Selfishness and over-care

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Bunker de Kimball, San Francisco

20:19 p.m.

Mariá de Alcântara

Estava recostada no agente Cho de forma que minhas costelas quebradas não incomodavam. Sentia um leve rubor em minhas bochechas, afinal ninguém além do desprezível Zill havia me visto nua. Fechei esse assunto em minha mente, preciso me concentrar em ouvir os murmúrios da agente morena e do louro gato arrogante e emocionado. Eles são casados, claramente. Mas definitivamente ele não é policial. Tomo um gole do café com marshmallows que Kimball fez ao ouvir meus protestos contra comidas sólidas.

-Então, Mariá de Alcântara... a tal de Lisbon começou a falar. Acredito que o agente Cho já explicou que somos do FBI e...

-O teu esposo não é. Apontei com o dedo em direção ao homem que me analisava de diversas formas diferentes.

Ela arqueou as sobrancelhas e retorquiu:

-De fato, Jane é consultor. Do FBI. Eu vou ser rápida e direta: acredito que apesar de todos os meus anos de experiência nunca me deparei com uma situação tão grave quanto a tua. Vemos os danos externos causados a ti e não sequer imaginamos os internos. Mas contigo podemos dar um basta nessa vida miserável de Mark Zill e...

-Calma lá agente... se eu bem entendi, e não me considero muito burra, vocês querem que eu entregue tudo que eu sei sobre ele e os seus negócios. Que eu reviva todas as merdas de dias que vivi por 10 anos de escravidão, tortura e volência. Isso não é justo!

Falei resfolegando com o esforço, acabei tossindo e manchando a roupa de Kimball com sangue vindo de meus pulmões.

-Me desculpe... murmurei ao tentar limpar inutilmente.

-acalme-se Mariá, por favor, escute Lisbon...

-Pare Cho. - Jane se levantou rispidamente - ela é só uma garotinha mimada e rebelde. Egoísta, nada além de uma vadiazinha de chefe de Cartel. A vida não é justa querida.

Me levantei com um salto, sentindo tanta dor que pontos pretos dançaram em minha frente. O medidor que marcava meus batimentos cardíacos fazia um barulho ensurdecedor. Senti a mão de Kimball em mim, tentando me forçar a sentar. Afastei-me e com um movimento rápido rasguei a blusa que me cobria. A nudez repentina assustou os três, mas queria mesmo era afetar esse maldito Jane. Inclinei meu tronco ferido em sua direção. Contornei com os dedos a tatuagem que me fazia odiar meu corpo com todas as forças.

-realmente, Patrick Jane. Sou uma vadia de chefe de cartel. Desde os oito anos de idade. Fui raptada, retirada de minha mãe e da fazenda que vivia no Rio Grande do Sul, no Brasil e trazida em um porão de navio cargueiro com dezenas de garotas e garotos mais novos e mais velhos que eu! Quando cheguei em Fair Oaks fui levada diretamente ao Mark. O sobrenome dele foi gravado em minha pele, porque eu cuspi em sua cara quando ele me mandou dizer que pertencia a ele. Tive todas as unhas arrancadas quando mordi sua boca em uma de suas investidas. Meu maxilar foi quebrado duas vezes quando tentei fugir e me suicidar. EU SOU UMA VADIA DE CHEFE DE CARTEL PORQUE ERA ESTUPRADA CONSTANTEMENTE DESDE OS NOVE ANOS DE IDADE. Gritei com todas as poucas forças que me restaram enquanto via lágrimas despontarem dos olhos de Patrick. Caí no colo de Cho, pouco me fodendo para a moral. Cobri minha lingerie com os farrapos da blusa e escutei antes de desmaiar mais uma vez:

- Me desculpe Mariá.

Bunker de Kimball, San Francisco

20:19 p.m.

Kimball Cho

Tentei reprimir meus olhares fulminantes a Jane enquanto aninhava a menor em meus braços.

-Não se apegue à ela, Cho. Jane sorriu enigmático.

- vá se foder.

...quebra de tempo...

Eles haviam ido embora, anotei todas as informações que ela havia deixado escapar em seu desabafo e estava comparando alguns dados quando escutei sua doce voz rouca:

-tenho uma proposta para vocês...

Rescue of The Future - The MentalistOnde histórias criam vida. Descubra agora