Capítulo XXVIII - Jardim das Graças

166 11 128
                                    

— Já está tudo bem encaminhado, certo? — quis saber Ji Min, observando os eunucos vestirem o myeonbok em Yoon Gi. Eram oito da manhã. A Segunda Cerimônia de Concessão da Imperatriz Regente seria dali a uma hora, e Ji Min se perguntava se tudo correria bem dessa vez. Estava um bocado nervoso.

Por favor, Mãe, não permita que nada dê errado. Yoon Gi hyung vai poder fazer muito mais pelo povo se puder governar em liberdade. Então, por favorzinho, não deixa ninguém dar pra trás hoje.

— Sim, Majestade — confirmou o Eunuco-Chefe, terminando de atar as faixas do robe exterior preto-azulado do traje cerimonial do Imperador.

Ji Min bateu palmas.

— Ótimo! Então, eu já vou indo…

Yoon Gi se moveu depressa, saindo do meio dos serviçais e envolvendo um braço ao redor da cintura do grande serelepe que chamava de marido antes que ele pudesse escapulir e o questionou:

— Posso saber aonde, Imperador Consorte?

Pego de surpresa — Sua Majestade costumava agir de modo tão letárgico, que se esquecia da velocidade quase sobre-humana dele —, Ji Min acabou gaguejando ao tentar esboçar uma resposta:

— Ah… Eu… eu tenho algumas pessoas pra atender, é isso…

Yoon Gi deu um sorriso de pura inocência, o olhar, porém, era mordaz.

— Sua saída não tem nada a ver com você e a princesa Yoo Ri se esconderem nos anexos do Grande Templo do Sol, então?

— Esconder…? — Droga, como ele descobriu?! — O quê? Por que a gente faria isso?

— Ji Min-ah.

— Eu estou indo trabalhar! Não imagine coisas, poxa…

— Park Ji Min! — Ji Min travou ao ter os braços agarrados, os olhos enormes fitos nos afiados do Imperador. Podia se enrolar para interpretar o humor de Yoon Gi vez ou outra, mas reconhecia quando ele estava realmente sério, e esse era um desses ditos momentos. — É proibido por lei que crianças e pessoas não-pertencentes à nobreza presenciem os ritos de intitulação da Família Imperial.

— Eu sou o Imperador Consorte de Park — murmurou Ji Min, com um bico teimoso. — Faço parte da nobreza e da Família Imperial.

— Sim, você faz — concordou Yoon Gi, e a dureza no olhar dele recuou um pouco, dando lugar à preocupação, mas não desapareceu. — A maior parte de nossos súditos, no entanto, desconhece este fato. Seria uma dor de cabeça, se alguém os apanhasse. Teríamos que contar a verdade a todos para impedir que lhe arrancassem ambos os olhos. — Os meus olhos?! — Contudo, ainda não é o momento certo para todos conhecerem seu real valor, Imperador Consorte. Então, por favor, não se coloque em uma situação em que eu não possa protegê-lo sem isso… — Eu sabia que servos não podiam assistir aos ritos, mas isso é ridículo! — No mais, não estou nem um pouco ansioso para fazer da princesa Yoo Ri minha Segunda Imperial e decididamente não posso perdê-la para a morte. Você entende?

— Segunda Imperial…?! — O coração de Ji Min quase saiu garganta à fora com o susto. — Sério, por que as penas pros crimes que envolvem a Família Imperial têm que ser tão extremistas, hein?

— Dizem que o sangue de Dameolin corre mais grosso em nossas veias do que nas dos demais membros dos Clãs Imperiais, e isso nos confere status sagrado, mas também é um arreio que nos obriga a possuir condutas impecáveis, pois guiamos o povo. Se formos considerados corrompidos, e tal mácula não puder ser retirada de nós, devemos morrer para não contaminarmos as vidas sob nossa tutela. — Ji Min se lembrou da situação do príncipe Ho Seok e da serva Min Soo e se sentiu péssimo. Por que as coisas têm que ser assim, Mãe? — Claro que depois de dois milênios isso tudo não passa de pretensão falida, mas sou um mero mortal com um título supervisionado. Não posso nem sonhar em ir contra os desígnios do Primeiro. — As mãos dele deslizaram pelos seus braços, alcançando as suas e as segurando. O restante da seriedade dele se esvaeceu, e um arzinho malicioso encoberto sob camadas de indolência tomou o semblante dele. — Não haverá nada de especial na Cerimônia de Concessão, exceto o meu corpo brevemente exposto. Algo que meu consorte terá todo o tempo do mundo para ver em nossos aposentos mais tarde, se assim desejar. — O queixo de Ji Min caiu, enquanto o sorriso de Yoon Gi se fez imaculadamente inocente e casto. — Vê? Não há qualquer razão para que se esconda no templo.

Outlander || YoonjikookOnde histórias criam vida. Descubra agora