CAPÍTULO 10: Espólio de guerra

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– 5 ANOS ATRÁS –


Quando ele abre os olhos à luz forte o desorienta e ele precisa piscar algumas vezes para fixar sua visão borrada. Ele percebe que está em um quarto extremamente branco e iluminado.

Ele ouve ao lado dele um bipe constante que chama sua atenção e quando vira sua cabeça para direita devagar ele vê o aparelho médico que mede seu ritmo cardíaco, e pendurado em uma bolsa plástica algum remédio que está sendo administrada em seu corpo através de um tubo plástico e agulha espetada na sua mão.

Seu corpo inteiro dói e parece pesado, como se alguém estivesse sentado em cima dele o pressionando contra o chão. Com exceção do pescoço, ele não consegue se mexer.

Aos poucos uma dor dilacerante vinda da sua perna aumenta e ele precisa cerrar os dentes para se impedir de gritar. Apesar do esforço inimaginável que ele emprega para tentar se mover é tudo em vão fazendo uma lágrima de frustração e dor escorrer pelo seu rosto.

Ele não sabe onde está, nem o que está acontecendo e precisa se esforçar para relembrar o que houve.

Uma explosão.

Monty e Atom mortos. Jasper ferido, Bellamy desaparecido. Bellamy. Talvez ele tenha conseguido. Talvez ele esteja em um hospital de campanha, seguro. Quem mais teria tecnologia suficiente para usar aqueles equipamentos? Ele deve estar em Arkadia. Tem que estar.

Ele luta para entender o que está acontecendo quando uma mulher desconhecida invade seu campo de visão. Ele não sabe quem é ela, mas a julgar pelo jaleco e estetoscópio em volta do seu pescoço, ela deve ser médica.

"Bom dia, John. Você nos deu um susto, hein. Por um período não tivemos certeza se você ia sobreviver." Ela diz com um sorriso maternal no rosto.

Murphy tenta responder, mas falar se prova uma tarefa insuportavelmente difícil e a mulher, percebendo seu esforço, coloca sua mão no braço dele, o reconfortando. "Devagar, John. Está tudo bem, você vai ficar bem. Eu sou a doutora Lorelei Tsing. Você esteve inconsciente nas últimas duas últimas semanas. Tivemos que te colocar em coma induzido enquanto tratávamos da sua perna."

No momento que ela fala, a perna dele imediatamente começa a latejar mais forte, algo que a médica certamente também nota a julgar por seu sorriso simpático. "É, eu vou aumentar a dose que você está recebendo de morfina, imagino que você esteja se sentindo bem desconfortável no momento." Diz, enquanto começa a mexer nos tubos que enviam a medicação para ele.

Murphy continua confuso.

Ele ainda não sabe onde está, quem é aquela mulher, onde estão seus amigos e a médica parece propositalmente estar evitando fornecer aquelas respostas. Então, ele reúne toda força que consegue "onde estou?". A pergunta sai fraca, mas é clara suficiente para chamar atenção da mulher, que volta sua atenção novamente para ele após aumentar o fluxo de medicamente que corre pelo cateter fixado na mão dele.

"Monte Weather", ela diz com um sorriso. "Seu amigo Jasper também está aqui, mas ele recebeu alta há dois dias... já você vai ter que ficar na enfermaria mais um tempinho."

Murphy sente sua postura se enrijecer e o coração disparar. Monte Weather era muitas coisas menos um lugar considerado seguro. Nos treinamentos eles sempre foram advertidos a ficar longe dele, longe dos Montanheses.

Sentindo sua tensão, a mulher o reconforta. "Não se preocupe, John. Eu já disse, você está seguro. Durma agora, prometo que quando você acordar estará se sentindo bem melhor." Conforme ela fala suas palavras parecem mais e mais distantes e o peso no corpo dele finalmente vence, o fazendo adormecer um sono pesado.

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