33| O pássaro azul

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Kimmy

Eu nunca contei minha história para ninguém. Sempre a guardei pra mim, no fundo de minhas memórias, trancada no silêncio da minha alma e esquecida com esforço. A reneguei por anos até entender melhor e poder analisa-la com calma e finalmente clareza.

Mas agora, a única pessoa que menos tinha direitos desenterrou essas lembranças e as jogou contra mim.

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Flashbacks

Setembro, ano 2412.

Faz um mês que fiz aniversário. Agora finalmente tenho 11 anos de idade.

Minha mãe está na janela, observando o céu, as estrelas e a paisagem tecnológica no horizonte. Ultimamente ela tem passado horas ali, apenas admirando.

Ela tem estado triste também, não sei o motivo, mas espero que passe logo.

Minha mãe era a mulher mais linda de toda Cosmopolita Central, a mais elegante de toda Pandora e a mais encantadora do mundo. A algumas semanas ela parou de cantar a música do pássaro azul para mim, era uma cantiga de todas as noites, mas agora é apenas um murmuro para ela.

Mamãe também tem andado muito doente, antigamente ia a algum evento na televisão ou até mesmo a entrevistas praticamente toda semana, infelizmente com essas gripes ela só vai até às festas quando o papai solicita.

O papai tem andado distante, e nervoso também. Sempre que me vê perto da mamãe quando ela está triste, me coloca de castigo e me culpa. Sei que nunca faço nada, mas ele insiste nisso.

Dezembro, ano 2412.

As comemorações da virtude da prosperidade foram legais. Passei o feriado na casa da tia Nora e nos divertimos.

A mamãe adoeceu mais, eu ainda não descobri o que é, mas o papai sabe e não me conta.

Fico preocupada com isso.

Na festa da Embaixada a mamãe compareceu apenas para dar autógrafos e dizer um "olá", o papai chegou depois que ela foi embora, juntamente da Lady Kristantine, a chamam de Lady Kristan, é mais fácil de pronunciar.

Eles pareciam próximos, igual as fotos antigas da mamãe e do papai.

A Lady era simpática, mas geral reservada e de poucos amigos.

Era uma mulher esbelta, com cabelo escuro e lábios marcados sempre de vermelho. Um olhar intenso e nariz fino.

Mamãe era esbelta também, porém seu cabelo era mais claro, e seu par de  olhos eram azuis inconfundíveis e profundos. O nariz da mamãe parecia ter sido talhado por algum escultor muito bom, parecia de uma deusa grega. Herdei isso dela.

Fevereiro, ano 2413

— Você vai para a casa da sua tia Nora e ponto. — esbravejou.

— Não papai, a mamãe precisa de mim! Me deixa ficar, por favor — imploro.

— Será melhor querida, sua mãe precisa descansar por um tempo — disse a tia Nora.

Deadly Mirrors - 1° Rascunho - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora