Vermelho do caos

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Só depois de semanas Jungkook foi capaz de admitir que sim, havia agido com um verdadeiro pai babão naquela noite com Sunny, mas antes fosse só isso. Parecia mais apaixonado por Jimin do que nunca, se sentia cada vez mais vulnerável a ele. E se não fosse por Namjoon, seu terapeuta, lhe dizendo as coisas certas no momento certo com certeza teria seguido as ideias de Taehyung e feito alguma estupidez. Bem, pelo menos até onde conseguiu segurar seu sentimento.

Estava na delegacia sentado mesa de Jimin, o observando mexer em arquivos atentamente enquanto pensava em como lhe chamar para sair. Jungkook estava sempre cercado por holofotes e olhos atentos e de fato não o incomodava, mas quando se tratava de Jimin tudo ficava mais intenso.

ㅡ Não acredito que vou precisar tirar um dia do meu trabalho para reorganizar isso aqui. ㅡ disse franzindo o cenho.

ㅡ Por Deus, Detetive. ㅡ proferiu Jungkook. ㅡ Você falando assim parece o Freddie, para ficar mais parecido só precisa de um bigode e um pouco mais de altura.

ㅡ Freddie? Quem é Freddie? ㅡ falou sem tirar os olhos das várias folhas em suas mãos.

ㅡ Freddie Mercury. ㅡ ergueu o olhar, claramente surpreso.

ㅡ Você o conheceu?

ㅡ O cara é uma lenda vida. O único, verdadeiro e eterno rei do rock além de ser a única rainha da Inglaterra, é óbvio que o conheci. Além disso, eu quem o ajudei a se livrar do idiota do Paul Prenter. ㅡ viu Jimin se sentar novamente, tomado pela curiosidade. A atenção já tinha, agora precisava encontrar as palavras certas. ㅡ Vocês até que são bem parecidos, principalmente quando se trata de ser detalhista.

ㅡ E ele está bem agora? ㅡ pergunta estranha? Talvez, mas Jimin só percebeu depois de já tê-la feito.

ㅡ Na última vez que tive notícias, estava seguindo seu relacionamento com Jim Hutton num outro plano. ㅡ o Park sorriu e voltou sua atenção ao que fazia antes. Jungkook suspirou, tentando se encorajar, afinal senão dissesse agora que não estavam fazendo nada demais não diria nunca.

ㅡ Tem planos para hoje a noite, Detetive?

ㅡ Não.

ㅡ Gostaria de vir jantar comigo? ㅡ falar aquilo foi como cuspir o Punhal de Asrael. Já havia desistido de entender o que acontecia com as pessoas apaixonadas.

ㅡ É, eu aceito. ㅡ Jimin respondeu sorrindo e foi impossível esconder a expressão de satisfação em seu rosto.

ㅡ Ótimo! ㅡ se levantou rápido e sentiu uma breve tontura. ㅡ Passo na sua casa às oito! ㅡ com o sorriso do loiro em confirmação rumou até a saída, mas a voz muito conhecida interrompeu seus passos.

ㅡ Posse lhe fazer um pedido? ㅡ disse o detetive um pouco incerto. 

ㅡ Claro, Detetive.

ㅡ Você poderia ir de vermelho? ㅡ definitivamente não era o que esperava mas assentiu em concordância.

ㅡ Seu desejo é uma ordem. ㅡ e com um sorriso ele deixou a delegacia.

Jimin achava estranho mas vermelho era a cor de Jungkook. Não pela alusão que os humanos criaram a cor e associaram ao inferno e ao diabo, mas porque essa era a cor de sua aura. O brilho singelo que tomava conta se seus olhos quando estava animado ou demasiadamente feliz mas que se tornava forte e escuro como sangue quando estava bravo ou com raiva. Não era qualquer vermelho, era o vermelho do caos, que o envolveu lentamente até que se tornasse impossível negar que estava apaixonado por Lúcifer.

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O jantar não poderia ter sido melhor. Foi quando se esquecerem do trabalho e tudo que existia ao redor, foi como se o mundo tivesse parado e somente eles não se deram conta. Jungkook já havia se apaixonado outras vezes mas nunca tão intensamente como agora. Se sentia demasiadamente humano pois sabia que fazia parte de um lugar e haviam pessoas que se importavam de fato com ele. Por muito pensou que todo esse papo sentimental era besteira mas agora não se imaginava vivendo nesse vazio mais uma vez.

ㅡ Muito obrigado pelo jantar. ㅡ proferiu quando o estacionaram a frente de sua casa.

ㅡ Eu quem deveria agradecer por ter aceitado sair comigo. ㅡ Jeon sorriu bobo e sem jeito. ㅡ Detetive, eu... Eu quero falar uma coisa.

Dizem que falar é mais fácil que fazer mas quando fazer certa coisa envolve falar parece ficar muito pior. Pelo menos na percepção de Jungkook isso fazia sentido. Ter os olhos intensos de Jimin sobre si era exatamente como se sentir queimando.

ㅡ Eu sei que já fiz e falei muitas coisas que lhe machucaram e me arrependo profundamente disso, mas eu não posso mais fingir que o que sinto por você é irrelevante. Eu sou um bobo apaixonado por você, Jimin. ㅡ o brilho de seus olhos começou mudar de cor lentamente. ㅡ É como se você fosse uma doença, eu fui infectado e já sinto que estou em estado terminal. E eu sei que essa não é a melhor maneira de se declarar para alguém mas sinto que não consigo fazer melhor que isso. Mas não precisa se preocupar em responder eu só... precisava falar isso ou acabaria enlouquecendo.

Jimin não disse nada, apenas se aproximou devagar e finalmente selou dos lábios do moreno. Um beijo calmo e cálido, sem línguas brigando por espaço, apenas o gosto do vinho seco de Jungkook bebeu se misturando ao gosto do pettit gateu que Jimin pediu de sobremesa.

ㅡ Tive certeza dos meus sentimentos por você quando cheguei em casa naquela noite de quinta-feira e encontrei você e a Sunny dormindo no sofá, suas tatuagens estavam  coloridas de canetinha e vocês dois ressonavam baixinho. ㅡ Jimin riu brevemente ao se lembrar daquilo. ㅡ Você não só se importa comigo mas também com a minha menina, que é meu bem mais precioso.
"Quando eu vi seu rosto de diabo não senti medo, na verdade fiquei feliz por confiar em mim a ponto de revelar a divindade. Além de que seus olhos têm um brilho vermelho como o caos que me deixam de pernas bambas. Seu sorriso me deixa sem rumo e às vezes é muito difícil me concentrar nos casos com você jogando seu charme em mim o tempo todo. E o vermelho dos seus olhos... ㅡ passou uma das mãos levemente pelo rosto do moreno. ㅡ É o vermelho do caos, mas é o caos mais bonito que eu já vi na vida.

ㅡ Não sei o que dizer porque definitivamente não era isso que eu esperava. ㅡ Jungkook riu de si mesmo. Jimin não desviou o olhar em nenhum momento, porém sorria e seus olhos pareciam dois risquinhos.

ㅡ Faz aquela coisa. Me pergunta o que eu desejo.

ㅡ O que você realmente deseja, Jimin? ㅡ o vermelho soltou faíscas nos olhos profundos como o oceano.

ㅡ Você. Eu desejo você, Lúcifer.

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Quero agradecer mais uma vez a perfeita ORUMAITOU que me permitiu usar metáfora de Vermelho do Caos nesse capítulo. E vão ler as fics dela por são todas hinos.

When the devil fell in loveOnde histórias criam vida. Descubra agora