Capitulo 02

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Boa noite, perfeitinhos! Então hoje é dia de festa, né? E nada melhor que um capitulo novinho para todos vocês dessa fanfic maravilhosa e eu falo uma coisa, se voces conseguirem 20 favs até as 00:00 de hoje amanhã sai mais dois capítulos pra vocês. Beijos e boa leitura

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Mirella POV

De uns tempos pra cá tudo parece estar piorando na minha vida como uma tempestade cheia de caos e atrocidades e parece até um filme, apanhar todos os dias é torturante, ainda mais acordando e sendo vítima de um papel desgastante de empregada doméstica, lavar, passar, cozinhar e viver na perfeita ilusão de que na minha infância minha mãe vivia dizendo que isso me traria uma vida incrível e maravilhosa, me pergunto aonde que eu não estou vendo. Ainda sendo vítima de ter que me tornar mendiga porque pensando bem o governo é corrupto pra caralho e só pensa no próprio umbigo e agora ainda tem aquela empresa sem coração que não pensa em nada além de expandir seus negócios destruindo parte da favela. Morar aqui não é tão ruim, há momentos bons e momentos horríveis, tão horríveis que as vezes me dão o gatilho pra desejar sumir daqui.

- Mirella! Anda! Vai procurar um emprego porque a casa não se sustenta sozinha - Me assustei quando ouvi o grito de meu padrasto, que é a pessoa mais horrível que eu já conheci na minha vida e me obriga todos os dias assim como a minha mãe a procurar um trabalho no centro da cidade, como se estivessem dispostos a contratarem uma garota que sequer concluiu o ensino médio e que ainda mora em uma favela.

- Calma! Tô me arrumando. - Respondi sem esperar compreensão por parte do homem, a final monstros não são as melhores pessoas para compreender alguém.

"Atenção, novas notícias sobre a reforma que irá ocorrer no bairro Paraísopolis pelo governo do estado de São Paulo juntamente com a parceria da Bays S.A. Cidadãos estão se juntando em agradecimento pela iniciativa de tornar o local uma propriedade de incentivo a geração de empregos e renda."

Ouvia o anúncio da notícia na pequena televisão de plasma em meu quarto, bufando e negando com a cabeça sabendo exatamente dos planos com essa idéia tão estúpida e que ao mesmo tempo me dá arrepios só de pensar.

- Incentivo a geração de empregos para o pessoal deles, só se for... E a gente aqui se fode. - Murmurei baixo para mim mesma, suspirando enquanto puxava o cós de meu short jeans pra cima, empinando o bumbum para que se encaixasse melhor no meu corpo.

"Stéfani Bays a diretora e fundadora da Bays S.A está aqui para comentar melhor sobre o assunto. Stéfani, qual o propósito com o novo projeto empresarial em Paraísopolis, quais serão as vantagens e as desvantagens?"

Automaticamente minha atenção foi tomada pela entrevista, focando na morena de olhos esverdeados que havia conhecido no dia de ontem quando estava voltando para casa. Confesso que não entendo o porquê dela ter ignorado a situação da batida que dei em seu veículo, ainda mais aqueles carros caros que só de olhar você já sabe que custam os olhos da cara, sempre admito que o meu sonho é poder me envolver com alguém verdadeiramente nessas condições e sair desse inferno só pra ter a vida que eu sempre sonhei e que está bem longe de acontecer enquanto eu estiver nesse lugar.

"Primeiramente, bom dia e respondendo a essa pergunta, é um prazer ajudar a população de São Paulo enfrentar um problema social tão grande quanto a desigualdade, e quando eu digo isso sei perfeitamente do que estou falando... São anos de trabalho e confesso que no início pareceu um grande obstáculo pela população não concordar, mas agora estamos em um outro nível e felizmente o governo cedeu parte de Paraísopolis para que pudéssemos construir algo melhor e que faça com que a economia melhore todos os dias."

