Começo

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Louis 

 As aulas iriam começar, ele já não sabia mais como conter a emoção. Queria ver com os próprios olhos o que era a tão sonhada escola de magia e bruxaria de Hogwarts. Foi transferido de Durmstrang, depois de passar os primeiros quatro anos longe de casa e de sua mãe e irmãs. Não via problema nisso, afinal pra ele escola é escola e nada mais. Era onde se aprendia magia, e os colegas de escola eram apenas isso. Colegas. Então anunciaram a grande notícia: ele iria para Hogwarts, estudar onde toda a família estudou, e descobrir se ela era tudo aquilo mesmo. Sabia que não pregaria os olhos se não tomasse a poção que sua mãe lhe deu.

 Seus pais contavam histórias do seu tempo, se conheceram no quarto ano, ele sonserino, ela lufana. Os amigos não aprovavam, ele sangue puro e ela nascida trouxa. Alguns se afastaram e tudo foi conturbado, inclusive em casa. Depois de muito lutar e não desistir conseguiram se casar logo após a formatura e final feliz. 

Claro que ele achava a história linda, sendo que nunca, jamais, em hipótese alguma era isso que procurava em hogwarts. Ele queria estudar, e se tornar alguém importante, honrar seu nome. Obviamente estava nervoso, achava que estaria sozinho, isso era algo a que estava acostumado e não se incomodava. O que estava o perturbando afinal, eram as famosas casas. Em Durmstrang isso não existia, e ele não sabia bem o que esperar. Sua mãe era de uma casa e seu pai de outra, suas irmãs espalhadas pelas 4 casas. Sabia que eram 4 e seus nomes já estavam decorados em sua mente. Sonserina, Lufa-lufa, Corvinal e Grifinória. Não sabia o que pensar, escutou histórias a respeito. Umas boas e outras nem tanto... Precisava descobrir, precisava se encontrar. Já não via a hora.

Zain ou Zayn como gosta de ser chamado.

Outro ano se iniciava, ele já não aguentava de ansiedade. Rever seus amigos, fazer pegadinhas, fugir da realidade angustiante... Não tinha pais, não tinha dinheiro, vivia na escola. Seus primos que eram "tutores" — apenas perante a lei, é bom esclarecer. Haviam dado ao diretor Dumbledore sua guarda anos atrás e tudo que o bondoso homem poderia fazer por Zayn ele fazia. Apesar de ser sonserino, tinha um carinho imenso pelo homem que só não era mais grifinório que o grande fundador de sua casa. Ganhou um elfo para lhe ajudar quando o próprio Dumbledore não pudesse, tinha um quarto próprio já que era monitor, e uma saudade imensa no peito. Os meninos estavam demorando... Ele sabia que na realidade apenas não tinha chego o dia, a demora era sentida e revertida em saudade. Niall, Liam e Harry eram tudo que ele tinha, tudo que ele havia conquistado. E apesar de serem de casas diferentes, eles sentiam uma conexão enorme. Carinho, amor, eram irmãos enfim. E nada mudaria isso. 
Ou pelo menos ele creditava que não.

Liam

Anda, vamos lá.
— Eu não vou voltar pra Hogwarts nisso. Temos um trem por alguma razão, você não acha Liam?
É, eu concordo com o Harry. — Niall debochou. Não vou chegar lá em uma espécie de vassoura pra 4 tripulantes. Nem sentido isso faz.
Se o Zayn estivesse aqui, eu teria apoio. — Retrucou manhoso.
Aaaaaah ok, se nós não tentarmos pelo menos uma vez o Zayn vai nos irritar até o próximo torneio tribruxo. Vem Nini, sobe.
Não me chama de Nini, já pedi. 
— Chato!
— Implicante.
— Trasgo!
— Ok, ok... Subam logo e me digam o que acharem.
— Deixando claro que odeio vocês três! 
Três? — disseram os outros dois em uníssono.
Isso mesmo! Zayn eu te odeio também! — Gritou a plenos pulmões e se fez ouvido por todo o jardim da mansão Payne.
Shiiiii! Ou você quer que meu pai apareça?

