Capítulo I (Welcome to New Orleans)

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APRIL ORSENIGO

Whenever you're ready, whenever you're ready...
Whenever you're ready, whenever you're ready...
Can we, can we surrender?
Can we, can we surrender?
I surrender...

Deixo com que a música toque meu coração. É incrível o poder dessa canção sobre mim. Ela me faz querer pintar, dançar, cantar... Me faz ser quem eu sou. Particularmente sou fã de canções que tocam a alma, conhecidas também como canções que fazem a gente chorar. Alguns podem achar estranho, mas eu gosto desse tipo de música, amo música no geral, mas quando é triste, confesso que dá uma motivação. Estranho, eu sei. Mas elas me  fazem se sentir viva, ainda mais depois que ela se foi.

Mamãe tinha vida, e quando eu digo isso não é no sentido literal. Ela tinha prazer em viver e sei que conseguiu usufruir de tudo que queria nessa vida. Houve um momento em que eu pensei que não sobreviveria sem ela. Até que eu lembrei que tinha alguém que precisava de mim mas que eu mesma. Lara.
Minha irmã caçula, meu coração fora do peito. Antes uma criança curiosa e cheia de perguntas da vida, hoje é uma jovem adolescente que é cheia de vida e graça.
Eu sou grata por tê-la. Ela me salvou.

Moramos em Utah, mas as caixas de mudança já estão prontas. Vamos para Nova Orleans, onde mamãe tinha uma vida antes de nós, e uma casa também. Aqui em Utah vivemos em uma cidade pequena, bem rural, e não temos muitas oportunidades. E eu quero dar uma vida digna a Lara, ela merece. Perdemos a mamãe quando ela ainda era uma criança, e já havíamos perdido nosso pai. Era eu, ela, padre Keaton e a irmã Elsa. Eles nos ajudaram quando eu não acreditava que seria possível criar ela.

Ainda assim, terminei os estudos e trabalho vendendo quadros e dando algumas aulas de dança de salão por aqui para alguns velhinhos. E também canto quando posso em um pequeno asilo que faz semanalmente shows para os os mais velhos.

Mamãe costumava dizer que eu sou uma artista. E eu custei a acreditar nisso, achando que era diferente dos demais. Sempre vi muito do mesmo por todos os lados. Se engana quem acha que em cidades pequenas tem pessoas diferentes das de cidades grandes. Tem certos tipos de pessoas que migram para todos os cantos, como erva daninha enraizada nos cantos por toda cidade.

E eu não me encaixava de jeito nenhum, mas mamãe sempre soube que era isso que me tornava única e me fez acreditar. E quando Lara nasceu e cresceu eu pude ver que tudo que eu tinha era ela, eu poderia viver por ela porque sabia que valeria a pena

Agora, estamos com quase tudo encaixotado para levarmos, rumo ao berço do jazz.

April? — Lara me chama assim que eu passo pela porta de seu pequeno quarto, enquanto ela arruma as bolsas que levaremos conosco.

— Sim, o que houve? — Pergunto.

— Eu perdi. — ela me olha com o olhar pesado e algumas lágrimas se formando. — Perdi o presente da mamãe.

Vou até ela e lhe abraço.

— Calma, tenho certeza que está em alguma caixa por engano. Ontem estava aqui, do seu lado como todas as outras noites. — tento passar confiança pra ela.

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