2103 E.L., dia 268
Quando eu acordei anteontem, todos já começavam a levantar acampamento. Nam Joon hyung e Ho Seok hyung haviam vindo à tenda imperial tarde da noite, logo depois da conversa que eu presenciei, graças ao meu dom de ver acontecimentos vindouros — pois é, o mensageiro com a carta do informante do Nam Joon hyung ainda não havia chegado à Hakanyeong quando descobri a coisa toda —, e após ouvi-los, Yoon Gi hyung acabou optando por deixar quinze porcento do contingente de soldados guardando a Margem Leste e retornar imediatamente ao Palácio de Jade. Partimos ontem à tarde, depois do Yoon Gi hyung resolver as últimas pendências com os lordes de Hakudohen: a nomeação extraordinária de um novo Magistrado Assistente, porque o anterior acabou caindo do cavalo e quebrando o pescoço enquanto fugia dos soldados que tentavam prendê-lo por ter conspirado pra tomar um dos bens mais preciosos do Yoon Gi hyung.
Quase caí pra trás quando soube da história e até pensei em trazê-lo de volta, mas desisti. A pena pro crime dele seria a morte, e o hyung estava irredutível. Ah… nem o ouro mais brilhante ou a gema mais rara valem uma vida. Só de pensar que esse moço ainda estaria vivo se tivesse percebido isso, me agonia um monte!
Enfim, agora estamos nas Rotas Subterrâneas, avançando depressa em direção à Hanyang. Shu Hua-yah e Yu Qi-yah têm estado grudadas nos meus calcanhares desde que descemos aos túneis. Acho que estão um bocado acuadas com a mudança de ambiente e tenho feito tudo que está ao meu alcance para deixá-las confortáveis. Duplicar a quantidade de carinho (Yu Qi-yah) e de comida (Shu Hua-yah) tem se mostrado uma boa distração desde o café da manhã…
Yoon Gi hyung andou tão ocupado esses dias que mal tivemos tempo de nos falar, o que achei bom. Assim tenho tempo para agarrar meus sentimentos pelos chifres e colocar arreios em seus lombos teimosos. Ok, não ando muito certo da cabeça, confesso. Tudo culpa daquelas uvas endiabradas que minhas bebês me incitaram a fazer crescer. Eu trouxe alguns cachos e mudinhas comigo, e poxa, elas têm me ajudado um cadinho a não pensar no tópico “JK”. Não, eu não tenho exagerado. Como no máximo três por vez, e olhe lá! Foi muito bizarro da primeira vez. Acordei sem lembrar de como tinha ido parar no quarto, e todo mundo apontava e ria quando me via ou se curvava. (Muitos tinham me visto entrar e sair de Hakanyeong e inevitavelmente concluído que sua milagrosa reconstrução era obra minha. Ou melhor, de Amaterasu. Grandiosa Dameolin, só espero que ela não se aborreça com todas essas falsas associações ao seu poder e nome…) Tae Min hyung me contou que eu dancei que nem um doido varrido pelo acampamento depois de comer aquelas uvas, e não tô nem um pouco a fim de repetir o feito. Três é o ideal pra me deixar felizinho e pouco inclinado a gastar tempo com pensamentos torturantes. Elas também me ajudam a ter sonhos bons. Ou seja, livres das vozes dos emissários das profundezas, independentemente do Yoon Gi hyung estar ou não do meu lado — o que é um alívio! Ele anda deitando bem tarde e levantando muito cedo. Mal o vejo na cama. Tem estado mesmo muito ocupado.
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— Você não vem? — indagou Ji Min, adentrando o gabinete da tenda imperial e encontrando Yoon Gi assentado à escrivaninha. Ele sequer havia se trocado ainda. — As bebês estão esperando.
Yoon Gi ergueu os olhos do documento que redigia, meneando a cabeça em negativa e disse:
— Desculpe, Ji Min-ah. Minhas horas de trabalho estão restritas aos períodos de descanso das tropas, acabei acumulando muita coisa por causa disso. — Ele deu um suspiro cansado. — Ainda tenho muito a fazer.
Ji Min se aproximou de Yoon Gi e colocou as mãos nos ombros dele, espiando o documento aberto sobre a mesa. Talvez pudesse auxiliá-lo com as tarefas que ainda restavam para que ele terminasse mais rápido. Porém, viu que seria impossível ao se deparar com o texto. Havia muitos doris complexos que desconhecia nele, e sequer conseguia compreender a ideia geral do conteúdo ou a finalidade do documento por causa deles. Com toda certeza, os outros que ainda restavam por fazer eram igualmente difíceis. Não havia nada que pudesse fazer para ajudá-lo.
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Outlander || Yoonjikook
RandomA vida de Park Ji Min se resume a fazer seus deveres acadêmicos - que consomem quase todo o seu tempo -, comer e dormir. Suas amizades são mantidas por encontros de corredor, raras visitas em casa, ligações e mensagens. Vivendo entre o silêncio da c...