Liam tinha uma família amorosa, um boa conta herdeira em Gringotes mas o que ele mais presava eram seus amigos e invenções. Sempre tinha algo em mente, e Zayn o ajudava a encorajar os outros dois. Sua mãe achava linda toda essa interação dos meninos, mas o pai... Ele não era muito fã de ser chamado a cada uma semana pelo diretor da escola mais prestigiada do mundo bruxo para repreender o filho. Estava na hora dele crescer, estudar e se formar medibruxo. Deixar as invenções para pessoas menos importantes. Ele não era ruim, apenas queria o melhor para seu pequeno tesouro. E acreditava que o melhor estava longe de ser com esses outros três irresponsáveis...

Venham, vamos pro meu quarto, as aulas começam amanhã. 
— Mas...
— Nem voamos na vassoura.
— Nas férias vemos isso, meu pai não pode nem sonhar que estamos acordados até tão tarde e pra piorar com uma de minhas invenções " inúteis".
— Liam você sabe que não é...
— Esquece. Só vamos dormir.
— Vem Nini...
— Haaaaarryyyyyy...

E então risos foram ouvidos por toda a escadaria norte.

Niall

Engraçado, gentil e honesto. Tinha tudo para ser bobo e inconsequente, mas era quem mantia os meninos na linha. Achava que Harry não conseguia ser quem era. Liam tinha a pressão psicológica do pai, e Zayn era sem limites, o que sempre metia todos eles em encrenca. 

Ele era a balança, o limite, o "olha, para" dos quatro. Cresceu em família trouxa e sem magia. Se assustou ao perceber que não precisou nem encostar no garoto que fazia bullying com um menino mais novo na escola pra ele começar a perder sangue pelo nariz, nesse dia percebeu que era diferente. Correu para contar a sua melhor amiga, sua mãe. Enfim a carta chegou e tudo melhorou. Arrumou amigos, uma escola maravilhosa e muita aventura. Sua mãe se preocupava, mas não havia o que fazer. Seu menino era um bruxo. Foi complicado entender, e mais complicado ainda explicar nos jantares da família a razão do bebê Niall que ela não deixava nem dobrar a esquina sozinho, ter ganho uma bolsa para uma escola em outro país e pior, ela ter realmente o mandado. Não havia outro jeito. — ela dizia a família. 
Ele foi. 
E agora não tinha mais como pensar em se arrepender de sua decisão. Viveu os melhores 4 anos de sua vida. Estava feliz, se encontrou como pessoa, tinha amigos e poderia sempre mandar uma coruja a sua mãe para tranquiliza-la. Não poderia pensar em nada melhor. Não queria que nada mudasse.

Harry

Nascido de de mãe bruxa e pai trouxa, sabia da existência de sua magia e sempre foi instruído a esconder dos parentes que não conheciam esse lado seu. Aprendeu desde novo que para ser aceito precisava ser igual aos demais primos e colegas. 
Sem magia.
Sem pintar unhas.
Sem usar esse tipo de roupa.
Sem ser diferente.
Não por sua mãe, jamais. Ela e sua irmã sempre o amaram e respeitaram. Inclusive protegiam. Seus amigos eram mais do que importantes; eram irmãos, eram uma parte que ele já não sabia se conseguiria viver sem. Tentava a todo custo ser comum, um bruxo comum. Notas excepcionais apesar de muitas advertências vindas da direção. Era querido pelo corpo docente e sabia que isso resultava em muitas e muitas quebra de regras perdoadas. McGonagall o tratava como filho, era até zoado por baixo dos panos por aqueles invejosos que não tinham muito o que fazer. Amava a vida, e sabia que uma hora ou outra encontraria o que faltava.

A peça que um dia ele perdeu, sem nem saber que se encaixava em algo/alguém. Sentia que não iria demorar, quando menos esperasse tudo estaria em seu devido lugar.

Quatro casas, Cinco históriasOnde histórias criam vida. Descubra agora