Outlander || Yoonjikook

Capítulo XXVI - Saudade Dele

2103 E.L., dia 264

Minha ideia acabou dando super certo, tão certo que não parei quieto nas últimas semanas, indo de plantação em plantação. Agora há comida para dar e vender nos depósitos de toda Margem Leste, e o quarto carregamento parte hoje para os vilarejos localizados do lado externo do Forte de Susaenohen. Sim, a nova rota de escoamento que passa pela base das montanhas foi finalizada e já tá em atividade. É que graças à mãozinha que eu dei, os guerreiros que tinham ficado encarregados das plantações e estufas foram liberados para ajudarem nas obras, e agora, ao cabo de quase três meses desde o início dos trabalhos, a via tá pronta. A única coisa que ainda nos prende aqui é o Exército Rebelde.

Não, o Exército Conservador não conseguiu transpor o rio para alcançar a Margem Oeste e nem mesmo pôde acessá-la pelo Portão do Julgamento, pois ele foi obstruído por toneladas de pedras pelo que os batedores enviados pela rota de escoamento relataram. Os rebeldes o obstruíram, o que foi uma senhora surpresa pra todos. Afinal, eles tiveram tempo de sobra pra fugir, enquanto seus inimigos se concentravam em ajudar o povo. Não faz o menor sentido eles se trancarem naquele lugar, mas foi o que fizeram. Talvez estivessem feridos demais pra pegar a estrada, talvez queiram impedir que o território e a vasta riqueza da Margem Oeste retornem às mãos do clã Min, ou talvez só estejam esperando uma deixa para retomar Hakanyeong e rumar pra Pyongjangjae. Pelo sim e pelo não, Yoon Gi hyung mandou reforçar a segurança da capital e das fortalezas conservadoras das demais regiões, para o caso de tudo isso não passar de um truque pra pegar a todos desprevenidos, e preferiu manter posição.

Quanto a mim, espero apenas que não haja batalhas tão cedo. Tipo, “nunca” seria bem legal…

Ah! Após todo esse tempo desde que comecei as visitas, o único tipo de abordagem hostil que recebi foram ataques de bandidos, em sua maioria famintos. Eu ajudei a todos depois de Tae Min hyung lhes dar um sustinho. Não, não mandei prender nenhum deles, porque não acho que cadeia ou ser marcado ou mutilado ajuda ninguém a se endireitar. Descobrir o que motiva os crimes e fazer com que deixe de ser uma motivação, sim. Acredito que não haja ninguém verdadeiramente mau nesse mundo, só um bando de escolhas ruins e que muitas vezes uma boa conversa e uma ajuda sincera bastam para trazer alguém de volta ao caminho bom e honesto. É o que Tae Min hyung e eu temos feito, e é com alegria que digo que tem dado certo até agora, com todos os infratores aliviados de suas pendências (não é tão difícil fazer documentos do Departamento de Polícia sumirem quando se é o Servo de Sua Majestade Imperial, hehe) e devolvidos aos seus lares ou a novos locais que possam chamar de casa.

Dá pra ver pelo sorriso de orelha a orelha que Tae Min hyung dá durante as lutas que tá mais feliz que pinto no lixo com esse novo trabalho, e eu pelos rebeldes não terem tentado nada contra nós. Estou muito feliz por ter podido ajudar Tae Min hyung a chegar onde queria, mas não quero que ele se coloque em perigo de verdade (não, bandidos não são um perigo de verdade, o hyung brincou com todos eles como um gato brinca com um novelo de lã).

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Era quase fim da manhã. O Imperador Consorte e seu guarda-costas haviam pernoitado no vilarejo de Nogsaegui, o penúltimo que pretendiam visitar no dia anterior, por causa de um paciente que teve uma complicação e precisou ser assistido durante toda a noite. Agora que o pior havia passado, ambos pretendiam retornar ao acampamento das tropas imperiais, mas atrasaram a partida mais um pouco por causa de alguns lenhadores que se machucaram em um deslizamento de terra que houve nas cercanias do povoado logo de manhazinha.

Lee Tae Min aproveitou enquanto o Imperador Consorte cuidava dos trabalhadores feridos para dar um pulo até o mercado, pois alguns de seus medicamentos haviam acabado e outros estavam perto do fim. Precisava repor tudo quanto pudesse, do contrário Sua Majestade precisaria recorrer ao próprio favor para lidar com cada doente dos vilarejos que visitariam antes de retornarem ao acampamento.