You Give Me Something | YeonBin

ÚNICO

Por que quando as coisas parecem estar indo bem... de repente... tudo para de funcionar?

Perguntas.

Perguntas que raramente têm respostas.

Tudo o que fazem é aumentar as incertezas.

Até onde a sorte tem a ver com tudo isso?

O despertador toca ao lado da cama, mas não é como se ele fosse o responsável por me tirar do mundo dos sonhos. Sabe-se lá quando foi a última vez que o visitei.

Sabe-se lá quando foi que tudo começou a desandar.

Conformado com o silêncio do universo perante meus questionamentos, por vezes, insignificantes demais, apenas me levanto.

O clima estava ameno, com uma brisa fria. Talvez chovesse mais tarde. O chão frio em contato com a tez morna de meus pés não me era muito confortável, mesmo que essencial para o meu pleno despertar.

Não demoro para enfiar os pés em meus chinelos e me arrasto até o banheiro, começar o meu dia com a água gelada da torneira em choque contra meu rosto.

É verdade quando dizem que quando uma porta se fecha...se abre uma janela?

O caminho para a cozinha me é tão automático quanto colocar água e pó na cafeteria.

Automático: do Grego AUTMATIKOS, "o que age por si", de AUTOS, "a si mesmo", mais MATOS, "pensante, animado, com vontade própria"; que opera sem a participação da vontade.

Minha vida é automática. Quando dei por mim, ela se auto-dirigia e a mim, não cabia o controle das mudanças que isso acarretou.

E para variar, a geladeira estava quase vazia. A menos que eu queira viver só de café e desenvolver uma úlcera gástrica, preciso de algo para comer.

Sair de casa estava fora de cogitação. Mas me lembrava vagamente da caixa do supermercado falando sobre um tal de aplicativo de entregas. Que mal faria tentar?

Voltei ao quarto para pegar o aparelho já esquecido e busquei pelo tal app que salvaria o dia.

Ah... tenho que fazer um cadastro para dizer quem eu sou e o que eu quero...

Mas quem eu sou?

Bem... eu sou Choi Soobin. Filho único de pais que queriam uma família unida e numerosa, mas não conseguiram. Acabou que eu tive bastante atenção e mais coisas do que eu realmente precisava.

Minha forma de retribuir tudo foi dar tudo de mim, ser o melhor em tudo o que eu pudesse.

Com o tempo, passei a procurar por independência. Meus pais eram e são incríveis, mas já estava na hora de eu bater as asas e deixar o ninho.

A escrita me permitiu alcançar isso, juntamente a minha curiosidade.

Mas o que me trouxe até aqui foi um dia atípico em que eu esbarrei com Choi Beomgyu. Ou ele quem esbarrou em mim, me atropelando com a sua bicicleta.

Ele foi a primeira pessoa a ler minhas histórias. Gostou tanto que mostrou para Kai Kamal Huening, que se emocionou e mostrou para Kang Taehyun, que não conseguia parar de ler. Então mostrou para o professor Min Yoongi, que não acreditou que o texto era meu, mas mostrou ao senhor Kim.

Kim Namjoon possuía uma grande editora.

E foi nesse momento que minha jornada começou. Publiquei meu primeiro livro e as vendas foram tão boas quanto as críticas, eu me sentia incrível. Tinha fama, homens e mulheres aos meus pés, reconhecimento. E isso continuou no livro seguinte e no depois desse, mas agora nada mais fazia sentido.