Beatrice

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Olho para meu relógio enquanto corro entre as pessoas na calçada de Manhattan, me encontro extremamente atrasada para o trabalho e minha chefe não gostaria nada disso.

Assim que avisto o segurança disposto na porta, que parece ser mais um shopping do que um hospital, recebo um aceno acompanhado de um sorriso e logo retribuo enquanto corro porta adentro. Não trabalho no Bellevue Hospital Center há muito tempo, porém tenho boa convivência desde os seguranças à direção.

Trabalho há quase dois anos nesse hospital e realmente gosto do que faço, não costumo me atrasar, mas logo hoje meu irmão havia decidido aparecer em casa sem me avisar e acabei me distraindo em uma conversa com ele.

Quando digo "logo hoje" estou me referindo ao fato de ser um dia importante para mim, estava tomando conta de duas irmãs nos últimos dias, uma era Alison de 12 anos e a outra era Beatrice de 16 anos.

Beatrice tinha câncer no pulmão, sim, uma criança tinha câncer no pulmão. O caso era que sua família tinha esse histórico e, seu pai sendo irresponsável, fumava perto da criança desde seu nascimento. Pelo seu histórico no hospital ela vinha muito aqui quando criança, com problemas de bronquite e pneumonia, seu pai recebera o aviso diversas vezes pelo que me contaram os médicos, porém nada mudou, somente a imunidade da garota que melhorou com o tempo e passou a aparecer menos frequentemente.

Porém agora o caso era outro, no ano passado ela voltara e dessa vez havia sido pior, os resultados alertaram para um câncer e desde então Beatrice seguia com o devido tratamento, voltando as vezes quando a situação estava muito ruim.

Sua irmã, por outro lado não tinha nada. A verdade é que as garotas eram tão apegadas que Alison sempre adoecia quando Beatrice estava muito mal, seu psicológico causava isso com ela e a mesma ficava de observação por pelo menos um dia, a situação para os pais deveria ser extremamente dolorosa e desgastante com tudo isso, mas nunca demonstravam na frente das garotas. Eu gostava daquela família.

Deixo minhas coisas no meu armário e rapidamente coloco meu avental, indo até Ally e Lucy, a primeira sendo auxiliar enquanto a última era a enfermeira-chefe.

_ Chegou atrasada. – Lucy me entrega o prontuário dos pacientes.

_ Boa tarde Ally – A garota me lança um sorriso - Bom dia Lucy, desculpe o atraso, problemas de família. – Digo fazendo uma careta, enquanto olho para a lista nas minhas mãos.

_Tudo bem, só não se atrase amanhã, quero total atenção na Beatrice, a coisa não está boa. – Eu suspiro e concordo, checando o prontuário da mesma. Beatrice estava sobre dosagens altas para controlar as dores, vivendo grogue.

_Vou dar uma olhada nela agora, antes de checar os próximos pacientes. – Digo indo em direção ao quarto da garota. Bato na porta e espero uns segundos antes de entrar.

Encontro Hilary, mãe das meninas, sentada na poltrona ao lado de uma Beatrice sonolenta, do outro lado do quarto tem um sofá no qual a garota menor está deitada, dormindo.

_Boa tarde Senhora Hilary, como estamos hoje? – pergunto me aproximando.

_Sem o 'senhora', Lauren. Já te disse – Eu sorrio, enquanto pego meu estetoscópio. – Ela tá com menos dores por causa dos remédios, mas de resto não mudou muita coisa.

_Como se sente Bea? – A garota me olhava entre as longas piscadas que esteve dando desde que entrei no quarto, aparentemente com sono, porém possivelmente com muito incomodo para que conseguisse dormir.

_ Es... estou m-melhor – Diz com a voz rouca. – ai, t-ta gelado – diz se encolhendo enquanto apoio o estetoscópio na mesma, para ouvir sua respiração. – Eu sorrio pela ação.

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⏰ Última atualização: Nov 02, 2020 ⏰

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