of My Life | Z.J. Onde histórias criam vida. Descubra agora