Capítulo 1: Tudo tem um fim.

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JÚLIA PENNA

Ele está atrasado. Muito atrasado.

Não sou uma completa megera, imprevistos podem acontecer e alguns minutos de tolerância não mata ninguém.

Eu disse isso a quinze minutos atrás, agora eu só sinto ódio daquele imprestável por ter se atrasado de novo ao nosso encontro de reconciliação.

Sim, um encontro de reconciliação. Eu estava disposta a tentar fazer dar certo novamente com o Nicolas, esquecer do seu histórico péssimo de cumprir com seus compromissos e seu mal hábito de beber no meio da semana, pensei bastante sobre isso e decidi que iria tentar me adaptar com ele dessa forma já que mudar está longe das suas exigências.

Mas ele não compareceu mais uma vez.

— Com licença. — Viro a cabeça ao ouvir a voz do Maître, o mesmo que esteve me observando a longos minutos.

— Sim?

— Não quero incomodar, mas estamos com uma fila imensa lá do lado de fora e a senhorita está..— desvio meu olhar do seu por um momento, olho por cima do seu ombro e checo mais uma vez a entrada do restaurante com um pingo de expectativas de que Nicolas poderia aparecer com uma desculpa esfarrapada como a última, pelo menos o caralho de uma desculpa ele me deve.

— Só mais cinco minutos. — Dei mais cinco minutos para que Nicolas pudesse aparecer e honrar com a porcaria do compromisso que tinha comigo essa noite.

Sou uma mulher bastante tolerante mas há uma diferença entre ser tolerável e está sendo feita de otária na cara dura, e neste momento eu não estou de longe sendo tolerável. Cinco minutos de atraso é compressível, dez minutos já faz a gente ficar meio em dúvida se vale a pena mas receber uma mensagem avisando o motivo da demora é aceitável, com quinze minutos minha paciência já está indo pra puta que pariu e eu já estou criando ideias a respeito da demora na minha cabeça.

Vinte minutos atrasado, quem em sã consciência ainda estava aguardando uma pessoa que demora vinte minutos para aparecer? E que não tem consideração nem pra ligar e avisar que vai se atrasar.

Sentada em uma mesa reservada para dois no Pobre Juan observo as outras mesas a minha volta, casais conversando enquanto desfrutam de um jantar delicioso a dois. Nicolas nunca foi fã de sair pra jantar, ele sempre preferiu que estivéssemos em casa e jantássemos enquanto assistíamos ao jornal, não sei porque insisti que nos encontrássemos em um restaurante tão sofisticado como esse, é claro que ele não viria.

Se te quisesse de volta ele viria..

Sim, está aí um ponto cabível, se Nicolas me quisesse realmente em sua vida estaria aqui fazendo questão de me ter consigo, mas nem isso. Frustrada, bebo o resto do vinho em minha taça e esfrego a testa enquanto me pergunto em silêncio o porque dele ser tão indiferente com a nossa antiga relação.

A meses que eu estou tentando consertar algo que aparentemente não tem conserto, a dois meses nos decidimos terminar e ele não fez esforço algum para tentar fazer com que nos reatássemos, e a sua falta de compromisso hoje deixa claro que ele ainda não fazia questão alguma disso.

Não é um problema para mim, muito menos foi insistir na nossa relação já falida, estávamos juntos a mais de dois anos e eu amava ele demais para abrir mão do nosso relacionamento por um problema mínimo, que até então era a sua falta de interesse e indiferença repentina.

— Senhorita? — Afasto meus pensamentos novamente com o chamado do Maître, inspiro fundo e movo o olhar até o seu rosto.

— Traga a conta por favor.

Delegado Santiago: A última missão Onde histórias criam vida. Descubra agora