Observava e ouvia as palavras de Stéfani através da televisão, reparando na voz da empresária que soava tão atrativa assim quanto sua aparência, caramba velho, em toda a minha vida nunca vi uma mulher tão empoderada e cheia de si dessa maneira, tudo oque ela diz tem capacidade de convencer e atrair qualquer pessoa. Normalmente aqui nesse país as mulheres saem em desvantagem, não pela população querer e sim porque essa merda toda é cheia de preconceito e isso desmotiva qualquer pessoa, mas pelo que eu vejo a Bays não se deixa influenciar por qualquer coisa. Eu sempre pensei que ao falar em empresárias, tudo oque me vinha na cabeça eram mulheres mais velhas de uns 40 anos pra cima, mas meu Deus! A Bays não tem nada disso, ela é tão gostosa que puta que pariu, só de olhar nos olhos de Stéfani automaticamente a vontade de me jogar em uma cama e falar "me fode" é enorme.

- Mirella anda logo, caralho! A gente não tem o dia todo pra esperar dinheiro não! - Despertei dos meus devaneios com os gritos do meu padrasto, me xingando pelo que estava pensando no momento. Para com isso Mirella, você é hetero.

Desliguei a televisão com a pressa e respirei fundo, andando rapidamente em direção a porta do meu quarto a abrindo e caminhando até a sala. Essa casa já está caindo aos pedaços então estaria mentindo se dissesse que ela é assim como as outras, até porque falando em linguagem social  eu moro em um lugar péssimo, e o pior é que a única amiga que eu tenho e que tem uma situação financeira ótima é a Raissa, mas ela é médica e faz hora extra quase todos os dias, tirando que eu acho que ela me esqueceu no churrasco porque faz meses que não liga pra mim.

Sair de casa todos os dias é um desafio, principalmente por ter que lidar com a intolerância do meu padrasto e da minha mãe que é influenciada por ele ou seja, um lixo. Me sentei na mesa para comer, mas perdi a fome logo de cara até porque ninguém merece comer pão duro e velho quase todos os dias sendo que o dinheiro que eu consigo sou obrigada a passar para a minha mãe e o meu padrasto e a única coisa que eles sabem fazer é comprar droga e cigarro, o resto eu escondo para comprar roupas pra mim.

- Você não ouviu? Levanta dessa mesa e vai trabalhar sua ingrata! Sua mãe já é obrigada a te dar um teto pra morar e você prefere agir como uma vagabunda querendo tudo na mão! - Ouvia todas as atrocidades e tentava engolir e digerir tudo em silêncio, mas é praticamente impossível e mesmo que a vontade de dizer algo é enorme, sei que se o fizer as chances de levar um tapa na cara são enormes. Tudo oque fiz foi me levantar e sair em direção a porta a abrindo e passando por ela com raiva.

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O meu dia havia sido horrível e a minha vontade de voltar para casa também estava zerada e a minha vontade era apenas a de fugir dali por alguns dias, mesmo sabendo que depois que retornar a probabilidade de ser espancada é alta. Sentada em um degrau na porta de um estabelecimento fechado no centro da cidade pensava em muitas coisas, a bateria do meu celular ja estava praticamente zerada e se realmente o meu desejo era poder passar a noite fora, tudo oque pude fazer foi enviar uma mensagem para Raissa.

Eu: Raissa pelo amor de Deus, aonde você ta?

Enviei a mensagem e esfreguei o rosto com as mãos com todo cuidado pra não borrar a maquiagem. Demorou alguns minutos para que ela respondesse.

Raissa: Estou saindo do hospital para comer alguma coisa, amiga. Do que você precisa?

Eu: Será que você não me deixa passar a noite na sua casa por alguns dias? vivendo um inferno, amiga.

Raissa: Eita, Mirella o que tu arrumou? Manda a localização que eu passo ai e te deixo lá antes de voltar para o turno.

Eu: Depois te conto...

Enviei a localização e assim que o fiz a bateria se esgotou me fazendo xingar baixo.


Cria de Favela (Sterella)Onde histórias criam vida. Descubra agora