Capítulo Único

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– Eds.

– Cala a boca, Richie.

Era a quinta tentativa do maior em ter uma conversa com Eddie que, mais uma vez, falhou miseravelmente. Normalmente Richie iria rir sarcasticamente e fazer alguma outra coisa, mas não conseguia. Não conseguia saber que o menor estava com raiva de si por um motivo que ele desconhecia.

–Não faz assim, Eds...— resmungou o de óculos, cutucando o asmático e recebendo um tapinha na mão como resposta.— o que foi que eu fiz, me conta?

Viu Eddie revirar os olhos e depois os focar em si.

– Nada. Você nunca faz absolutamente nada— respondeu irônico — e não me chama de Eds, já falei mais de mil vezes.

– Uau, agora sim é o Eddie, não tava te reconhecendo— riu, tentando aliviar o clima, mas recebeu um vácuo como resposta. Ele realmente não sabia o que fazer mais.

Eddie sabia que não poderia ficar com raiva disso, mas não queria saber. Estava com raiva sim e pronto. "Sentimento nós não controlamos, certo?", pensava.
Até tentava controlar, mas estava com um bico tão grande que era impossível de as pessoas não perceberem o que ele sentia.

– Eddie, sério, me fala, o que eu fiz?

– Urgh, não é você, sou eu!– Bateu a mão na mesa, fazendo um som alto.

Richie ficou em silêncio por alguns segundos, encarando Eddie.

– Nossa, isso pareceu um término de relacionamento.

Eddie apertou os punhos, olhando para a mesa. Era a vida de Richie, ele não poderia controlar. A garota com quem ele conversava era bonita. Ele é bonito. Eles são descolados. Eles se encaixam. "Eles sim combinam, ao contrário de mim e Richie", Eddie pensava.

– Não sei o que você tá fazendo aqui ainda.– Disse ainda olhando para baixo, tentando dispensar o maior.– Você adora burlar regras, não adora? Deve tar ocupado com outras coisas, em vez de estar na detenção comigo.

Detenção por quê? Por causa de Richie fazer ambos chegarem atrasados em uma aula. Não é como se isso fosse novo para Richie, mas para Eddie sim. Nunca havia ido para a detenção, e com apenas dois minutos nela— contados no relógio, diga-se de passagem— já não aguentava mais.

Esse com certeza era um dos motivos de sua irritação, mas não o único.

– Com o que, por exemplo?– Tombou a cabeça, com uma expressão confusa.

– Com a sua amiguinha lá.— Eddie só notou o que havia falado segundos depois de sair. Fingiu não ter falado nada de mais e tentou continuar em seu canto, mas a risada estridente de Richie o despertou.

– Oh, agora entendi— Richie ainda ria, fazendo Eddie o encarar, confuso.

– Entendeu o quê?— Eddie virou na direção da carteira do outro, ao seu lado.

– Não sabia que tinha ciúmes de mim, Eds.

Eddie sentiu o rosto esquentar drasticamente, enquanto o outro parava de rir aos poucos, o encarando em seguida.

–Eu não... eu n-não tenho ciúmes de você!– Falou de forma mais convincente possível, vendo Richie sorrir largo.

– Não? Então por que tá tão incomodado com a Bev?

– É esse o nome da delinquente? Oh, espera, esqueci, você e todos seus amigos também são.

Richie colocou as mãos nos bolsos e sorriu debochado.

– Você realmente acha que eu tô namorando com ela?

Eddie olhou para o lado, tentando não fazer contato visual com o maior.

– Não me interessa. É a sua vida.

Richie sentiu um incômodo por conta da atitude do menor. Era possível que ele não tivesse percebido ainda?

– Ela tava me pedindo conselho de relacionamento.

Eddie riu.

– Pra você? Por que alguém em sã consciência faria isso?

– Ou, não acaba comigo assim, eu sei algumas coisas sobre relacionamentos.

Eddie cruzou os braços.

– Ah, é? Sabe o quê, por exemplo?

Richie sentiu uma vontade absurda de responder com alguma piada de mãe, mas, pelo menos uma vez na vida, conseguiu segurar sua "boca de lixo", como todos a intitulavam.

– Sei quando alguém tem ciúmes de mim.— Não iria dizer de forma alguma que foi ele quem pediu conselhos para Bev sobre seu crush em Eddie.

– Ah, vamos voltar nesse assunto? Eu não tenho ciúmes de você!— Se levantou da cadeira, encarando o de óculos.

– Não precisa se preocupar, Eds, eu sou todo seu.— Richie retrucou, sentindo borboletas em seu estômago pelo que disse. Geralmente falava essas coisas de brincadeira, mas com Eddie era diferente. Com Eddie era verdade.

– Prova.— Eddie disse simplesmente.

– O-o quê?— Gaguejou. O Tozier foi pego de surpresa.

– Prova o que você acabou de dizer.— Eddie não sabia de onde havia vindo aquela coragem toda, mas já que já estava no embalo, não iria deixar essa oportunidade passar.— Você vive brincando comigo, fazendo piadas e sei lá mais o que, me fazendo acreditar em algo que não existe.

Eddie cerrou os olhos e se aproximou de Richie, talvez uns dez centímetros de distância.

– E se existe, prova.

O coração de ambos estava a mil, Richie sentia que iria engasgar com o ar de tanto nervosismo.

A coragem do Kaspbrak se evaporou num instante quando Richie se aproximou um pouco mais, e quando a mão do mesmo tocou sua cintura, sentiu seu corpo inteiro arrepiar. Só pensava em sua bombinha de ar e na boca de Richie, que estava se aproximando, deixando o menor desnorteado. Em questão de segundos, sentiu a boca do maior tocar a sua, seu coração quase pulando do peito. Seus lábios eram suaves, como nunca havia imaginado antes. Eddie tremia e Richie notou isso, trazendo-o para mais perto, numa tentativa de o fazer relaxar, o que parece que funcionou, pois Eddie abriu um pouco a boca, dando passagem para Richie aprofundar o beijo, e assim foi feito.

Eddie circundou os braços em volta do pescoço de Richie, arfando de vez em quando por conta da intensidade do beijo. Um tempo depois, interromperam o mesmo para buscarem ar e se encararam. Ambas bochechas rubras, ambos olhares intensos, que causavam diversas reações nos dois jovens.

– Uau, eu...—Richie respirou fundo.— não esperava por isso.

– P-pelo que?— Eddie estava com medo de ter feito algo errado.

– Pelo beijo gostoso que você me deu.— O Tozier riu, vendo as bochechas do menor ruborizarem ainda mais.– Mas falta muita prática ainda.

O maior se aproximou da orelha de Eddie.

– Mas você tem sorte que eu sou um ótimo professor.— Sussurrou. O coração de Eddie voltou a acelerar, o mesmo soltando uma risadinha e envolvendo Richie, que agora estava com a cabeça em seu ombro, em seus braços, sentindo uma paz que não sentia há tempos.

Richie levantou a cabeça e encarou Eddie, que o beijou.

– Eds.— Richie interrompeu.

– Cala a boca, Richie.— E o puxou novamente para o beijo.

Jealous (One-Shot Reddie)Onde histórias criam vida. Descubra agora