Prólogo - A Maldição

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 O prisioneiro estava com as mãos amarradas diante do corpo, cansado, subjugado e imundo, mas com uma postura altiva digna de sua herança indiana real. Seu captor, Simon, olhava-o com desdém, sentado em um trono dourado, luxuosamente esculpido. Pilares brancos e altos erguiam-se como sentinelas em torno do salão. Nem se quer um murmúrio de brisa da selva passava pelas cortinas transparentes. Tudo o que o prisioneiro podia ouvir era o tilintar rítmico dos anéis ornados com pedras preciosas de Simon batendo na lateral do trono dourado. Simon olhava-o de cima, os olhos estreitados, insolentes e triufantes. O homem preso era o príncipe de um reino indiano chamado Mujulaain, mas ele ainda preferia pensar em si mesmo apenas como o filho de seu pai. O fato de Simon, o rajá de um pequeno reino vizinho chamado Bhreenam, ter sequestrado o príncipe não era tão surpreendente quanto saber quem se encontrava ao lado de Simon: Liam, o filho do rajá e noivo do prisioneiro, e o irmão mais jovem do príncipe, Zayn. O cativo estudou os três, mas somente Simon sustentou seu olhar determinado. Sob a camisa, o amuleto de pedra do príncipe repousava frio sobre sua pele, enquanto a ira percorria-lhe o corpo. 
O prisioneiro falou primeiro, lutando para manter longe de sua voz o sentimento de traição:

- Por que meu futuro pai me trata com tamanha falta de hospitalidade?

Indiferente, Simon fixou um sorriso deliberado em seu rosto.
- Meu caro príncipe, você tem algo que eu desejo.

- Nada que você pudesse querer justifica isto. Nossos reinos não estão prestes a se unir? Tudo o que tenho está à sua disposição. Você só precisava pedir. Por que fez isso?

Simon esfregou o maxilar, os olhos brilhando.

- Planos mudam. Parece que seu irmão gostaria de tomar meu filho como noivo. Ele me prometeu certas recompensas se eu o ajudar a alcançar esse objetivo.

O príncipe voltou sua atenção para Liam, que, com o rosto ruborizado, exibia uma pose submisso e recatado, com a cabeça baixa. Esperava-se que seu casamento arranjado com o moço desse início a uma era de paz entre os dois reinos. Ele estivera ausente pelos últimos quatro meses, supervisionando operações militares numa região distante, e deixara o irmão a incumbência de cuidar do reino. 

Então Zayn estava cuidando de outras coisas além do reino.

O prisioneiro avançou, destemido, encarou Simon e o desafiou:

- Você enganou a todos nós.  É como uma cobra enrodilhada, escondida em um cesto esperando o momento certo de dar o bote. 
Ele alargou o olhar para incluir o irmão e o noivo.
- Vocês não percebem? Suas ações libertaram a víbora e nós fomos picados. Seu veneno agora corre pelo nosso sangue, destruindo tudo.

Simon riu, desdenhoso, e falou: - Se você concordar em entregar a sua parte do Amuleto de Damon, talvez eu o deixe viver.

- Viver? Pensei que estivéssemos negociando meu noivo.

- Receio que seus direitos de noivo tenham sido usurpados. Talvez eu não tenha sido claro. Seu irmão terá Liam.

O prisioneiro cerrou o maxilar e disse apenas: - Os exércitos do meu pai o destruirão se você me matar.

Simon riu.

- Ele não destruirá a nova família de Zayn. Nós vamos apaziguar seu querido pai e informá-lo de que você foi vítima de um infeliz acidente.

O homem afagou a barba curta e então esclareceu: - Entenda que, mesmo que lhe permita viver, eu governarei ambos os reinos. - Simon sorriu. - Se me desafiar, serei obrigado a pegar a sua parte do amuleto à força. 

Zayn se inclinou em direção de Simon e protestou com firmeza: - Pensei que tivéssemos um acordo. Eu só lhe trouxe meu irmão porque você jurou que não o mataria! Apenas pegaria o amuleto.

Simon estendeu a mão rápido como uma cobra e agarrou o pulso de Zayn. 
- A essa altura você já deveria ter aprendido que eu pego o que eu quiser. Se preferir a visão de onde seu irmão se encontra, ficarei feliz em satisfazê-lo.

Zayn se remexeu na cadeira, mas manteve-se calado.

Simon prosseguiu: - Não quer? Muito bem, estou alterando nosso acordo anterior. Seu irmão será morto se não ceder aos meus desejos e você nunca se casará com meu filho, a menos que entregue sua parte do amuleto a mim também. Esse nosso acordo particular pode ser facilmente revogado e eu posso casar Liam com outro homem.. um homem da minha escolha. Talvez um sultão velho lhe esfriasse o sangue. Se você quiser permanecer perto de Liam, terá que aprender a se submeter. 

Simon comprimiu o pulso de Zayn até que ele estalou ruidosamente. Zayn não reagiu.

Flexionando os dedos e girando lentamente o pulso, Zayn se recostou, ergueu a mão para tocar o pedaço do amuleto, oculto sob sua camisa, e fez contato visual com o irmão. Uma mensagem silênciosa foi trocada entre eles.
Os irmãos lidariam um com o outro mais tarde, mas as atitudes de Simon significavam guerra e as necessidades do reino eram prioridade para ambos. A obsessão subiu pelo pescoço de Simon, latejou em sua têmpora e se assentou atrás de seus olhos negros e peçonhentos. Aqueles mesmos olhos dissecaram o rosto do prisioneiro, sondando, avaliando-o em busca de fraqueza. Encolerizado, Simon pôs-se de pé num salto.

- Que assim seja!

Ele puxou de sua túnica uma reluzente faca de cabo adornado com pedras preciosas e rudemente arrancou a manga do casaco jodhpuri do prisioneiro, antes branco, mas agora imundo. As cordas se enroscaram em seus pulsos e ele grunhiu de dor quando Simon, correu-lhe a faca pelo braço. O corte foi fundo o bastante para que o sangue aflorasse, vertesse e pingasse no chão de ladrilhos. 
Simon arrancou um talismã de madeira de seu pescoço e o colocou debaixo do braço do prisioneiro. O sangue gotejou da faca para o amuleto e o símbolo ali gravado fulgurou com um vermelho abrasador antes de pulsar com uma luz branca estranha. 
A luz disparou na direção do príncipe com dedos tateantes que perfuraram seu peito e atravessaram-lhe todo o corpo, dilacerando-o. Embora fosse forte, ele não estava preparado para a dor. O prisioneiro gritou quando seu corpo de repente se inflamou com uma erupção que lhe queimava a pele. Ele desabou no chão. Estendeu as mãos para se proteger, mas só conseguiu arranhar debilmente os ladrilhos brancos e frios do piso. O príncipe viu, indefeso, quando tanto Liam quanto seu irmão atacaram Simon, que empurrou ambos com violência. Liam caiu no chão, batendo a cabeça com força no tablado sobre o qual se achava o trono. O príncipe tinha consciência de que o irmão estava ali perto, tomado pela tristeza à medida que a vida se esvaía do corpo mole de Liam. Em seguida, não teve mais consciência de nada que não fosse a dor.




- História original escrita pela COLLEEN HOUCK. Minha saga preferida, resolvi adaptar para uma versão, espero que vocês gostem!!! 

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A MALDIÇÃO DO TIGRE - larry stylinson versionOnde histórias criam vida. Descubra agora